Edições Sesc SP lançam o livro “O teatro de Gianni Ratto” com bate-papo no Sesc Consolação

 


EDIÇÕES SESC SP LANÇAM “O TEATRO DE GIANNI RATTO: MAGO DOS PRODÍGIOS”, 

SOBRE A OBRA DO CENÓGRAFO E DIRETOR TEATRAL

Gianni Ratto fez parte da geração que reinventou o teatro italiano no pós-guerra e, no auge do sucesso, veio ao Brasil para expandir sua atuação e contribuir na estruturação do teatro moderno brasileiro. O livro é ricamente ilustrado com fotos, desenhos e esboços

 

No dia 17 de maio, quarta-feira, às 19h, acontece no foyer do teatro do Sesc Consolação o evento de lançamento do livro O teatro de Gianni Ratto: mago dos prodígios com um bate-papo seguido de sessão de autógrafos com Antonia Ratto, Vaner Ratto, Elisa Byington e com mediação do jornalista Valmir Santos. Nascido em 1916 em Milão, na Itália, e criado em Gênova, Gianni Ratto desde criança se interessou pelo universo das artes, influenciado pela mãe pianista. Teve a juventude marcada pelo regime fascista e pela Segunda Guerra Mundial, e conheceu o sucesso no país natal como cenógrafo. Em 1954, decidiu largar tudo e vir para o Brasil, onde sua carreira teve um segundo ato como, além de cenógrafo, também diretor teatral, figurinista, iluminador, ator e gestor cultural. Essa vida repleta de realizações que coincidem com a vida cultural de boa parte do século 20, em dois continentes, foi tema da mostra Gianni Ratto 100 Anos, exibida em 2017 no Sesc Consolação, que inspirou O teatro de Gianni Ratto: mago dos prodígios, lançamento das Edições Sesc São Paulo, com apoio cultural do Instituto Gianni Ratto, em edição bilíngue (português e inglês). 

 

O volume, organizado por Antonia Ratto, designer e artista visual, filha de Gianni, e pela crítica e curadora Elisa Byington, é um registro minucioso da vasta produção do artista ítalo-brasileiro. Com textos introdutórios de Vittoria Crespi Morbio, sobre a fase italiana, e de Sergio de Carvalho, sobre Gianni no Brasil, o livro traz informações detalhadas, ilustradas por desenhos e fotos, das montagens com assinatura de Ratto, desde Calígula, que estreou em Milão em 1946, até Café, ópera de Mário de Andrade encenada em 1996 no Teatro Municipal de Santos (SP), sua última cenografia. 

 

Serviço militar obrigatório e reconstrução do país pela arte

Em seu texto dedicado ao pai, Antonia, nascida quando Gianni já tinha 60 anos e uma longa trajetória, recorda que “para um homem de convicções anarquistas e humanistas, a interrupção da vida por oito anos de serviço militar obrigatório, dentre os quais quatro de guerra, não sairia sem ônus”. Ele serviu o exército italiano sob Mussolini entre 1938 e 1945. O fim da guerra e a necessidade de reconstruir o país natal também artisticamente deu o primeiro impulso à produção como cenógrafo. Foi na Itália que, “por sua inteligência sintética e capacidade singular de materializar uma variedade de mundos sobre qualquer palco, tinha sido chamado de ‘mago dos prodígios’”, segundo Elisa Byington em sua Introdução. A participação de Gianni no grupo do Piccolo Teatro de Milão, que também incluía Giorgio Strehler e Paolo Grassi, a partir de 1947, propondo a encenação inovadora de grandes clássicos e textos contemporâneos, deu nova vida ao teatro italiano após décadas de censura imposta pelo fascismo e pela guerra. O grupo do Piccolo Teatro teve um forte intercâmbio com os cineastas do neorrealismo italiano, como Vittorio De Sica e Adolfo Celi. 

 

A vinda para o Brasil

Em 1954, após nove anos “inacreditavelmente intensos”, com mais de 120 espetáculos realizados e reconhecimento da crítica europeia, incluindo óperas antológicas no Teatro alla Scala de Milão, Ratto decide vir ao Brasil, a convite de Maria Della Costa, para expandir sua atuação e estrear como diretor. Segundo a filha, “sua visão de encenador, desde o início, na construção de uma visão conceitual de cada espetáculo como um todo coeso, o faziam sentir-se um tanto restrito apenas no papel de cenógrafo”. Para Elisa Byington, a atuação de Ratto “marcou de modo indelével a renovação do teatro italiano do pós-guerra e a estruturação do moderno teatro brasileiro”. Estreou como diretor com O canto da cotovia (L’Alouette), de Jean Anouilh, no Teatro Maria Della Costa, em São Paulo. Logo conheceu e ficou muito amigo do casal de atores Fernando Torres e Fernanda Montenegro. 
 

Parceria de Gianni Ratto com Fernanda Montenegro e Fernando Torres

O trio de amigos fundou em 1959 o grupo O Teatro dos Sete. Na década de 1960, Ratto fundou ainda o Teatro Novo, ambicioso projeto de escola de teatro, música e companhia de balé, brutalmente fechado pela ditadura militar em 1968. Byington lembra que “tamanho arbítrio o fez abandonar o teatro e se retirar a uma praia deserta por mais de um ano”. Foi trazido de volta à cena por Flávio Rangel, com quem estabeleceria uma fértil parceria. 

 

Espetáculos na Itália e no Brasil

Em sua fase italiana, Ratto encenou, entre outras, Ricardo III e A tempestade, de Shakespeare; Crime e castigo, de Dostoiévski; A morte de Danton, de Büchner; Electra, de Sófocles; A engrenagem, de Sartre; Seis personagens em busca de um autor, de Pirandello; La Traviata, de Verdi; Pulcinella, de Stravinski; Wozzeck, de Alban Berg; e O rapto do serralho, de Mozart. No Brasil, em cinco décadas, assinou montagens como O santo e a porca, de Ariano Suassuna; As três irmãs, de Tchekhov; O beijo no asfalto, de Nélson Rodrigues; César e Cleópatra, de Bernard Shaw; Werther, de Goethe; Os saltimbancos, de Sergio Bardotti e Luís Bacalov; A flauta mágica e Don Giovanni, de Mozart; O guarani, de Carlos Gomes; O barbeiro de Sevilha, de Rossini; e A queda da casa de Usher, de Philip Glass. Ao longo da carreira, a luz foi ganhando papel preponderante em suas cenografias, que vão se tornando cada vez mais minimalistas. Todas as peças listadas são ilustradas com fotografias, desenhos e esboços originais de Ratto. 

 

“O segredo da vida é o encontro de gerações”. Essa frase de Ratto é a mais marcante para o amigo Marcos Caruso – ator, autor e diretor de teatro, cinema e televisão –, que assina o texto da orelha. “Lendo este livro, emociono-me com as encenações ao ar livre em Florença e Veneza com o mestre da luz transformando ‘escadas e janelas em casebres, tribunal e catedral’, manuseando o ‘pincel ao ritmo das óperas’, vendo-o acreditar, depois de tudo, num ‘teatro despojado, pobre – até andrajoso’”, afirma Caruso. Ele também se diz emocionado “pela delicadeza ativa com que passou por uma guerra mundial e duas ditaduras em dois países lutando pela arte, pela reconquista da liberdade, sempre instado a começar do zero”. 

 

“Ao interromper sua exitosa carreira como cenógrafo em terras italianas e embarcar numa incerta empreitada ao Novo Mundo, ajudou a definir o patamar do teatro nacional”. 

Danilo Santos de Miranda – diretor regional do Sesc São Paulo

 

SOBRE OS PARTICIPANTES DO BATE-PAPO

 

Antonia Ratto é designer e artista visual. Mestra em Web Design e Novas Mídias pela Academy of Art de São Francisco, desde 2007 vem criando identidades visuais, capas de discos e design de interfaces digitais. Foi a criadora do projeto gráfico para as exposições Gianni Ratto – 100 Anos (2017) e Rafael e a Definição da Beleza (2019). Desenvolve diversas ações para a manutenção e a divulgação do acervo de Gianni Ratto. Roteirizou e produziu o documentário de longa-metragem A mochila do mascate – Gianni Ratto, dirigido por Gabriela Greeb (2005). 

 

Elisa Byington é crítica e curadora independente. Pós-doutora em História da Arte, transferiu-se para a Itália após a graduação em Sociologia na PUC-RJ e diplomou-se cum laude em História da Arte na Universidade de Roma – La Sapienza. Publicou os livros Galleria Borghese (2000), Palazzo Pamphili a Piazza Navona (2001), O projeto do Renascimento (2009) e Giorgio Vasari, a invenção do artista moderno (2011). Como curadora independente, realizou as mostras comemorativas dos 500 anos de Giorgio Vasari e de Rafael de Urbino. 

 

Vaner Ratto tem formação em Ciências Sociais. Atualmente é responsável pela organização e conservação do acervo do Instituto Gianni Ratto e pelo trabalho em pesquisa, prospecção e preservação de material bibliográfico e audiovisual da Biblioteca Jenny Klabin Segall, no Museu Lasar Segall.

 

Valmir Santos é jornalista, crítico e editor do site Teatrojornal - Leituras de Cena. Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas na Escola de Comunicações e Artes da USP.
 



 Os títulos das Edições Sesc São Paulo podem ser adquiridos em todas as unidades do Sesc São Paulo, nas principais livrarias, em aplicativos como Apple Store e Google Play e pelo portal Loja Sesc

 

SERVIÇO

Lançamento do livro O teatro de Gianni Ratto: mago dos prodígios

Bate-papo seguido de sessão de autógrafos com Antonia Ratto e Elisa Byington

Data: 17 de maio, quarta-feira, às 19h00

Local: Foyer do teatro – Sesc Consolação (R. Dr. Vila Nova, 245 - Vila Buarque, São Paulo – SP)

Grátis

 

SOBRE AS EDIÇÕES SESC SÃO PAULO

Pautadas pelos conceitos de educação permanente e acesso à cultura, as Edições Sesc São Paulo publicam livros em diversas áreas do conhecimento e em diálogo com a programação do Sesc. A editora apresenta um catálogo variado, voltado à preservação e à difusão de conteúdos sobre os múltiplos aspectos da contemporaneidade. Seus títulos estão disponíveis nas Lojas Sesc, na livraria virtual do Portal Sesc São Paulo, nas principais livrarias e em aplicativos como Google Play e Apple Store.

 

 

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