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O País que perdeu as cores faz nova temporada no Teatro Cacilda Becker
Depois de um mês de sessões realizadas no Vale do Anhangabaú, no Centro, a peça faz apresentações gratuitas na Lapa, em São Paulo. A peça narra a história de um país que vai perdendo suas cores, mas, com a ajuda do público, uma trupe de teatro mostra diferentes possibilidades para o futuro deste lugar
A peça aborda assuntos como democracia, coletividade e respeito à diversidade de pensamento. Os artistas, que representam o povo, precisam decidir junto com o público qual final desejam dar para sua própria história.
O espetáculo infantojuvenil O País que perdeu as cores traz para cena quinze artistas entre atores e atrizes, músicos e intérpretes de libras para contar a história de um povo surpreendido na Feira de Solstício de Verão pelo desaparecimento da Velha Presidenta e a ascensão ao poder d´Ele, um governante que ninguém conhece e se mostra autoritário. Aos poucos, esse governo vai tirando a vida - e as cores - do país. A peça faz, de 5 a 27 de agosto, nova temporada em São Paulo, agora no Teatro Cacilda Becker, na Lapa, aos sábados e domingos às 16h, com entrada gratuita.
A montagem foi criada coletivamente a partir do conto Quando as cores foram proibidas, da autora alemã Monika Feth, e aborda assuntos como democracia, coletividade e respeito à diversidade de pensamento. Ao trazer essas discussões para a cena, a peça se propõe a dialogar com o público: qual é o projeto político de país que queremos para nós? Que mundo estamos construindo juntos?
“Ao longo do processo de criação, que aconteceu entre 2019 e 2021, vivíamos sob o governo Bolsonaro. No conto original, uma Bruxa chega para consertar o país. No nosso caso, imaginamos que a solução precisava vir do próprio povo, para trazer as complexidades das questões enfrentadas e não recorrer a resoluções imediatas e milagrosas”, diz Lucas Leite, ator do grupo.
A partir dessa perspectiva, o grupo decidiu que o protagonista de O País que perdeu as cores seria o próprio povo. Representado pela trupe de artistas, ele (o povo) precisa decidir qual final deseja dar para sua própria história. “O público é convidado a imaginar junto um possível final. Mas, antes, precisa estabelecer um compromisso com a memória”, completa o ator.
Na história, a trupe de artistas viaja por diferentes lugares e convida o público a imaginar diferentes possibilidades de futuro para este povo ao lado dos personagens: o Pintor, a Padeira, o Florista, o Cachorro, o Catador de Sonhos, o Pescador, a Poeta, o Mensageiro, a Narradora e a Bruxa.
Para a companhia, essa discussão sobre o desfecho da peça é fundamental para pensar alternativas de futuro diante de um contexto histórico de crises sociais e humanitárias.
Antes de chegar aos palcos, em 2021, a peça O país que perdeu as cores foi transformada em audiopeça, lançada nas plataformas de streaming.
Narradora: Mas como vamos contar a história do nosso país muito colorido se não temos mais cores?
Narradora 2: Sabe o que é, gente? Todas as cores foram proibidas.
Narradora 3: Proibidas não. Confiscadas.
(trecho da dramaturgia)
Acessibilidade Integrada
A ideia de uma imaginação coletiva para pensar o futuro de um povo e de um país foi fundamental para a construção do espetáculo. Nesse sentido, outro ponto importante para o grupo foi trazer a acessibilidade integrada à pesquisa estética central. O artista e a artista responsáveis pela interpretação de Libras estão em cena, como parte do espetáculo: ora são responsáveis pela cena, ora traduzem as falas e ações de outros atores e outras atrizes.
“O intérprete e a intérprete de Libras são parte do elenco, não estão isolados. A proposta foi de capacitar também os atores para que se comunicassem diretamente com o público com deficiência auditiva. Além disso, o texto foi construído em parceria com uma dupla de consultores de acessibilidade para pessoas com deficiência visual, de forma que a peça possa ser experienciada por todos os públicos. Ou seja, a dramaturgia da peça é acessível em todas as apresentações.”, diz a atriz Beatriz Porto.
Atividade de Mediação
O projeto conta com atividade de mediação após alguns espetáculos. A ideia é que as crianças assistam à peça e possam elaborar entre elas mesmas noções de participação política, cidadania e luta por direitos. A brincadeira é: estamos fundando o País das Crianças, que precisa decidir o seu primeiro governo. Quais as demandas da população de crianças para o governo de seu país? Quais bandeiras serão levantadas? Como será o processo de escolha de governo? Essas perguntas serão norteadoras para propostas de jogos teatrais e criação de cenas trazidas pelos artistas-educadores da Companhia Barco.
Sobre a Companhia Barco
A companhia Barco é um grupo teatral paulistano, fundado em 2019 a partir do encontro de artistas do teatro e da música movidos pelo desejo de pesquisa e criação continuada. Desde o início trabalha com materiais literários para a criação teatral: em 2019, a partir da obra da escritora brasileira Hilda Hilst, concebeu e realizou o espetáculo Ensaio da fantasia e o Festival Arena Hilda Hilst, encenado no histórico Teatro de Arena e que contou com a participação de mais de 60 artistas. O segundo espetáculo, este atual, nasceu do encontro com a obra infantojuvenil da autora alemã Monika Feth. Antes deu origem à audiopeça homônima, que estreou no festival FarOFFa, em 2022. Em processo de pesquisa desde 2022, a próxima encenação da companhia tem como base a obra Cem anos de solidão, do escritor colombiano Gabriel García Márquez.
MINISTRO 1: Caros cidadãos de todo o país, é com muito pesar que anunciamos a triste morte da Velha Presidenta.
MINISTRO 2: ...a triste renúncia da Velha Presidenta.
MINISTRO 1: ...a triste fuga da Velha Presidenta.
MINISTROS 1 e 2: Morreu! Renunciou! Fugiu!
O POVO: Mas como assim?! Morreu, renunciou ou fugiu?
MINISTROS: O que importa é que não há mais Velha Presidenta!
(...) MINISTROS: O que importa é que ela não está mais no poder!
(Trecho da dramaturgia)
Ficha técnica
Idealização e realização: Companhia Barco
Direção: Rodrigo Mercadante
Elenco: Beatriz Porto, danni vianna, Eliete Faria, Emilie Becker, Fernanda Carvalho (atriz substituta), Flora Furlan, Krol Borges, Lucas Leite, Miriam Madi e Renato Mendes.
Elenco intérprete de libras: Thalita Passos, Ricieri Palha
Direção Musical: André Leite
Músicos: André Leite, Diego Chilio, Guilherme Fiorentini, Lincoln Grosso e Vinicios Borges.
Projeto e técnico de som: Guilherme Fiorentini
Figurinista: Samantha Macedo
Assistência de figurino: Amanda Pilla
Aderecista de figurino: Laura da Mata
Costureiras: Samantha Macedo e Amanda Pilla
Cenografia e adereços: Nathalia Campos
Assistência de cenografia: Luiza Saad
Cenotécnico: Zé da Hora
Direção de movimento: Gabriel Küster
Consultoria em acessibilidade visual: Fernanda Brahemcha e Lucas Borba
Consultoria em acessibilidade de Libras: Yanna Porcino
Direção de produção e administração de projeto: Quica Produções | Thaís Venitt | Thais Cris
Assistente de produção: Beatriz Scarcelli
Design gráfico: Renan Suto
Fotógrafa: Giovana Pasquini
Assessoria de imprensa: Canal Aberto | Márcia Marques
Dramaturgia elaborada a partir do texto "O País que perdeu as cores" escrito por Ana Paula Lopez em colaboração com a Companhia Barco e Cristiane Urbinatti.
Este projeto foi contemplado pela 16ª edição do Prêmio Zé Renato - Secretaria Municipal de Cultural
Serviço
NOVA TEMPORADA
De 05 a 27 de agosto de 2023
Sábados e domingos às 16h + mediação aos sábado, após a apresentação
Teatro CACILDA BECKER
Rua Tito, 295, Lapa, São Paulo/SP
Grátis - ingressos retirados na bilheteria
APRESENTAÇÕES CEU CAMINHO DO MAR
Dia 28 de agosto de 2023
Segunda-feira, sessões 10h e 15h + mediação
Av. Engenheiro Armando de Arruda Pereira, 5.241, Jabaquara, São Paulo/SP
Grátis
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