Com o nome inspirado pela palavra que abre uma
das obras fundamentais da literatura brasileira, “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, Nonada vai ocupar dois espaços: um em Copacabana e outro em um galpão industrial na Penha, subúrbio do Rio de Janeiro. A mostra inaugural reunirá obras
em diversos suportes e materiais de 32 artistas de várias cidades brasileiras, com pesquisas que abrangem temas atuais, entre eles racismo, questões políticas, sociais
e de gênero. Em Copacabana
estarão as obras de “A Palavra: Prosa”,
e na Penha “A Palavra: Verso”. Na
Penha, a artista e DJ Marta Supernova fará
uma apresentação no dia da abertura. O texto crítico é do artista, poeta e
compositor André Vargas.
Nonada, Rio de Janeiro
Copacabana, Zona Sul –
“A Palavra: Prosa”
Abertura: 19 de novembro
de 2022, das 10h às 14h
Até 4 de março de 2023
Penha, Zona Norte – “A
Palavra: Verso”
Abertura: 19 de novembro
de 2022, das 15h às 19h
Até 4 de março de 2023
Texto crítico: André Vargas
Entrada gratuita
Nonada é uma galeria dedicada a dar visibilidade à excelência da produção artística, e
local de pesquisa e debate plural, e será inaugurada no dia
19 de novembro de 2022, em dois espaços no Rio de Janeiro: em Copacabana, na Zona Sul, das 10h às 14h,
e na Penha, na Zona Norte, das 15h às 19h.
Na abertura da mostra na Penha haverá uma apresentação de Marta Supernova, artista visual, sonora, DJ e produtora musical.
POLÍTICA E LIRISMO
Em Copacabana, no espaço de
70 metros quadrados da Nonada ZS na Rua Aires Saldanha, próximo à Rua
Bolívar, área boêmia e perto do futuro Museu
da Imagem do Som, estarão obras com um teor maior de crítica política e social. Na Penha, na Nonada ZN, na área de mais de 200
metros quadrados e 4,5 metros de altura, os trabalhos serão mais líricos.
São variadas as linguagens dos artistas, em diversos materiais e suportes – pinturas, esculturas, fotografias,
poesia, vídeos, entre outros – que percorrem várias pesquisas, discutindo
temas de nosso tempo.
“A PALAVRA: PROSA” / “A
PALAVRA: VERSO”
André Vargas, em seu texto crítico, escreve sobre “A Palavra: Prosa” – “Também celebramos
em convulsão a realidade, como quem não se fia em depressões e nostalgias. E,
talvez, sejamos os que mais festejam as cisões da cidade no terror mais
concreto de todo santo dia. É o paliativo, um antitérmico, a alegria. Apaga-se
com ela uma barricada em chamas num futuro de rebeldias, mas rebela-se com ela
no presente de extremo frio das agonias. Uma fuga, uma aventura, uma brisa. A
grande alegoria.” E sobre “A Palavra:
Verso” – “Respondemos mal à medicação, porque não criamos a doença. Quem a
criou segue imune e impune de seu caráter maligno. Acrônica das classes é a sua
consciência, e o sintoma mais comum éo vigor da poesia. (...) Num mundo que
gira padrões, que sejamos a altera presença. Pois quando nos encantamos em um
mundo desencantado, dando razão à loucura, nesse mundo desconcertado,
arruinamos as bases de uma hegemonia, que ainda não sabe, mas agoniza engasgada
com o próprio rabo.”
A iniciativa da criação de Nonada
é de Paulo Azeco e João Paulo Balsini, a que se juntaram os
dois irmãos Ludwig e Luiz Danielian, donos da Danielian
Galeria, na Gávea. “Há uma qualidade
impressionante de trabalhos feitos por artistas que não têm tanto acesso ao
circuito de galerias, que trazem temas atuais, entre eles questões políticas,
sociais, de racismo e gênero. Queremos apresentar de forma plural novos
talentos, visões e força criativa”, comenta Paulo Azeco, graduado em Artes Visuais na Universidade Federal de
Goiás com pós-graduação em “Métiers d’art: lesArtsAppliqué”, na École Boulle”,
em Paris, e uma longa trajetória em galerias importantes em São Paulo. Ludwig Danielian conta que sempre
desejou ter um espaço de arte no subúrbio, diferente do perfil da galeria na
Gávea. Com o projeto de Paulo Azeco
e João Paulo Balsini – colecionador
de arte e advogado com atuação em políticas públicas – revitalizou, junto com
seu irmão Luiz Danielian, a fábrica de moda praia e lingerie aberta por seu pai
em 1968, e desativada há sete anos.
Por um ano, os quatro sócios pesquisaram artistas e seus trabalhos, em
um processo “extremamente orgânico, que abrange desde nossa experiência como
também indicações de artistas, curadores, e de buscas que fizemos em mídias
sociais”, diz Paulo Azeco. “Não queremos levantar bandeiras, rótulos, e sim
valorizar a arte boa, que independe de estereótipos. Queremos ter esta proposta
de galeria em Copacabana, bairro popular, e no subúrbio,na periferia do
circuito de arte, para que se leve excelentes trabalhos a todos. Pretendemos
promover discussões livres, contemporâneas, abertas, sem julgamentos prévios”,
complementa Ludwig Danielian.
GUIMARÃES ROSA
Nonada é a palavra que abre uma das obras fundamentais
da literatura brasileira, “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa (27 de junho de 1908 – 19 de
novembro de 1967), “um neologismo criado
para representar o não-lugar ou a negação de existência”, escrevem os sócios no
texto de apresentação do novo espaço de arte. “Nonada é um lugar híbrido: pesquisa, acolhe, expõe e dialoga. Deixa
de ser nada e passa a ser essência por acreditar que o mundo precisa de arte, e
que a arte por si só já é lugar.Parte da ideia do não-lugar para ilustrar uma
visão que, ao se afastar de rótulos, amplia diálogos, se norteando pela
pesquisa,o debate e a importância da curadoria. A galeria de arte enquanto
agente promotor de encontros e descobertas com anseio pela experimentação”.
19 de novembro de 2022 a
4 de março de 2022
“A Palavra: Prosa” – Nonada ZS
Abertura: 19 de novembro de 2022, das 10h às 14h
Rua Aires Saldanha, 24,
Copacabana
Terça a sexta, das 11h
às 19h
Sábado, das 11h às 15h
“A Palavra: Verso” – Nonada ZN
Abertura: 19 de novembro de 2022, das 15h às
19h
Rua Conde de Agrolongo,
677, Penha
Quinta e sexta, das 12h
às 17h
Sábado, das 11h às 15h
Entrada gratuita
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