No Agosto Indígena, o Rolé Carioca resgata uma das muitas histórias de apagamento sofridas pelo povo Tupinambá, no bairro da Glória.
27 de agosto
Em reconhecimento ao Agosto Indígena, o 5º passeio do Rolé visita uma região que esconde um passado de grandeza Uruçumirim e de um triste genocídio que acabou por nomear o território: o bairro da Glória.
O circuito escolhido tem como objetivo escavar as memórias desse território, destacando as presenças, contribuições e resistências indígenas, que apesar de essenciais para o desenvolvimento da cidade, sofrem até hoje apagamentos históricos. O passeio será realizado dia 27 de agosto, às 10h e tem, para trazer ponto de reflexão ao tema, como ponto de encontro o Monumento à Pedro Alvares Cabral, em frente ao Metrô da Glória.
O Agosto Indígena foi instituído em 2021, em São Paulo, com o objetivo de celebrar os povos originários e reforçar sua importância, além de preservar a história e incentivar o protagonismo dos indígenas que tanto contribuíram na cultura brasileira e deixam marcas no cotidiano do brasileiro. A historiadora e pesquisadora do Rolé Carioca, Amanda Custódio, conta como o passeio pode auxiliar na reflexão sobre a presença dos povos originários nas cidades “A história de um território se desenvolve a partir das relações entre sujeitos diversos, mas as narrativas tradicionais estereotipam ou não apresentam aqueles que não correspondem aos padrões estabelecidos com a colonização. A partir de uma abordagem decolonial, o Rolé tem o compromisso de refletir sobre as presenças e ausências desses sujeitos na memória da cidade através dos patrimônios urbanos.”
O passeio desse mês é fruto da pesquisa da equipe do Rolé, e conta com Marize de Oliveira, pedagoga indígena focada no resgate memória e difusão da cultura dos povos originários. Marize ressalta a importância dessa edição do Rolé nas origens do Rio de Janeiro
"Cidades são espaços de silenciamento de corpos, línguas, histórias e culturas de povos originários a partir do processo de colonização sofrida em Pindorama. Trazer à luz essas histórias de resistência, lutas e modo de vida desses povos, faz do Rolé Carioca um espaço importante de desconstrução da colonialidade, que por séculos constrói no povo brasileiro uma história eurocêntrica alijada da memória ancestral do povo carioca, processo fundamental de formação do sentimento de pertencimento e entendimento do que é ser Carioca."
O percurso pretende percorrer nove pontos de visitação, são eles: Monumento à Pedro Alvares Cabral, Projeto Caminho Ancestral da Glória (mural-galeria de arte a céu aberto), Igreja de Nossa Senhora do Outeiro da Glória (Território Uruçumirim), Monumento a São Sebastião, Jardins do Palácio do Catete, Posto 1 da Praia do Flamengo, Foz do Rio Carioca, Posto 2 da Praia do Flamengo e Estátua de Estácio de Sá.
O badalado bairro da Glória foi escolhido por ser representativo de episódios da história colonial, que ao mesmo tempo invisibilizou a memória dos povos ancestrais e a violência contra esses habitantes. O próprio nome do bairro revela uma das camadas de opressão e está associado ao genocídio dos povos indígenas no Rio de Janeiro. Todo o percurso questiona a ausência da perspectiva indígena nesse território e busca resgatar a versões da história mais inclusivas e representativas. O Rolé Carioca pretende construir, ao longo do passeio, um olhar para que os povos originários tenham os seus protagonismos reconhecidos e a sua cultura e trajetória exaltadas, contribuindo para reverter o apagamento secular dos dos povos indígenas que ainda existem e resistem
Serviço:
Gratuito - livre de inscrições
Rolé Carioca pela presença indígina no Rio
Data: 27/08
Horário: 10h
Local: Monumento à Pedro Alvares Cabral (em frente ao Metrô da Glória) até Estatua Estácio de Sá
Endereço: R. da Glória, 366 - Glória, Rio de Janeiro - RJ, 20041-180 / Monumento a Estácio de Sá, Av. Infante Dom Henrique - Flamengo, Rio de Janeiro - RJ, 22210-030
A edição de 2023 conta com o patrocínio da Petrobras e White Martins, e realização do Ministério da Cultura e do Governo Federal União e Reconstrução; patrocínio por meio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura - Lei do ISS, da Secretaria Municipal de Cultura da Prefeitura do Rio de Janeiro e copatrocínio da Estácio, em parceria com o Instituto Yduqs, e da First RH Group.
Sobre Rolé Carioca
O Rolé é um projeto cultural que pesquisa, cataloga e difunde conteúdo sobre o patrimônio histórico e cultural do Rio de Janeiro. Com mais de 50 mil seguidores nas redes sociais, o Rolé tem a missão de formar um acervo multiplataforma sobre a história, cultura e memória da cidade, com ações que o apresentam em diferentes formatos, tais como passeios guiados por mais de 650 roteiros, banco de dados com mais de 500 pontos mapeados, canal de vídeos, site, jogo, aplicativo etc.
Criado em 2012 a partir de passeios presenciais por diferentes roteiros, contando histórias sobre o Rio e seus personagens, o Rolé adaptou sua programação ao momento de pandemia, para continuar a ouvir histórias de moradores e trazer reflexões sobre o espaço urbano, por meio de ações como o museu virtual Mapa de Memórias, o webseminário Papo de Rolé e a mostra de filmes CineCidades.
O projeto considera as dimensões sociais, culturais e naturais do Rio para construir plataformas práticas de difusão da memória da cidade: uma memória social, histórica e afetiva. Por sua metodologia e resultados, o Rolé Carioca foi um dos vencedores de 2019 do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, concedido pelo IPHAN a iniciativas de preservação e difusão do patrimônio histórico e cultural.
O canal de vídeos do Rolé está no ar e em constante crescimento, já tendo mais de 50 vídeos disponíveis sobre a história do Rio de Janeiro e ao longo do ano novos conteúdos serão lançados. O conteúdo é de utilidade para professores, alunos, moradores e turistas que querem descobrir mais sobre a cidade: (www.youtube.com/@RoleCarioca)
https://www.rolecarioca.com.
Sobre o estúdio M’Baraká (UM-BA-RA-KÁ)
Criado há 17 anos por Isabel Seixas e Diogo Rezende, o estúdio M’Baraká desenvolve projetos múltiplos com profissionais de diversos segmentos e se destaca por sua metodologia, que envolve criação, pesquisa, planejamento estratégico e direção de arte. Desde 2013, a economista Larissa Victorio faz parte da sociedade. Os projetos do grupo são únicos, focados na criação de experiências relevantes, que geram conhecimento e valor para seus públicos.
Realizador e idealizador do projeto
Estúdio M’Baraká (UM-BA-RA-KÁ)
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