Vilma Santos e Zè Eduardo criadores do Acervo da Lje em Salvador, desembarcam em Minas Gerais para debate sobre urbanidade, sonho e poesia

 VILMA SANTOS E ZÉ EDUARDO CRIADORES DO ACERVO DA LAJE EM SALVADOR DESEMBARCAM EM  MINAS GERAIS PARA DEBATE SOBRE URBANIDADE, SONHO E POESIA 



crédito: Vilma Santos e José Eduardo


Nesta, quinta-feira, 30 de novembro, Zé Eduardo e Vilma Santos, do Acervo da Laje (Salvador/BA), desembarcam em Belo Horizonte para o Seminário Internacional "Cultura, Pensamento e Cidades: Territórios Em Transformação". Eles estarão na mesa de debate “Cidade remixada: espaço de conflito, sonho e poesia” do segundo dia de evento junto com Rafael Barros, Diretor do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (IPHAN). Além do multiartista e liderança cultural, Camilo Gan (Pequena África/BH), outro convidado é o Secretário Municipal de Segurança e Prevenção (SMSP/PBH), Genilson Zeferino e o mediador Zu Moreira (BH).


Eles discutem, no eixo Urbanidade, como lançar luz à iniciativas que provam ser possível imaginar ou “re imaginar” os espaços urbanos e seus arranjos sociais, a despeito das adversidades presentes na formação das cidades. Toda a programação do eixo urbanidade terá como percurso investigativo, ir e vir na cidade, Viver na cidade, Sonhar na cidade, Participar da cidade. 


Conheça a Associação Cultural Acervo da Laje - 


A Associação Cultural Acervo da Laje está localizada no bairro do São João do Cabrito, inserido no Subúrbio Ferroviário da cidade de Salvador (SFS), no estado da Bahia. O SFS é uma área na metrópole soteropolitana majoritariamente negra, formada por cerca de 22 bairros, com uma história marcada pelo abandono por parte de autoridades públicas e carente de políticas de intervenção dentro da cidade. 


As áreas periféricas da cidade de Salvador são conhecidas por abrigar muitas pessoas que geralmente permanecem distantes inclusive do circuito artístico soteropolitano. O Acervo da Laje é um dos poucos museus que fogem a centralidade de espaços de cultura na cidade, estando localizado na área suburbana da cidade, majoritariamente negra. o cenário museal soteropolitano: a maioria dos espaços de cultura encontram-se em áreas tidas como nobres, mais próximas da população branca, concentrados em bairros mais próximos uns dos outros. O que faz com que o restante da cidade precise mover-se até essas áreas caso queiram conhecer um museu. O Acervo da Laje está localizado em um ambiente marcado pela constante construção de habitações em expansão espontânea que acompanham as necessidades imediatas dos usuários. O próprio Acervo nasce nesse tipo de conjuntura e cresce paulatinamente, de forma a fazer caber as novidades no espaço existente, adaptando-o. Isso faz da instituição um espaço que, apesar de ter funcionalidade rara na área, consegue dialogar com a lógica do território e não se apresenta intimidador, possibilitando aos moradores das imediações, sentirem-se à vontade para usufruir do espaço, pois a própria configuração e dinâmica deste lhes é familiar.


A Associação Cultural Acervo da Laje é formada por duas casas, chamadas de Casa 01 e Casa 02. Em ambas as casas, os moradores vivem no térreo e nas partes de cima funciona o museu, onde são realizadas visitas, oficinas, encontros, etc. Marcando, assim, a tríade Casa, Museu, Escola, que mantém o Acervo da Laje vivo por mais de dez anos. Nesse ritmo, as famílias residentes envolvem-se nas atividades do museu e contribuem para sua manutenção. 


Sobre o Seminário Internacional "Cultura, Pensamento E Cidades: Territórios Em Transformação"


O Seminário Internacional, que acontece de 29 de novembro a 1º de dezembro, tem programação intensa com debates, mesas e palestras para pensar a cidade. O evento reúne convidados nacionais e internacionais da Colômbia, Portugal e outros países, no Teatro Francisco Nunes, em BH. Com a proposta de pensar em grandes temas como a relação entre as tecnologias digitais com a cultura e as artes; a fluidez das experiências urbanas; e a importância da economia da cultura a partir do diálogo com a dimensão da cidade e seus territórios.


A programação da edição 2023 será orientada por linhas investigativas que refletem sobre a cidade como espaço vivo, pulsante e repleto de possibilidades. Serão quatro encontros estruturados em eixos de debates: Urbanidade, Patrimônio Cultural, Economia da Cultura e Juventudes. O seminário, que integra o programa ‘Cultura e Pensamento’, é realizado pela Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, em parceria com o Governo de Minas – Secretaria Estadual de Cultura e Turismo de Minas Gerais.  


Pessoas interessadas em participar, podem fazer as inscrições gratuitas pelo site: https://prefeitura.pbh.gov.br/cultura/cultura-e-pensamento ou ainda se inscrever presencialmente durante o evento. Haverá emissão de certificado de participação. 


De acordo com a Secretária Municipal de Cultura, Eliane Parreiras, "O Seminário Internacional "Cultura, Pensamento e Cidades: Territórios em Transformação" é um convite à reflexão profunda sobre a interseção dinâmica entre a cultura, o pensamento e as cidades em constante evolução. A cultura é um fenômeno local e a cidade é o território da vivência das culturas. Ao reunir diversos convidados nacionais e internacionais, o evento destaca a riqueza das experiências urbanas, o valor do patrimônio cultural, a vitalidade da economia da cultura e o protagonismo das juventudes na construção de espaços urbanos mais inclusivos e criativos. Este é um momento muito importante para explorar e celebrar as diversas facetas que moldam nossas cidades, promovendo diálogos enriquecedores e inspirando mudanças significativas", celebra.


Para a Diretora de Articulação Institucional da Secretaria Municipal de Cultura, Graziella Medrado, “Analisar a cultura no ambiente urbano em interlocuções com esses quatro eixos nos faz pensar sobre a mudança dos territórios a partir dos modos de estar, fazer e criar, de grupos, comunidades e indivíduos. Reunir essas temáticas em torno da vida na cidade é refletir em como a influenciamos e também em como somos influenciados por ela. São diversas presenças, narrativas e formas de organização presentes nesse ecossistema muito complexo e que muda o tempo todo.


COMISSÃO CURATORIAL


A curadoria do Seminário é composta pelo arquiteto Fernando Maculan, pela Doutora em História Josemeire Alves Pereira, pela gestora e programadora cultural Karla Danitza, pelo artista e pesquisador Thiago Antônio Costa de Almeida (Monge MC), pelo pesquisador, mestrando em Humanidades, Direitos e Outras Legitimidades e artista Negro F, pelo analista de políticas públicas na Fundação Municipal de Cultura Frederico Diniz, pela arquiteta e pesquisadora Karime Cajazeiro e por Maria Clara Maia, doutoranda em ciência política. Os curadores do Seminário e do Conselho Editorial da Revista integram uma comissão mista formada por pessoas da sociedade civil e do poder público. 


A linha curatorial do Seminário propõe um debate sobre o viver a cidade que inclua perceber suas várias tecnologias, presentes, passadas e futuras. Trazer a perspectiva deste Seminário a partir dos deslocamentos que o urbano promove e também as inovações que a economia criativa produz pode ser um modo de ver e sentir as cidades, no plural, pois ela é múltipla. A nossa urbanidade está, portanto, tatuada na história de Belo Horizonte, sem largar de mão as suas tradições, a cidade segue sendo influenciada por gerações e gerações. O evento, neste momento, busca um olhar para dentro, sem perder de vista o global. 


É justamente a partir da experimentação e da vivência dessa urbanidade que este Seminário se propõe a abordar também o eixo do patrimônio cultural. Além disso, acende luz sobre memórias coletivas, que transbordam e que seguem sendo transmitidas e ressignificadas pela tecnologia, pelo olhar dos mais velhos e também das juventudes. 


Sobre Programa Cultura e Pensamento


O Programa “Cultura e Pensamento” surgiu com o objetivo de pensar as transformações sociais, promover reflexões e debates sobre temas relevantes para a compreensão do Brasil e da sua inserção no mundo contemporâneo. Além disso, ainda busca ultrapassar a barreira das pesquisas e debates acadêmicos, democratizando a conversa sobre o papel da cultura, da gestão, das políticas públicas e da participação dos cidadãos na produção e na análise desses assuntos. 


A primeira ação do Programa Cultura e Pensamento ocorreu em 2019, no Encontro Internacional Arte, Cultura e Democracia no Século XXI. A partir do encontro com pensadores, especialistas, artistas e produtores das mais diversas áreas culturais, foram discutidos os temas cultura, civilização e democracia; cultura, crise e democracia no Século XXI; cultura e participação social; política, criação, corpo e afeto.


O Programa se desdobrou também na “Coleção Cultura e Pensamento”, com a publicação de duas revistas. A primeira edição, Revista “Arte, Cultura e Democracia no Século XXI”, reúne textos dos convidados do Encontro Internacional apresentando artigos de Ailton Krenak (Brasil), Álvaro Restrepo (Colômbia), Antônio Nêgo Bispo (Brasil), Jorge Blandón (Colômbia), Jose Antonio Mac Gregor (México), Juca Ferreira (Brasil), Leda Maria Martins (Brasil), Lucero Millán (Nicarágua) Maria Thaís (Brasil), Paulo Pires do Vale (Portugal) e Renata Marquez (Brasil). Já a segunda edição, Revista “As Cidades e o Sagrado dos Povos Tradicionais: território, identidades e práticas culturais”, buscou destacar a importância da salvaguarda dos saberes indígenas e afro-brasileiros enquanto Patrimônios Imateriais do município, e foi construída durante o seminário “As Cidades e o Sagrado dos Povos Tradicionais: território, identidades e práticas culturais”, realizado junto ao projeto “Jardins do Sagrado, cultivando insabas que curam”, na programação do X Festival de Arte Negra - FAN-BH, em 2019.



SERVIÇO

O que? Seminário Internacional Cultura, Pensamento e Cidades: Territórios Em Transformação

Quando? de 29 de novembro a 1º de dezembro

Onde: Teatro Francisco Nunes – Zona Cultural Praça da Estação - Belo Horizonte (Av. Afonso Pena, 1321 - Centro)

Comentários