Mulheres em Cena- 2a semana - Oficina Cultural Oswald de Andrade

 Mostra reúne criações em dança, teatro e performance de artistas – mulheres, homens, trans – que refletem sobre gênero, relação vida-obra e linguagem de cena depoimento.                

Stabat Mater+Janaina Leite/ Foto:  de André Cherri

Em sua segunda semana, Mulheres em Cena migra do CRDSP para a Oficina Cultural Oswald de Andrade, inaugurando a programação no espaço com o fórum Discutindo o autodepoimento na cena” (14/11, das 15h às 18h), numa parceria inédita com a ECA-USP, sob a coordenação da pesquisadora Helena Bastos. Com mediação de Vanessa Macedo, diretora da Cia Fragmento de Dança, propositora da Mostra, e participação das artistas Gal Martins, pesquisadora e criadora das Cias Sansacroma e Zona Agbara, grupo de dança formado por mulheres negras e gordas; Letícia Bassit, atriz, diretora, dramaturga, escritora e arte-educadora; Janaina Leite, atriz, diretora, dramaturgista, diretora do premiado Grupo XIX de Teatro; Morgana Manfrin de Oliveiraatriz, performer, diretora, dramaturga, arte educadora e pedagoga de gênero; e Rubi dos Santosbailarina, coreógrafa, e educadora do movimento por formação, figurinista e costureira por vocação e herança ancestral, o Fórum tem como objetivo refletir sobre dramaturgias interessadas no uso de materiais autobiográficos e nas narrativas de si na cena, discutindo a dimensão política do autodepoimento e a perspectiva feminista dessas práticas. Inscrições devem ser feitas no por meio do link https://forms.gle/N8vRZL5bHqYb8jkh9   

Ainda na segunda, à noite (20h), a companhia goianiense Ateliê do Gesto apresenta  sua mais recente coreografia “Dança Inacabadaum documentário poético do gesto, criado e interpretado por Daniel Calvetque perpassa por memórias e relatos de como o artista construiu sua percepção de corpo e movimento ao longo de  20 anos de carreira, conduzindo o olhar do público a um passeio por cenas que se constroem e se diluem na cadência de uma vida dançada.

Na terça (15/11), acontecem duas apresentações: no pátio externo (17h), "Eu em ti", da Cia Carne Agonizante, duo coreografado por Sandro Borelli, inspirado em poema de Adalgisa Nery, companheira de Ismael Nery, ícone da vanguarda brasileira, com foco na abstração do corpo erótico e santificado, despojado de vida e concebido em sua grandeza espiritual; e "Stabat Mater", peça de e com Janaina Leite, que parte de um jogo de “dramatização” de memórias e sonhos e traz para a cena também sua mãe real e um ator pornô, para pensar temas historicamente inconciliáveis, como maternidade e sexualidade, e investigar o tropo do corpo da mulher como receptáculo.

Stabat Mater" tem reapresentação na quarta, 16/11, às 14h. Na sequência, às 15h, a atriz-performer Letícia Bassit  convida mães para sentarem à sua frente e iniciarem um diálogo em "Converso com mães”.  Completa a programação de quarta, às 20h, "Stanisloves-me", que celebra as grandes vozes femininas do teatro e a relação mãe e filha, com o humor, auto escárnio e os poderosos instrumentos físicos e metafísicos do ‘ator’, diretora, compositora e humorista Ultra Martini.




Três espetáculos têm lugar na quinta-feira (17/11): "Pílulas ansiolíticas", da bailarina, coreógrafa e designer de moda Rubi dos Santos, que provoca a discussão sobre a emancipação e a equalização social do corpo preto (17h), a reapresentação de "Eu em ti", da Carne Agonizante (19h), e "Tudo que é imaginário, existe e é e tem", com Eliana de Santana, da Cia E², que traz para a cena a trajetória trágica, a força e a lucidez inconteste das palavras de Estamira, catadora de lixo no jardim Gramacho (RJ), apresentada no documentário de Marcos Prado, sobre essa personagem real.

Sexta-feira (18/11), rolam mais três apresentações consecutivas: às 18h, Rebeca Tadiello testa os limites em seu mover – esgotamento, auto exploração, fadiga, ansiedade, gêneros e delimitações –,com "Ensaios sobre um triz"; às 19h, a Cia Fragmento de Dança interpreta "Dança para Camille", inspirada na vida e obra da escultora Camille Claudel; e às 20h, fRuTaS&tRaNs-GRESSÃO,  performance com dramaturgia e trilha sonora de Morgana Olívia Manfrin e Coletiva Profanas, que traz Tangerine, personagem não mulher, não homem, que, enquanto narra a trajetória de sua transição de gênero, canta e dança mágoas desafinadas e se desnuda frenética para que aceitem seu corpo em um talk show solitário. Formada em direção teatral pela UFBA, Morgana Olívia Manfrin defendeu sua pesquisa de mestrado “Praxis Queer na cena: percurso de corpos travestigêneres e trans não Binários nas artes cênicas contemporâneas brasileiras”, sob orientação do Prof.Dr.Ferdinando Martins, estudioso de Teatro e Gênero, na USP.

O encerramento no sábado (19/11) conta com o espetáculo "O que eu costumo engolir, uma provocação cênica que retrata o cotidiano da mulher preta e gorda, na sua tentativa constante de afirmação,.da Zona Agbara (potência em yorubá), grupo que utiliza a criação em dança como principal ferramenta de transgressão e afirmação estética e social (17h), seguida da reapresentação do novo solo de Vanessa Macedo (Cia Fragmento de Dança), "La Mariposa", que traz arquétipos do feminino representados por sonhos e diálogos entre mãe e filha, conduzindo ao universo da magia, da contradição e das sombras como companheiras de viagens oníricas. às 18h.

Mulheres em Cena

Concebido em 2018, como uma produção independente da Cia Fragmento de Dança, Mulheres em Cena entende prática artística como gesto político. Um dos seus enfoques é pensar arte-vida-criação-corpo-pesquisa juntos em suas complexidades. É nesse contexto que o autodepoimento pode deixar de ser visto de forma isolada e egóica, deslocando-se para um discurso que, ao ser publicizado, politiza experiências.

Tanto as apresentações  de “La Mariposa”, como o Fórum “Discutindo o autodepoimento na cena”, inseridos na Mostra, integram projeto da Cia Fragmento de Dança, financiado pelo Programa Municipal de Fomento à Dança para a cidade de São Paulo.

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Serviço

6º Mulheres em Cena - Forum de discussões, dança, teatro e performance

2ª semana - de 14 a 19/11

Oficina Cultural Oswald Andrade  

Rua Três Rios, 363 – Bom Retiro

Programação completa

https://www.ciafragmentodedanca.com.br/mulheres6aedicao

https://www.instagram.com/fragmentodedanca/

14/11 (segunda-feira)

15h às 18h – Fórum Discutindo o autodepoimento na cena

Com: Gal Martins, Letícia Bassit, Janaina Leite, Morgana Manfrin de Oliveira e Rubi dos Santos – Mediação: Vanessa Macedo

   Inscrições:  https://forms.gle/N8vRZL5bHqYb8jkh9

20h – Daniel Calvet (Ateliê do Gesto) – "Dança Inacabada"

15/11 (terça-feira)

17h – Carne Agonizante – "Eu em ti" 

18h – Janaina Leite – "Stabat Mater"

16/11 (quarta-feira)

14h – Janaina Leite – "Stabat Mater"

15h – Leticia Bassit – "Converso com mães"

20h – Ultra Martini – "Stanisloves-me"

17/11 (quinta-feira)

17h – Rubi dos Santos – "Pílulas ansiolíticas"

19h – Carne Agonizante – "Eu em ti"

20h – Eliana de Santana (Cia E2) – "Tudo que é imaginário, existe e é e tem"

18/11 (sexta-feira)

18h – Rebeca Tadiello  "Ensaios sobre um triz"

19h – Cia Fragmento – "Dança para Camille"

20h – Coletiva Profanas e Morgana Olivia Manfrin – "fRuTaS&tRaNs-GRESSÃO "

19/11 (sábado)

17h – Zona Agbara  "O que eu costumo engolir"

18h – Vanessa Macedo (Cia Fragmento de Dança) – "La Mariposa"

 

https://www.ciafragmentodedanca.com.br/mulheres6aedicao

https://www.instagram.com/fragmentodedanca/

 

 

Participantes do Forum




 Gal Martins

Artista e pensadora em dança, gestora cultural, curadora e cientista social. Drª.h.c em Artes e Cultura pela Febraica. Em 2002 criou a Cia Sansacroma, grupo paulistano de dança contemporânea preta, e em 2016, a Zona Agbara, grupo de dança formado por mulheres negras e gordas. Criou a metodologia de criação e formação em dança denominada A Dança da Indignação. Recebeu o APCA nas categorias difusão em dança e direção artística e coreografia, e o Prêmio Governador do Estado na categoria Cultura Urbana. Atua como Supervisora Artístico Pedagógica do Programa Fábricas de Cultura.

 

Letícia Bassit

Atriz-performer, escritora-dramaturga, diretora e arte-educadora. Mãe do Pedro e da Luna. Nascida na cidade de São Paulo, começou a estudar teatro aos 14 anos e, desde então, nunca interrompeu a pesquisa sobre o corpo e os limites entre realidade/ficção, verdade/mentira, ilusão/invenção. É formada pela Escola de Arte Dramática da USP e graduada em Comunicação Social pela Fundação Cásper Líbero. Atualmente é mestranda em Artes Cênicas - ECA/USP. Desenvolve oficinas de escrita, teatro e performance; e produz ações artísticas performativas e político-sociais relacionadas ao feminismo e parentalidade através da plataforma Mátria.



 

Janaína Leite

Atriz, diretora e dramaturgista. É uma das fundadoras do Grupo XIX de Teatro de São Paulo, com quem criou diversos espetáculos premiados que circularam por todo o país e no exterior. Em paralelo à trajetória com o Grupo, concebeu os espetáculos Festa de Separação: um documentário cênico , Conversas com meu Pai ,  Stabat Mater e lançou o livro ‘Autoescrituras performativas: do diário à cena’ (Editora Perspectiva), consolidando sua pesquisa sobre autobiografia e documentário no teatro, e a publicação com a dramaturgia de seus dois últimos espetáculos Conversas com meu Pai (texto de Alexandre Dal Farra) e Stabat Mater (Editora Javali).




Morgana Manfrin De Oliveira

Mestra e doutoranda em Artes Cênicas pela USP na área de Teoria e Prática do Teatro e pesquisa em Trans-i-[ação]: Etapas do processo externalizador da performatividade de gênero de um corpo brasileiro na tecnologia da hormonização. É dramaturga, performer, atriz, diretora, arte educadora e pedagoga de gênero. Formada em Artes Cênicas e Interpretação Teatral pela UnB e Direção Teatral pela UFBA, em 2021, defendeu sua pesquisa de mestrado intitulada “Práxis Queer da cena: Percurso de corpos travestigêneres e trans não Binários nas artes cênicas contemporâneas brasileiras”, sob orientação do estudioso de Teatro e Gênero Prof.Dr.Ferdinando Martins, na USP. 

 

Rubi Dos Santos

Artista interdisciplinar independente, bailarina, coreógrafa, e educadora do movimento por formação; figurinista, designer de moda e costureira por vocação e herança ancestral. Estudou Licenciatura em Dança na escola de dança da UFBA – Universidade Federal da Bahia. 




 

Vanessa Macedo

Diretora e bailarina da Cia Fragmento de Dança, de São Paulo-SP, e uma das gestoras do Kasulo Espaço de Cultura e Arte. Desenvolve pesquisa sobre dramaturgia em dança, depoimento nas artes, performatividades e representações do feminino. Mestra em artes pela UNICAMP, doutora em artes cênicas pela ECA-USP e Pós-doutoranda pela mesma instituição. Entre 2020 e 2021, toi uma das coordenadoras artístico-pedagógicas do Centro de Referência da Dança/SP. É idealizadora dos projetos Terça Aberta no Kasulo e Mulheres em Cena. Milita no "Movimento a Dança se Move" e desenvolve estudos na área das políticas culturais.

 

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