Não há democracia sem inclusão, Latam, Brasil e RJ precisam se reinventar



A eleição de Gustavo Pedro, 1• presidente de esquerda da Colômbia, e Francia Márquez, ex-empregada doméstica, 1ª mulher & negra a se eleger vice, é apenas um capítulo da História recente. Em 2021, vimos outro fato inédito: Kamala Harris eleita a 1ª vice-presidente dos EEUU de origem indiana-afro-americana.

 

Após os desgastes da diplomacia estadunidense no Oriente Médio e norte da África, sua Inteligência lembrou que “seu” quintal, a LATAM, vinha conquistando desenvolvimento com inserção social. Sem Teorias da Conspiração, é evidente o esforço midiático – shock and awe = choque e pavor e lawfare = guerra jurídica, usando termos próprios dos anglófilos – para eleger a direita aqui. Processo que começa na Argentina; passa pelo Brasil; Peru; Paraguai; Bolívia; Uruguai; Chile e Equador. E pela pressão sobre a Venezuela. Passada a decepção, os argentinos acordam do cambalache das promessas de desenvolvimento e anticorrupção e retomam o caminho democrático. Em 10/06, a ex-presidente da Bolívia, Jeanine Añez, foi condenada a 10 anos de prisão, pelo golpe contra Evo Morales.

 

Pelas pesquisas, Lula vence as eleições de 02/10. Fruto do populismo de direita, aliado ao neoliberalismo privatista, ter trazido: miséria, inflação, fome, desigualdade, intolerância, autoritarismo, milícia armamentista, desmatamento da Amazônia, genocídio do povo pobre, preto, indígena e de periferia. Colocando o Chamado à Civilização versus Barbárie.

 

No RJ, a população também se decepcionou após eleger um bispo da Universal, prefeito da Capital e um obscuro juiz que recomendava snipers dando “tirinho” na cabeça de “suspeitos” nas favelas – bom lembrar de Rodrigo Alexandre assassinado em 17/09/18, pela PM que confundiu seu guarda-chuvas com um fuzil. Duas opções por uma falsa mudança que custaram caro, inclusive com a prisão dos eleitos. Essa semana, o atual governador e líder nas pesquisas, foi indicado pela imprensa nacional como chefe do executivo e da Polícia Militar sob seu comando, que teve três das cinco chacinas mais letais da história do Rio de Janeiro. Pergunto, é isso que os cariocas e fluminenses querem para si?

 

Nas próximas eleições, um nome desponta no RJ por sua representatividade, universalizada pelos últimos acontecimentos em busca do respeito à diversidade. O Prof. Dr. Babalawô Ivanir dos Santos é pré-candidato pelo PDT ao Senado. Filho de mãe prostituta queimada viva pela Polícia, ex-aluno FUNABEM, morador da Mangueira, com vida pública pautada na luta antirracista, pelas liberdades religiosas e defesa das minorias LGBTQI+. Ivanir foi protagonista na criação da Política de Cotas para negros nas universidades e na Caminhada pela Liberdade Religiosa, contra a Chacina da Candelária e o assassinato de Marielle. Sob o CEAP, ONG que fundou, nasceram importantes movimentos de resistência como As Mães de Acari e AfroReggae.

 

Negrogun, presidente do Movimento Negro do PDT/RJ, afirma que a candidatura de Ivanir tem “a mesma coerência que elegeu os primeiros governadores pretos do RS e do ES, Alceu Collares e Albuíno Azeredo e o primeiro senador preto pelo RJ, Abdias do Nascimento.  Note que Ivanir é candomblecista e seus suplentes são um judeu e um evangélico, todos pelo Estado Laico. Fato tão representativo que o atual presidente da ALERJ e, também, pré-candidato ao senado pelo PT, André Ceciliano, que esteve no lançamento da pré-candidatura de Ivanir dia 28/06, na ABI.


No entanto, o que se viu na convenção do PDT-RJ em 23/07, foi uma primeira fila com os mesmos brancos de sempre, sentados, e Ivanir, pré-candidato ao Senado, na segunda fila e em pé, local historicamente reservado simbolicamente à legítima representatividade da Senzala. A decisão do nome ao senado ficou para a executiva, os brancos ali reunidos na convenção, acharam por bem não abordar publicamente esse tema “negro”.

 

Vai ficar feio para o PDT expurgar Ivanir, da forma com que estão fazendo. Espero no bom senso e no viés ideológico do partido para que façam a autocrítica e revejam essa posição, no mínimo racista.

 

E cito a Prof.ª Pós-Doutora Helena Theodoro que afirma: “uma oportunidade única, eleger um senador preto, pobre e favelado, atento à população que é a maioria do povo fluminense. Ivanir é preparado, conhece de Políticas Públicas Sociais e maduro para levar um debate de alto nível ao Senado que exige equilíbrio e senioridade”.

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