Duas importantes atividades internacionais selaram parcerias em prol da liberdade religicosa, Comandados pela CCIR, CEAP e REDLAD

O Encontro internacional inter-religioso reuniu representantes do México, Venezuela, Colômbia, Nicarágua, Argentina, Chile e Brasil. Com objetivo principal de chamar a atenção da sociedade civil e das autoridades públicas para os riscos antidemocráticos diante do crescimento dos casos de intolerância religiosa em toda a sociedade e em todos os continentes.




O CEAP em parceria com a Red Latinoamericana y del Caribe por la Democracia – REDLAD realizou no dia 30/11 - Encontro internacional inter-religioso no Templo de Jagun, em Bonsucesso, onde ouviram relatos de vítimas de intolerância religiosa. A atividade contou com a participação de religiosos de vários segmentos, como Umbanda, Candomblé, Pastores, Wiccas, Xamanismoentre outros dirigentes e representações. Contou ainda na organização daCCIR - Comissão de Combate à Intolerância Religiosa do Rio de Janeiro. 

Para os visitantes internacionais, em torno de 30 militantes, entre estudantes, ativistas dos direitos humanos e defensores da liberdade de crença, o encontro foi frutífero, em parceria também com o grupo OTROS CRUCES, que tem como mote criar pontes entre mundos diferentes. O evento contou com alunos de História Comparada/UFRJ, religiosos de diversos países da América Latina, assim como representantes da CCIR. A atividade pode mostrar alguns tipos de violações de direitos, com pessoas de outras religiões que sofrem em seus países. Além do colóquio, o final contou com toque de atabaques, cantos uma roda de xirê.

Visitar o terreiro significa um diálogo de saberes, em que tivemos a oportunidade de apresentar aspectos gerais do projeto, mas sobretudo fazer a experiência de uma comunidade religiosa, conhecer parte de suas crenças, símbolos, comida e outras formas de viver o sagrado. Foi uma experiência única de encontro e diálogo”, declarou a colombiana Diana Silva - coordenadora e componente de assistência à vítima do projeto Creer en Plural.

O sacerdote Pedro Chagas, relatou o caso que vivenciou esse ano e até hoje não houve uma reparação. No bairro de Irajá / RJ, foi impedido de realizar um culto fúnebre do candomblé no cemitério. O dirigente foi obrigado a interromper o ritual e foi à administração explicar que esse rito é garantido pelo STF, ou seja, além do ultrage religiososofreu discriminação, gerando revolta ao de seus filhos de santo e da família do falecido, em momento tão delicado.




"Foi um encontro onde conseguimos passar um pouco sobre a nossa religião e quais violações de direitos mais sofremos enquanto praticantes, experiências que temos e os tipos de violações que religiosos ligados a alguns segmentos religiosos sofrem, é sempre muito importante para entenderem todo um contexto político e cultural que há por trás dessas violações. Achei bem importante pelo fato de conseguirmos criar laços e unir forças para ações coletivas de defesa da liberdade religiosa nos países da América Latina. Encontros como esse só fortalecem o trabalho da CCIR e de todas as religiões que fazem parte da comissão. Mostram que trabalhamos dentro de uma coletividade que sabe respeitar a individualidade e cultura das religiões.", pontuou Og Sperle - representante do segmento Wicca.

Para o Babalawô Ivanir dos Santos, interlocutor da CCIR - "Somos responsáveis e embaixadores do diálogo, é preciso agir para uma construção de uma sociedade mais justa e em defesa da liberdade religiosa e do Estado laico. Provocando reflexões em prol do fortalecimento das bases democráticas”, registrou o sacerdote, reverenciado internacionalmente, atuando incansavelmente há mais de 40 anos em causas de direitos e na luta contra o racismo e a intolerância religiosa, é Babalawô, Dr. Prof. do Programa de pós-graduação em História Comparada da UFRJ, interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa (CCIR) e fundador do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP).




Segundo Humberto Ramos – Dr. em Sociologia e coordenador de "OTROS CRUCES'' no Brasil,  o encontro foi de grande valia – “Pra mim foi uma alegria imensa, ser recebido nesta casa. É sempre renovador, está em um contexto de uma religião que não é a nossa, pra gente aprender, ter comunhão e se aproximar”, declarou o dirigente que é adepto do segmento evangélico.  

No dia seguinte (1/12), outra atividade se suma importância, organizada por Otros Cruces, Redlad e ISER - Instituto de Estudos da Religião, que trouxe evento público, com roda de conversa: Coexistência Democrática e Violência: Desafios à Liberdade Religiosa Hoje, no Othon Palace Hotel, na Av. AtlânticaContou com a presença de Luiz Hernández, da Venezuela - Selena Hernández, do México, Viviane Costa de Ivanir dos Santos, do Brasil.

O Brasil vive essa realidade, sofrido por diversos segmentos religiosos. De acordo com dados do Observatório das Liberdades Religiosas (OLR), lançado recentemente, os costumes, templos e adeptos de matrizes africanas são os que mais são vitimados com tanta perseguição (91 % dos casos no RJ/2021). Um novo relatório, atualizado, será lançado no dia 21 de janeiro de 2023, em um ato público, alusivo ao Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, encorpado com atividades culturais, debates com lideranças internacionais, feira, shows e uma atividade na Argentina, tendo como tema: Direitos Humanos

É certo dizer que há muito trabalho pela frente.... 


Foto de Henrique Esteves

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