Mostra de solos "Micelial - Raízes em Conexão " - Quatro estreias do Núcleo Pé de Zamba

 


Com a Mostra de Solos Micelial – Raízes em conexão”, o Núcleo Pé de Zamba estreia quatro criações, que trazem olhares sobre ancestralidade em "Sopros em Pedra nos Açude da Memória", de Jô Pereira, "Chão-Raiz", de Andrea Soares, "Irradiante", de Fabrício Enzo, e "Curare, Maré de Memórias", de Leandro Medina. De caráter itinerante, entre 10/9 e 8/10, a mostra cumprirá quatro mini temporadas, em diferentes regiões da cidade de São Paulo, passando pelo Teatro Arthur Azevedo, na Mooca (Zona Leste), Fábrica de Cultura Capão Redondo (Zona Sul), Ocupação Artística Canhoba, em Perus (Zona Noroeste), e Centro de Referência da Dança (Região Central).

Além dos quatro solos, será lançado o minidoc "Micelial – Raízes em Conexão", trazendo narrativas colhidas pela cineasta Sylvia Sanches (Cardamomo Filmes), durante os 42 dias da pesquisa de campo, que adentrou o agreste de Pernambuco e Paraíba, a região do Crateús, no Ceará, e as regiões metropolitanas de Belém e Bragança, no Pará, seguindo os rastros deixados pela ancestralidade de cada integrante do coletivo. O filme será exibido durante a mostra itinerante, nos intervalos entre as apresentações.    

Do encontro com as sombras de um passado desconhecido, mas imaginado, Jô Pereira, com “Sopros em Pedra nos Açude da Memória"faz escancarar - e curar - as dores das violências sociais que se sobrepuseram em apagamentos constantes de suas heranças afro-indígenas.

Em “Chão-Raiz”, Andrea Soares dança o ‘caminho de volta’, em busca de respostas sobre o ser não branca, não preta, não indígena e, ao mesmo tempo, ser um tanto de tudo isso ocultado por apagamentos profundos, evidenciando marcas, dores, belezas e encantamentos.

Ao desvendar e revelar o percurso de volta em Irradiante", Fabricio Enzo atravessa o vão da memória ancestral de quem migrou e quem ficou, construindo as próprias perspectivas sobre o horizonte, agora observado de perto da árvore que a raiz forte ajudou a nutrir e sustentar.

Finalmente, "Curare, Maré de Memórias" é um mergulho no rio sinuoso das ancestrais matriarcas amazônicas de Leandro Medina, que, com seus banhos, ervas e mistérios voltam à superfície, desvendando histórias de amores e medos.

Com orientação dramatúrgica de Valéria Cano Bravi, direção musical de Leandro Medina e trilha original livremente inspirada em canções de domínio público, composta pelos músicos Rodrigo Salvador e Luan Frenk, junto com os bailarinos do núcleo, os quatro solos contam ainda com Dede Ferreira na criação e operação de luz e a assinatura de Marcondes Lima na cenografia e figurinos.

A proposta faz parte de um movimento maior de decolonização, do qual o coletivo tem participado ativamente na última década. “Esta efervescência vem transformando os interesses das novas gerações em torno do que somos enquanto população e enquanto cultura, e a consequência é que, os descendentes daqueles que migraram para a cidade de São Paulo entre 1960 e 1980, quando houve um grande fluxo migratório, bem como os que vieram mais recentemente, estão se apoderando das narrativas que envolvem suas próprias histórias de vida, resignificando novos processos identitários que surgem e se fortalecem”, pondera  Andrea Soares, diretora do coletivo, que propões ainda o Ateliê de criação em dança contemporâneo-brasileira, "Re-Tornar-se”,  a ser realizado entre 26/9 e 7/10, na Ocupação Canhoba.

Desde sua fundação, em 2009, o Núcleo Pé de Zamba vem desenvolvendo a pesquisa autoral nominada dança “contemporâneo-brasileira”, onde a cultura brasileira, sua principal matéria-prima, toma forma expressiva através da construção de um corpo consciente de suas potencialidades para o movimento e para a cena, conquistadas gradativamente por meio de práticas de educação somática.

Realização da Ilumiara - Ser e Conhecer, com produção de Vanessa Lopes/ Independente, o projeto foi contemplado pela 31ª Edição do Programa Municipal de Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo - Secretaria Municipal de Cultura.




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Serviço:

Setembro

10 e 11/9 (sábado e domingo)

Teatro Arthur Azevedo – Sala Multiuso (Zona Leste)

Av. Paes de Barros, 955 - Alto da Mooca, São Paulo - SP, 03115-020

10/9, 20h

"Chão-Raiz", com Andrea Soares                                                                         

"Micelial - Raízes em Conexão", Minidoc de Sylvia Sanchez

"Irradiante", com Fabricio Enzo      

11/9, 18h

"Sopros em Pedra nos Açude da Memória", com Jô Pereira

"Micelial - Raízes em Conexão", Minidoc de Sylvia Sanchez                              

"Curare, Maré de Memórias", com Leandro Medina                                                        

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21 e 22/9 (quarta e quinta)

Fábrica de Cultura Capão Redondo (Zona Sul)

Rua Bacia de São Francisco, s/n - Conj. Hab. Jardim São Bento, São Paulo - SP, 05885-540

21/9, 14h30

"Sopros em Pedra nos Açude da Memória", com Jô Pereira

"Micelial - Raízes em Conexão", Minidoc de Sylvia Sanchez                              

"Curare, Maré de Memórias", com Leandro Medina

22/9, 14h30

"Chão-Raiz", com Andrea Soares                                                                         

"Micelial - Raízes em Conexão", Minidoc  de Sylvia Sanchez

"Irradiante", com Fabricio Enzo                 

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30/9 e 1/10 (sexta e sábado)

Ocupação Artística Canhoba - Cine Teatro Pandora (Zona Noroeste)

R. Canhoba, 299 - Vila Fanton, São Paulo - SP, 02675-031

30/9, 19h

"Sopros em Pedra nos Açude da Memória", com Jô Pereira                 

"Micelial - Raízes em Conexão", Minidoc de Sylvia Sanchez

"Curare, Maré de Memórias", com Leandro Medina         

1/10, 19h

"Chão-Raiz", com Andrea Soares

"Micelial - Raízes em Conexão", Minidoc de Sylvia Sanchez                              

"Irradiante", com Fabricio Enzo      

 

*Oficina

26/9 a 7/10 (segundas, quartas e sextas), das 10h às 13h

"Re-Tornar-se - Ateliê de criação em dança contemporâneo-brasileira", com Andrea Soares

Nº de vagas: 20 -  por ordem de inscrição

Inscrições: https://forms.gle/xnyUtGCnorhzvAnV9

Ocupação Artística Canhoba - Cine Teatro Pandora (Zona Noroeste)

R. Canhoba, 299 - Vila Fanton, São Paulo - SP, 02675-031

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Outubro

7 e 8/10 (sexta e sábado)

Centro de Referência da Dança - CRD (Centro)

Galeria Formosa Baixos do Viaduto do Chá s/n, Praça Ramos de Azevedo - Centro Histórico, São Paulo - SP, 01037-000

7/10, 20h

"Sopros em Pedra nos Açude da Memória", com Jô Pereira

"Micelial - Raízes em Conexão",  Minidoc de Sylvia Sanchez                             

"Curare, Maré de Memórias", com Leandro Medina         

8/10 20h

"Chão-Raiz", com Andrea Soares                                                                         

"Micelial - Raízes em Conexão", Minidoc de Sylvia Sanchez

"Irradiante", com Fabricio Enzo      

Sinopses

"Sopros em Pedra nos Açude da Memória", de Jô Pereira

O encontro com as sombras de um passado desconhecido, mas imaginado, permeados por realidades geográficas e humanas bem concretas, amalgamaram as danças para se escancarar - e curar - as dores das violências sociais que se sobrepuseram em apagamentos constantes das heranças afro-indígenas de Jô Pereira. A danças furtivas de ventos e rodas, de engrenagens e labaredas fazem emergir belezas e evidenciam as sutilezas de outros viveres da memória, no tempo presente.

Classificação indicativa: Livre

Duração: 40 minutos

"Chão-Raiz", de Andrea Soares

Chão-Raiz” é o dançar do “caminho de volta”, o traçado buscador de respostas sobre o ser não branca, não preta, não indígena e, ao mesmo tempo, ser um tanto de tudo isso: uma fonte de impossibilidades construídas pelos apagamentos tão profundos, ao ponto de se tornar fértil, num desfolhar de camadas em movimento dançado, revelando a essência do que se é, para além do explicável pela razão. É, também, o resgate dessa essência na intenção de colaborar com um vir-a-ser plural e inclusivo para todas as pessoas, evidenciando marcas, dores, belezas e encantamentos, que podem nos possibilitar (re)conhecer os fatos e (re)escolher os caminhos.

Classificação indicativa: 12 anos

Duração: 40 minutos

"Irradiante", de Fabricio Enzo                                                      

Beber da memória de ancestrais em vida é atravessar o vão entre quem ficou e quem migrou. Como alcançar raízes que se expandiram, para estabelecer comunicação e buscar nutrientes. E, para saborear os frutos dessa árvore ancestral, é necessário desvendar e revelar o percurso de volta, construindo as próprias perspectivas sobre o horizonte, agora observado de perto da árvore que a raiz forte ajudou a nutrir e sustentar.

Classificação indicativa: Livre

Duração: 40 minutos

"Curare, Maré de Memórias", de Leandro Medina

Um mergulho na história das ancestrais, matriarcas amazônicas de Leandro Medina e sua reverberação na história pessoal do artista. Seus banhos, suas ervas, seus mistérios encharcados de suor e chuva, no curso de um rio sinuoso, onde o passado volta à superfície, desvendando histórias de amores e medos.

Classificação indicativa: Livre

Duração: 40 minutos

Entrada Gratuita

 

Ficha Técnica:

Concepção e coordenação: Andrea Soares | Elenco: Andrea Soares, Fabrício Enzo, Jô Pereira, Leandro Medina | Orientação Dramatúrgica: Valéria Cano Bravi | Direção Musical: Leandro Medina | Trilha Sonora Original: Rodrigo Salvador, Luan Frenk, Andrea Soares, Fabrício Enzo, Jô Pereira, Leandro Medina | Execução ao Vivo: Rodrigo Salvador, Luan Frenk | Operação de Som: Teo Ponciano | Iluminação e operação de Luz: Dede Ferreira | Cenografia e Figurino: Marcondes Lima, Andrea Soares | Execução cenográfica: Paulo Galvão | Execução de figurinos: Maria Oliveira, Maria Gomes, Selma Paiva, Sheila Uyenabo Preparação Corporal em Eutonia: Karen Muller | Preparação Corporal em Gyrokinesis: Daniela Augusto | Preparação Vocal: Rodrigo Mercadante | Ateliê de Criação: Andrea Soares | Direção e Captação de Imagens Minidoc: Sylvia Sanchez /Cardamomo Filmes | Roteiro Minidoc: Marina Bastos, Sylvia Sanchez /Cardamomo Filmes | Montagem Minidoc: Marina Bastos | Fotografia: Silvia Machado, Sylvia Sanchez | Registro em Vídeo: Sylvia Sanchez /Cardamomo Filmes | Identidade Visual e Arte Gráfica: Beatriz Carvalho | Assessoria de Comunicação: Elaine Calux, Vanessa Lopes | Redes Digitais: Portal MUD | Apoio: Oficina Cultural Oswald de Andrade, TUSP/ECA, Ocupação Artística Canhoba, Fábrica de Cultura Capão Redondo, Centro de Referência da Dança, Teatro Arthur Azevedo | Assistente de Produção: Gabriel Augusto | Produção Executiva: Vanessa Lopes / INdependente | Realização: Ilumiara - Ser e Conhecer, Núcleo Pé de Zamba | Financiamento: Programa de Fomento à Dança para Cidade de São Paulo.



 

Núcleo Pé de Zamba

Coletivo dedicado à pesquisa multiartística para a cena, a partir das culturas tradicionais brasileiras, o Núcleo Pé de Zamba trafega pela Dança, Teatro, Literatura e Música. Em seus 13 anos de existência (2009-2022), insiste em defender que, nos meandros de nossas culturas tradicionais reside rica matéria-prima para criação, capaz de engendrar beleza, gerar diversidade e trazer reflexão sobre temas relevantes de nossa contemporaneidade. Mais do que isso, o Núcleo Pé de Zamba acredita que um povo se faz mais forte quando mergulha em si mesmo: só uma raiz profunda pode sustentar uma árvore frondosa! No currículo, traz alguns prêmios e editais (Funarte Klauss Vianna de Dança/2012; Caixa Cultural de Salvador/2015; Proac de Incentivo à Leitura/2015; Fomento à Dança para a Cidade de São Paulo/2018 e 2021), além da circulação regular pelas unidades do SESC-SP, na capital e no interior, e a participação em projetos como o ônibus-biblioteca da SMC-SP, e “Deixa que eu Conto Amazônia”, via UNICEF. Seu repertório conta com espetáculos de dança (“Glocalidades: antropofagia nossa de cada dia”/2010, “A cruz que me carrega”/2013, “Descarrego”/2013,“Bons de Jogo”/2016, “Cor-Ação”/2019, e “SerTÃOmar”/2019), teatro e narrativas de histórias/brincadeiras (“Silibrina? É a Diana, Menina!!!”/2009; “Para Lá das Palavras”/2011; “Que Língua é essa?”/2014); literatura (“Contando ninguém acredita”/2019); e show musical ("Zambaria" /2015).

https://www.instagram.com/pedezamba/

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