Sumo sacerdote nigeriano de Ifá participa de visita guiada ao Panteão Afro da Praça dos Orixás, em Brasília
Sumo sacerdote nigeriano de Ifá participa de visita guiada ao Panteão Afro da Praça dos Orixás, em Brasília
Durante o passeio, estudantes da rede pública de ensino do DF aprenderam sobre a ancestralidade brasileira de matrizes africanas
Nesta sexta-feira, 30/06, nos períodos da manhã e da tarde, estudantes do ensino médio de escolas do Gama e do Cruzeiro fizeram um privilegiado tour pelo Panteão Afro da Praça dos Orixás, sob a tutela do sumo sacerdote nigeriano, Aràbà Ifaniyi Alade Ojo, da Nigéria, autoridade máxima do culto de Ifá, de Mãe Baiana de Oyá, de Yá Zulmira de Nanãn e de Babá Felipe de Logun Edé para receber uma verdadeira master class sobre a história e a simbologia de cada uma das divindades da mitologia africana Yorùbá. Ao fim de cada visita, os estudantes tiveram ainda a oportunidade de vivenciar uma Roda de Capoeira com o Bando Matilha Capoeira.
“ Agradeço a oportunidade de estar hoje, na Praça dos Orixás, fazendo esse reencontro com o legado de nossos ancestrais que vieram há muitos. Para mim, foi um grande prazer estar aqui encontrando tanto os Orixás, quanto os estudantes que vieram participar desse passeio. Eu parabenizo a todos que estão lutando para manter a nossa história, semeando nas crianças esses conhecimentos, para que no futuro elas possam entender melhor a tradição e para que não tenham preconceito. Espero que encontros como este tenham longevidade. Axé”, declarou Aràbà Ifaniyi Alade Ojo, durante a visita.
Combate à intolerância
A iniciativa, que é idealizada e viabilizada pelo Instituto Rosa dos Ventos, e conta com apoio da Fundação Cultural Palmares, pretende proporcionar a atividade para diferentes escolas do DF, uma vez ao mês, durante todo o ano. O objetivo é promover a educação e disseminar o conhecimento como ferramentas essenciais no combate à intolerância e ao racismo religioso.
“O ambiente escolar tem esse papel: construir sabedoria. Onde tem sabedoria, não há preconceito. É com as escolas que construímos o olhar de respeito e admiração pelas culturas de matrizes africanas. Há muita beleza nessas tradições e não há espaço para ignorância. Trazer as escolas para aprender sobre o significado e visitar a Praça, que, assim como a Catedral, também é um patrimônio de nossa cidade, representa ampliar o olhar para a nossa cultura e história”, ressalta Stéffanie Oliveira, presidenta do Instituto.
Para a estudante Maria Eduarda de Paula, de 16 anos, a visita foi muito educativa.
“Eu não sabia sobre as histórias dos Orixás, foi muito legal aprender sobre cada um deles, vir até a Praça, conhecer as estátuas. Achei a presença do sacerdote muito significativa e importante. Eu nunca havia visto alguém falando em Yorùbá, é muito interessante ter esse contato tão próximo com a cultura”, comenta.
A celebração ao Orixá Guerreiro
A visitação das escolas precede a realização do Territórios Sonoros, festival idealizado pela Rosa dos Ventos, que acontece no próximo sábado, 01/07, a partir das 12h, na Praça dos Orixás, e promove encontros inéditos das Culturas de Rua com as Culturas de Terreiro. Durante o evento, Mestras e Mestres da Cultura Popular, como Martinha do Coco, compartilham os palcos com poetas de Rap e Hip Hop, como RAPadura Xique e GOG, repaginando as clássicas batalhas de versos, em um reencontro de raízes afro-brasileiras.
A realização deste grande e inédito encontro de sons, batidas e ritmos em território sagrado traz também uma importante homenagem a Ogum, Orixá Guerreiro, lutador e defensor da justiça e da ordem, cuja imagem foi incendiada em agosto de 2021, na Praça.
Diante da depredação, o sumo sacerdote nigeriano de Ifá, define como vergonhoso o ato de racismo religioso.
“É uma vergonha, eu sinto pelas depredações que acontecem com os Orixás. Esses símbolos que estão aqui são muito importantes para nós, para a nossa história e para a nossa vivência na terra. É uma vergonha ver essa destruição por falta de conhecimento da nossa história e da importância da existência desses Orixás”, aponta.
Para representar a imagem de Ogum, que ainda não foi reconstituída e devolvida à Praça e ao povo de terreiro, um protótipo do Orixá foi criado pelo artista plástico Josué Isaías.
“Toda a criação desta escultura foi orientada e direcionada pelo Coletivo das Yás, para que a imagem remetesse, ao máximo, a simbologia desse Orixá. Representamos Ogum como um super-herói, uma divindade grandiosa, por isso, trouxemos uma anatomia robusta e elementos como metal”, explica o artista.
Além das atrações musicais, o evento conta com feira gastronômica, artesanato, espaço Erê e celebração sagrada.
Serviço: Territórios Sonoros — Ogunhê!
Data: 1º de julho.
Horário: a partir das 12h.
Local: Praça dos Orixás.
Programação: https://
Redes Sociais: https://www.instagram.com/
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