O Núcleo Negras FALAS apresenta o espetáculo de dança “territórioNOSSO:FALAS” onde a (re)construção de narrativas corporais e estéticas são colocadas a partir de histórias de mulheres vítimas de agressão

 “Nós não somos só boca, bunda e buceta”.

“Nós não somos só teta, bunda, teta, cú e buceta”

“Nós não somos só bunda, teta e buceta”.

Trecho do espetáculo “territorioNOSSO:FALAS”


Em março, o espetáculo “territórioNOSSO:FALAS”, faz doze apresentações

gratuitas, que acontecem em várias regiões da cidade de São Paulo

Cena do ensaio espetáculo territórioNOSSO:FALAS - Foto: Verônica Pereira

Recordar, libertar e curar as memórias deixadas em corpAs negrAs são apenas algumas das reflexões propostas pelo espetáculo de dança “territorioNOSSO:FALAS”, do Núcleo

Negras FALAS. Com apresentações que acontecem durante o mês de março e abril nos espaços: CITA - Cantinho Integrado de Todas as Artes; na Comunidade Cultural Quilombaque; no Espaço Cultural Adebankê; e no CRD - Centro de Referência da Dança, a montagem reflete sobre o ciclo de violência contra a mulher e a potência encontrada nas redes de apoio para que haja acolhimento efetivo.

Com quatro artistas em cena, “o espetáculo traz um trabalho corporal que tem como ponto de partida o estudo de histórias reais e cotidianas sobre ações diretas, redes de apoio e

afetos diante de situações de assédios e violência de gênero, usando assim, a dança como ferramenta de (re)construção de narrativas corporais e estéticas”, conta Ciça Coutinho -intérprete, diretora e idealizadora do núcleo.

Partindo do pressuposto de que as agressões de gênero são um hábito enraizado socialmente, “territorioNOSSO:FALAS” chega como uma das inúmeras possibilidades, de

reverter este conceito através do exercício prático coletivo de acolhimento que potencializa  a relação de pessoas consigo mesmas, com a arte e com todes que convivem.

O espetáculo é também um ato político e poético pela reintegração de posse de corpAs negrAs frente a uma sociedade machista que objetifica e sexualiza pessoas com vulva. O grupo chega a uma dramaturgia corporal que potencializa os movimentos do quadril, da pélvis, bunda, vulva e da virilha - regiões corporais vilipendiadas e ameaçadas pelo patriarcado - para comunicar através da dança. O resultado é uma performance  coreográfica que dialoga com as manifestações das artes da dança juntamente com a capoeira angola.

Para além das apresentações, o núcleo oferece debates que proporcionam reflexões sobre a temática abordada na montagem com lideranças locais. No Espaço Cultural Adebankê, o bate-papo acontecerá no primeiro dia de encenação, de forma gratuita. Já nos demais espaços, acontecerão no último dia de apresentação.


Processo e construção Contemplado pela 31ª Edição do Fomento à Dança da Cidade de São Paulo, o projeto

iniciou com o espetáculo “territorioMEU” - solo,apresentado em 2022, onde cada cena expunha um assédio vivido pela própria intérprete ou ouvido do público e outras mulheres.

Já “territórioNOSSO:FALAS” - se constrói e se apresenta da forma coletiva, que para além da pesquisa de assédio e agressões de gênero, o afeto e a rede de apoio que se é estabelecida e se torna o mote do trabalho.

Diversas atividades foram realizadas, em 2022, durante o processo de pesquisa. Com o intuito de estudar as reintegrações de corpAs através da menstruação e da potência que existe em conhecer esta tecnologia usurpada pela diáspora do feminino, participaram de conversas, mediadas pela matrigestora da Yoni das Pretas, Caroline Amanda, que funcionaram como provocações teóricas fundamentais para a construção do trabalho.

O projeto teve ainda provocações corporais e de movimento com Deise Brito, autora da pesquisa ‘Devolva-me o meu quadril’, centrada na retomada deste centro do corpo e que é

centro ao mesmo tempo do ponto de vista da criação, retomada da energia vital e de uma região castrada pelo patriarcado e pela opressão que mulheres cis e homens trans

vivenciam. Além disso, tiveram atendimento com terapeutas corporais que auxiliaram na elaboração das materialidades estéticas que vieram de histórias reais de assédios

vivenciados pela equipe.

Para que o projeto tomasse a forma desejada, foram feitas duas parcerias com coletivos periféricos, com atuações femininas e em defesa das mulheres: a Associação Mulheres do GAU (Grupo de Agricultura Urbana) e o Coletiva Consciência Feminina Escolar.


A Associação Mulheres do GAU é formada por mulheres migrantes nordestinas que 
trabalham como agricultoras no Viveiro Escola União de Vila Nova, localizado no bairro de

São Miguel Paulista. Por estar em uma área de várzea, é popularmente conhecido como Jardim Pantanal, ou apenas Pantanal.

O Grupo de Agricultura Urbana (GAU), há cerca de dez anos, teve a iniciativa de utilizar o

local como horta comunitária, desenvolvendo trabalhos de permacultura por meio do plantio,

cultivo, colheita e manejo agroflorestal. A um só tempo: preservaram a área verde da região e conseguiram uma forma de sustento, na qual se mantém em atividade até os dias

atuais.


Atualmente, a Associação Mulheres do GAU é formada por nove mulheres: cada uma desenvolve uma tarefa importante no fortalecimento, manutenção do grupo local e

sensibilização ambiental, já que desenvolvem um importante trabalho de conscientização com as crianças da região no ensino do cultivo adequado da terra.

Já o CFE — Consciência Feminina na Escola Consciência Feminina na Escola, nasceu em 2019, dentro dos muros da EMEF Padre José Pegoraro, no Grajaú. O movimento começou por uma motivação das estudantes fundadoras e tem a intenção de discutir e celebrar protagonismo feminino.

A coletiva foi premiada pelos projetos "Gênero na Escola", incentivado pelo Fundo Malala e "Criativos da Escola" na categoria equidade. Atualmente está presente em outras quatro escolas e pretende buscar as histórias das mulheres de luta do Grajaú.

Núcleo Negras FALAS

O Núcleo surgiu em 2021 do desejo da multiartista Ciça Coutinho em partilhar sua pesquisa sobre assédio e violência de gênero com outras corpAs. Estudo no qual está imersa há 8 anos quando iniciou a escrita dramatúrgica do seu solo, bem como estudos e imersões acerca do tema.

A artista entende que é necessário que a discussão seja ampliada, uma vez que são mulheres negras as mais assassinadas, assediadas e estupradas no Brasil, quinto país

mais feminicida do mundo.

O Núcleo surge com o nome FALAS no primeiro momento devido à necessidade de ampliar e reconhecer lugares de falas plurais e "pretagonizar" a ação e elaboração da equipe que é composta majoritariamente de mulheres negras. E num segundo momento, tem o adjetivo Negras adicionado antes do substantivo FALAS reforçando a necessidade de racializar a

discussão tendo em vista os dados alarmantes em relação às mulheridades negras e as questões da violência de gênero.

Ficha Técnica

Direção, concepção e produção: Ciça Coutinho @cica_coutinho

Elenco: Ciça Coutinho, Ijur Sanso @jpg.surreal, Nathália Fonseca @nathyprajah e Talita

Lima @talitalima_araujo

Artista visual e designer gráfica: Thaís Nogueira–Ailarubi @ailarrubi

Assessoria de Imprensa: Kelly Santos, Adna Matias e Flávia Fontes Oliveira da @midiapentefino

Cenografia, Figurino e arte terapia: Mariana Farcetta @marianafarcetta

Coreografia: Nathália Fonseca e intérpretes criadores @nathyprajah

Designer e operação de Luz: Daniele Meirelles @danielle_meireles

Desenvolvedora do site: Carolina Alberini @carolalberini

Documentarista: Mirrah Silva @mi.r.rah

Fotógrafa e terapeuta corporal: Verônica Pereira @veroimagens

Operação de Som: Fefe Camilo @fefecamilo e Flavy Matos @flavy.matos

Orientadoula: Caroline Amanda @yonidaspretas e Tariwaki Kaiabi Suia (Pajé Kawaiweté)

Trilha Sonora: Fefe Camilo @fefecamilo

Terapeuta corporal bioenergética: Viviane Anibal @psicologavivianibal

Provocadora corporal e preparadora de movimento: Deise de Brito @deise_de_brito

Preparadora corporal: Nathália Fonseca @nathyprajah

Produção executiva e operacional: Iolanda Costa @io_costal

Serviço:

Local: CITA- Cantinho Integrado de Todas as Artes

Data: Sábado, 18/03 às 19h | Domingo 19/03 às 18h | Segunda-feira, 20/03 às 19h

Roda de Conversa: Segunda-feira, 20/03 às 20h

Endereço: Rua Aroldo de Azevedo 20 - Jardim Bom Refugio, São Paulo SP, CEP:

05788-230

Duração: 50 min

Classificação: 12 anos

Local: Comunidade Cultural Quilombaque

Data: Sexta 24/03 às 19h | Sábado 25/03 às 19h | Domingo 26/03 às 19h

Roda de Conversa: Domingo, 26/03 às 20h

Endereço: Tv. Cambaratiba 05 - Perus, São Paulo SP, 05202-010

Duração: 50 min

Classificação: 12 anos

Local: CRD - Centro de Referência da Dança

Data:Quinta, 30/03 às 19h | Sexta 31/03 às 19h | Sábado, 01/04 às 19h

Roda de Conversa: Sábado, 01/04 às 20h

Endereço: Galeria Formosa BAixo do VIaduto do Chá S/N - Praça Ramos de Azevedo -

Centro Histórico de São Paulo SP, CEP 01037-000

Duração: 50 min

Classificação: 12 anos

Local: Espaço Cultural Adebankê.

Data: Terça, 04/04 às 18h | Quarta 05/04 às 19h | Quinta, 06/04 às 19h

Roda de Conversa: Terça, 04/04 às 15h

Endereço: R. Durande, 175 - Artur Alvim, São Paulo - SP, 03694-080

Duração: 50 min

Classificação: 12 anos

Informações para a imprensa

Mídia Pente Fino

Adna Matias adna.matias@midiapentefino.com.br | 11 94117-4928

Kelly Santos Kelly.santos@midiapentefino.com.br | 11 95630-3505

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