"As Pessoas" monólogo provocador faz mini temporada no Sesc Tijuca

“AS PESSOAS”

MONÓLOGO PROVOCADOR FAZ MINI TEMPORADA NO SESC TIJUCA

Crítica e bom humor em reflexões sobre nosso papel no mundo e sobre a sociedade que nos tornamos

Quem são “essas pessoas” a quem responsabilizamos por tempos de ódio e decadência de valores?





“As pessoas são egoístas”. “As pessoas não sabem votar”. “As pessoas são mal-educadas”. “As pessoas não colaboram”. As pessoas são sempre os outros, e uns outros indeterminados... Só que, na verdade, as pessoas somos nós. É esse tipo de reflexão proposta pelo espetáculo “AS PESSOAS”, ganhador do Prêmio Artes Cênicas do Sesc Nacional, que terá quatro apresentações no Teatro 2 do Sesc Tijuca, de 8 a 11 de dezembro, com ingressos populares e sessões às 19h, de quinta a sábado, e às 18h no domingo.

 

No palco, as pessoas são uma só: a atriz, produtora e autora do texto Márcia Santos. Três em uma personagem chamada Zelma, que até podem ser várias pessoas, todas provocadoras. Com direção de Rogério Fanju, o monólogo aborda de maneira crítica e bem-humorada comportamentos contemporâneos que, em geral, são percebidos por nós na ação alheia. É um padrão coletivo analisar hábitos e condutas sociais a partir da observação do outro, não raro, julgando-o ou responsabilizando-o. “As pessoas não se enxergam”. Mas que abstração é essa que designamos “as pessoas”? Que entidade intangível e incorpórea é essa que chamamos de “as pessoas”?

 

É a personagem Zelma que joga luz sobre o modo como naturalizamos certos comportamentos, como reproduzimos padrões sociais de controle do outro e sobre a nossa imensa responsabilidade social na dinâmica de uma sociedade global – que vai da seletividade do lixo que produzimos até os conteúdos que compartilhamos em nossas redes virtuais ou reais, que disseminam e fortalecem discursos, narrativas e condutas. “Eu penso em nós, humanos. E me compadeço do diabo", ironiza Zelma, ácida e certeira.

 

“AS PESSOAS” é o terceiro texto de Márcia a entrar em cartaz em 2022. Antes dele, com sucesso de público e de crítica, ela realizou duas dobradinhas como autora junto com Édio Nunes na direção: “Joãosinho e Laíla - Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia”, que esteve em cartaz no Sesc Arena Copacabana e retornou à cena em novembro, no palco do Teatro Dulcina, e “Luíza Mahin – Eu Ainda Continuo Aqui”, que estreou em 2021, foi contemplado com os prêmios de Melhor Espetáculo e Melhor Atriz (Márcia Santos) no Festival Nacional de Teatro de Varginha (MG), e segue carreira em 2022, atualmente circulando pelo SESI-SP, e com três indicações para o Prêmio Cenym de Teatro 2022 nas categorias Melhor Elenco, Melhor Qualidade Artística de Produção e Melhor Atriz (Cyda Moreno).

 

São peças ricas em questionamentos – subliminares ou não –, já que Márcia não perde uma chance para cutucar o público: "Como alcançar igualdade num mundo onde ninguém quer limpar a própria privada?", indaga Zelma olhando para a plateia. 

 

AS PESSOAS” trata das pequenas ferocidades presentes em atos triviais do dia a dia. E, ainda que não seja possível controlar completamente a percepção e a reação do público, a montagem tenta se colocar na contramão da ideia de que o espectador seja apenas voyeur ou que se preserva intacto tal como entrou no teatro. Ao contrário, o que o texto propõe é o incômodo. Confronta o público com questões pontuais que permeiam nosso cotidiano e que denunciam diversos hábitos e condutas que passaram a ser naturalizados e que, muitas vezes, são responsáveis por inúmeros desgastes e esgarçamentos nas relações sociais.

 

“Propomos um teatro que, além de entretenimento, seja um provocador e inquietante estímulo à reflexão”, sinaliza Márcia Santos, que se inspirou nas relações pessoais de seu dia a dia. Relações que, muitas vezes, se vêm reproduzidas em mídias e jornais diários, chamando a atenção para como a sociedade, em seu radicalismo de pequenas guerras diárias, também pode levar à destruição. Sim, o texto de Márcia Santos também tem um caráter político.

 

Ela coloca a personagem entre livros e caixas, enquanto se empenha na construção de um “bunker” para se proteger do mundo lá fora. As caixas também setorizam fatos e ideias colocados pela personagem. O cenário é o esqueleto dos pensamentos dessa personagem, num eterno movimento de construção e desconstrução em simbiose com o plano de suas ideias. Em uma janela, ao fundo, rostos observam Zelma, representando todas as formas de comportamento invasivo percebidas pela personagem.

 

Entretenimento e reflexão. Como disse o dramaturgo e diretor francês Antonin Artaud, “uma verdadeira peça de teatro deve perturbar o repouso dos sentidos”.

 

 

SINOPSE

 

AS PESSOAS” é o desabafo de Zelma, mulher instruída e cansada, que se sente inadequada, descrente e sozinha em sua forma de perceber o mundo.

Em cena, Zelma movimenta caixas e livros, talvez na tentativa de construir uma muralha simbólica, que a separe e a proteja do mundo lá fora, já que o que ela deseja, é se esconder.

 

 

FICHA TÉCNICA

Texto, atuação e produção: Márcia Santos

Direção: Rogério Fanju

Iluminação: Paulo César Medeiros

Cenografia: Daniel Leão

Trilha Sonora: Marcelo Alonso Neves

Figurino: Wanderley Gomes

Preparação vocal: Jorge Maia

Preparação corporal: Édio Nunes

Design gráfico e arte da janela cenográfica: Rômulo Medeiros 

Assistência de Direção e Produção Executiva: Leandro Mello

Operador de Luz: Rafael Tutti

Operador de Som: Felipe Coquito

 


 

Sobre Márcia Santos

 

Atriz, produtora, autora, diretora teatral e cientista política formada pela Unirio, onde também se graduou em Artes Cênicas/Interpretação. Mestra em Sociologia Política pelo IUPERJ/Cândido Mendes.

Profissional multidisciplinar, com atuação nas áreas cultural, política e acadêmica. Seu monólogo “As Pessoas”, contemplado com o Prêmio Sesc Artes Cênicas, é o terceiro texto de sua autoria a entrar em cartaz em 2022. Antes dele, com sucesso de público e de crítica, Márcia realizou duas dobradinhas como autora junto com Édio Nunes na direção: “Joãosinho e Laíla - Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia”, que esteve em cartaz no Sesc Arena Copacabana e retorna à cena em novembro, no palco do Teatro Dulcina, e “Luíza Mahin – Eu Ainda Continuo Aqui”, que estreou em 2021, foi contemplado com os prêmios de Melhor Espetáculo e Melhor Atriz (Márcia Santos) no Festival Nacional de Teatro de Varginha (MG), e segue carreira em 2022, atualmente circulando pelo SESI-SP, e com três indicações para o Prêmio Cenym de Teatro 2022 nas categorias Melhor Elenco, Melhor Qualidade Artística de Produção e Melhor Atriz (Cyda Moreno).

Também em 2022, Márcia Santos atuou como atriz no clipe musical CORAGEM (https://youtu.be/tRYMr_UwFL0); participou do curta-metragem “Toró”, de Clara Ferrer e Marcela De Finnis, ainda em fase de finalização, e participa da série “Cinema de enredo”, dirigida por Luiz Antonio Pilar, para o Prime Box Brazil, gravada em 2019, mas que foi lançada no último mês de outubro no Festival de Cinema do Rio.

Em 2021, Márcia Santos foi contemplada com o Prêmio Funarj com o curta “Vamos fazer uma faxina”, de Joaquim Vicente (https://www.youtube.com/watch?v=y-ehA6FXQVE) e, em 2020, com Prêmio Funarte com o vídeo “Colhe o dia” (https://www.youtube.com/watch?v=nNykAWYsOus).

Em 2011, assinou roteiro e direção de “Brasil 70 – musical”, que estreou no Teatro Café Pequeno. E, em 2013, apresentou-se no Cassino Estoril, em Portugal, a convite da Embaixada do Brasil em Lisboa, e sob o patrocínio do OI Futuro, cumprindo temporada nova no Rio de Janeiro e circulação pelo interior do estado.

 


Serviço

“As Pessoas”

Temporada: dias 8, 9, 10 e 11 de dezembro (de quinta a domingo)

Sessões: de quinta a sábado, às 19h; domingo, às 18h

Local: Teatro II – Sesc Tijuca

Endereço: Rua Barão de Mesquita 539 – Tijuca – Rio de Janeiro

Ingressos: Grátis (PCG), R$ 7,50 (Credencial Plena), R$ 15 (meia entrada) e R$ 30 (inteira)

Classificação: 14 anos

Duração: 70 minutos

Capacidade: 44 lugares

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