A exposição Memórias do Futuro, com curadoria de Mário Medeiros, ocupa o Memorial da Resistência de São Paulo
A partir do dia 04 de junho, quem for visitar o Memorial da Resistência em São Paulo, museu da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, irá conferir a exposição Memórias do Futuro: Cidadania Negra, Antirracismo e Resistência que ocupa 689 m² do museu e faz um resgate das lutas pelos direitos da população negra no estado de São Paulo do período de 1888 até os dias de hoje através de 450 materiais entre fotos, cartazes e documentos e a participação de artistas como Bruno Baptistelli, Geraldo Filme, João Pinheiro, Moisés Patrício, No Martins, Renata Felinto, Sidney Amaral, Wagner Celestino e Soberana Ziza.
Legenda
foto 2 - Manifestação
do Movimento Negro Unificado contra a Lei Afonso Arino e Caminhada por Zumbi
nas ruas do centro de São Paulo, em 1980. Foto de Jesus Carlos.
"A exposição gratuita, que tem curadoria do sociólogo e escritor Mário Augusto Medeiros da Silva, com apoio da pesquisa documental feita pela historiadora Pâmela de Almeida Resende e pela pesquisadora do Memorial da Resistência Carolina Junqueira Faustini, é baseada nos trabalhos realizados por ele sobre às lutas lideradas pela população negra brasileira, que constitui, desde suas origens, uma das principais forças contestadoras da repressão e da violação de direitos humanos cometidas na história do nosso país.
Para Ana Pato,
Coordenadora do Memorial da Resistência, a mostra traz à tona a
continuidade e a persistência do associativismo negro em suas formas de
resistência ao longo dos anos. “Como um lugar de memória reforçamos a
missão que o Memorial tem com a luta pela valorização dos princípios
democráticos, pelo exercício da cidadania e pela educação em direitos humanos.
Entendemos que é urgente nos indagarmos enquanto cidadãos sobre a nossa
responsabilidade na perpetuação do racismo e como podemos nos engajar na luta
antirracista para construir uma sociedade verdadeiramente democrática. Esta
exposição é um convite para seguirmos os fios tecidos por mulheres e homens
negros em torno de suas memórias e fabulações por um futuro.”
A experiência negra é parte da história da cidadania
brasileira e sua luta por direitos e, é necessário contá-la para saber quem
somos e o que almejamos ser enquanto sociedade. É esta a motivação central da
exposição que norteia a extensa pesquisa desenvolvida pelo sociólogo e escritor
Mário Medeiros. A cidade de São Paulo colonial, construída por mãos
negras, os projetos iniciados por eles antes da República e em meio à Abolição
desde 1889 até hoje são reflexos da frase: Enquanto houver racismo, não haverá
democracia. “Em todos esses períodos, os associativismos e movimentos negros
sempre estiveram lá e é importante reconhecê-los, homenageá-los e aprender com
essas vidas negras impressionantes. Elas lutaram para existir em um tempo
melhor. Ao fazer isso, pensaram em si e em seus descendentes. A luta por
direitos é incessante, justa, pública e encontrará a sua vitória, através de
nossas ações e nossos compromissos antirracistas públicos com relação ao
passado, presente e ao futuro”, diz o curador da mostra.
ESTRUTURA
DA EXPOSIÇÃO
Antes mesmo
de adentrar ao museu os visitantes já são impactados pela exposição. Ainda na área externa, um grande painel de 21
m x 4,60 m feito pela multiartista e grafiteira paulistana Soberana Ziza. Inspirada na força das palavras das mulheres negras
de Geledés ela fez uma obra que retrata a projeção da mulher negra. O painel que recebeu o nome de “Fio da
Memória” é um convite para as pessoas visitarem a exposição.
Mário Medeiros explica que Memórias do Futuro mostra
diferentes experiências coletivas que se organizam nesse fio, formando conexões
de lutas por direitos, solidariedade antirracista e afirmação da vida negra
como forma de resistência. “Mulheres negras e homens negros que dialogam conosco,
mostrando seus caminhos criados e imaginados em coletivo, buscando
alternativas, lutando ontem, hoje e sempre por dias melhores. Não basta não ser
racista: é necessário ser antirracista. Conheçamos um pouco da história da vida
negra de São Paulo e suas lutas, vitórias, alegrias e dores. O presente e o
futuro exigem muito dessa coragem de todas e todos nós.”
Para isto, a exposição contará com oito eixos que vão desde o período colonial, passando pelos grêmios recreativos e clubes de lazer; pela imprensa negra que já existia antes mesmo da Abolição; assim como a literatura com destaque para Carolina Maria de Jesus, Lino Guedes e Oswaldo de Camargo; as expressões artísticas retratadas nos grupos e escolas de samba; teatro folclórico, bailes blacks e hip hop. A repressão tem papel de destaque, no contexto do Memorial da Resistência, reunindo documentos de vigilância do Departamento de Ordem Política e Social (DEOPS), das perseguições às práticas religiosas de matrizes africanas e afro-brasileiras, por meio da Delegacia de Costumes e testemunhos do Acervo do Memorial. No sétimo eixo, o período da redemocratização e a nova república, do Movimento Negro Unificado à Coalizão Negra por Direitos. Por fim, o oitavo eixo que trata do feminismo negro e diferentes reivindicações de mulheres negras, da presença de intelectuais negras nacionais e internacionais em debates, publicações, inspirando a criação de coletivos de mulheres e da juventude negra em geral.
Legenda
foto 3 -
Memorial_Memorias do Futuro - Cortejo de carnaval do Bloco Afro Ilú Obá
De Min em São Paulo, em 2017. Foto de Vanderlei Yui/cortesia Ilú Obá de Min.
Legenda foto 4 - Memorial Memorias do Futuro - Ato público nacional organizado pela
“Coalizão Negra por Direitos” contra o racismo e todas as formas de opressão.
São Paulo, 07 de setembro de 2021. Foto de Caio Chagas/cortesia Coalizão Negra
por Direitos.
* A mostra ficará em cartaz no Memorial da Resistência de São Paulo de 04/06/2022 a 08/05/2023 e foi criada em colaboração com organizações e coletivos convidados, como a Coalização Negra por Direitos, a revista O Menelick 2º Ato, a Capulanas Cia de Arte Negra e o Ilú Obá de Min, em parceria com os arquivos e acervos de cultura negra no AEL – Unicamp, o Arquivo Público do Estado de São Paulo, o Museu da Imagem e do Som, a Pinacoteca do Estado, e o Condephaat.
Sobre o Memorial
da Resistência de São Paulo
O Memorial da Resistência de São Paulo, museu da
Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, tem como
missão a valorização e a preservação das memórias da repressão e da resistência
políticas no Brasil republicano (1889 à atualidade), especialmente no período
da ditadura civil-militar (1964-85). Este trabalho é realizado por meio da
educação, da pesquisa, além da organização de exposições temáticas norteadas
pela defesa da cidadania, da democracia e dos direitos humanos. Entre 1940 e
1983, funcionou no edifício que hoje abriga o Memorial o Departamento Estadual
de Ordem Política e Social de São Paulo (Deops-SP), uma das polícias políticas
mais truculentas do país, fazendo do espaço museu um local com enorme valor histórico e simbólico.
Sobre
Mário Augusto Medeiros da Silva
Docente na UNICAMP, possui graduação em
Ciências Sociais (2003), mestrado em Sociologia (2006) e doutorado em
Sociologia (2011) pela mesma Universidade. É Diretor Adjunto do Arquivo Edgar
Leuenroth - AEL/Unicamp (2020-). Tem experiência na área de Sociologia, com
ênfase em Teoria Sociológica, atuando sobretudo com as temáticas Pensamento
Social Brasileiro, Literatura e Sociedade e Intelectuais Negros. Recebeu, em
2013, o Prêmio para Jovens Cientistas Sociais de Língua Portuguesa, do Centro
de Estudos Sociais, da Universidade Coimbra. É autor do livro “Gosto de Amora”
(Editora Malê, 2019), finalista da 62ªedição do Prêmio Jabuti; e de "Numa
Esquina do Mundo (Editora Kapulana, 2020), semifinalista do Prêmio Oceanos de
Língua Portuguesa"
Exposição: Memórias do Futuro: Cidadania Negra, Antirracismo e Resistência
Período: 04/06/2022 a 08/05/2023
Faixa etária: Livre
Entrada: Grátis
Local: Memorial
da Resistência de São Paulo
Endereço: Largo General Osório, 66 - Santa Ifigênia
Horário: quarta a segunda, das 10h às 18h (fecha às
terças)
Os
ingressos do Memorial estão disponíveis no site e na bilheteria do
prédio. Reservas
aqui.
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Divulgação
da Exposição - Memórias do Futuro
SI Comunicação
Silvana Inácio silvana@sicomunicacao.com.br
Malu Bonetto atendimento@sicomunicacao.com.br
Tel: (11) 3042-5641/ (11) 97688 -3624
Secretaria
de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo
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de Imprensa
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