Organizada por Jonathan Raymundo e Rodrigo França, coletânea lançada pela Agir exalta, em 28 textos, a potência e a pluralidade das narrativas negras

 PRETAGONISMOS

Organizada por Jonathan Raymundo e Rodrigo França, coletânea lançada pela Agir 

exalta, em 28 textos, a potência e a pluralidade das narrativas negras


“Poder é a capacidade de definir a realidade. Definir os sentidos, os limites, as ordens, as lógicas que regulam a sociedade, os acontecimentos e as pessoas.” Certos de que as narrativas constituem importantes instrumentos de poder, o historiador Jonathan Raymundo e o filósofo e articulador cultural Rodrigo França, autores dessa passagem, aceitaram o desafio de organizar, para a editora Agir, a obra Pretagonismos, que chega agora às livrarias. O volume, que reúne textos de diferentes formatos, entre ensaios, relatos pessoais, crônicas, contos e poemas, foi pensado para exaltar a potência e a pluralidade das vozes negras. Assim, reivindica o direito inalienável da mulher negra e do homem negro à sua escrita e ao domínio de suas próprias histórias. 

Na obra, Eliana Alves Cruz constrói o retrato de uma infância marcada pelo racismo. Já Anielle Franco analisa o legado de Marielle; Henrique Vieira avalia sua experiência como pastor negro; Carla Akotirene fala sobre feminismo e interseccionalidade; Jonathan Raymundo aborda a ideia de raça na construção da identidade nacional; e Rodrigo França revisita sua vasta formação intelectual, lembrando que seus variados retornos à universidade foram formas de sobreviver no universo preconceituoso que permeou sua vida. 

 

Filó Filho, Aza Njeri, Adailton Moreira Costa, Elisa Lucinda, Rico Dalasam, Érico Brás, William Reis, Doralyce, Flávia Oliveira e Sabrina Fidalgo são outras das 28 personalidades de peso que colaboraram com a coletânea. A cantora e ativista Narubia Werreria, como uma representante da voz indígena, também foi convidada a participar do projeto.

 

Diante de um país que tradicionalmente invisibiliza rostos, cabelos e corpos negros, Pretagonismos nasce como uma obra essencial e urgente. Não à toa, seus organizadores fizeram questão de estampar a capa da edição com um mosaico formado pelas fotos e os nomes de todos os seus autores. “[O livro] foca nas mazelas estruturais do racismo, mas aponta caminhos de esperança para um futuro que, como evoca Katiúscia Ribeiro, é ancestral”, dizem França e Raymundo no prefácio. “Cada intelectual que compõe este livro é um raio de sol para nosso povo preto.”

COLABORARAM COM A OBRA

Eliana Alves Cruz, Filó Filho, Aza Njeri, Pedro Carneiro, Katiúscia Ribeiro, Diego Moraes, Deborah Medeiros, Fábio Kabral, Adailton Moreira Costa, Elisa Lucinda, Julio de Sá, Leonardo Morjan Britto Peçanha, Mariana Ferreira, Anielle Franco, Henrique Vieira, Rico Dalasam, Valéria Barcellos, Érico Brás, Marco Rocha, William Reis, Doralyce, Flávia Oliveira, Sabrina Fidalgo, Andressa Cabral, Jonathan Oliveira Raymundo, Rodrigo França, Carla Akotirene e Narubia Werreria

OS ORGANIZADORES

JONATHAN OLIVEIRA RAYMUNDO - Bacharel e licenciado em História pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Docente nas áreas de História, Filosofia e Sociologia. Pesquisador independente das relações raciais no Brasil, atuando como consultor e palestrante no tema. Criador e produtor do festival e movimento sociocultural Wakanda in Madureira. Colunista do site Mundo Negro e do Movimento Black Money. É empreendedor social e pesquisador, realizando trabalhos para o teatro e para a televisão (no programa Espelho, apresentado por Lázaro Ramos). Roteirista do Programa Excelência, tendo roteirizado também o clipe da música “A Coisa está Preta”, de Mc Rebecca e Elza Soares. Roteirista do projeto Felicidade Black, da Universal Music e do selo TsVox Music, no qual também atuou como apresentador. Roteirista do programa Futuro Ancestral, da GNT. Apresentador, atuou na Feira Literária do Samba 2021 e em diversas lives em 2020. Apresentador também da Primeira Expo Internacional do Dia da Consciência Negra, realizada pela Prefeitura de São Paulo. Poeta com textos publicados em jornais, revistas e no espetáculo Poesia e Melodia. Autor do monólogo “E vocês, quem são?”, encenado no Festival Amparo, da Secretaria Municipal do Estado de São Paulo em 2021. Recebeu o prêmio Carolina Maria de Jesus, em 2019, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro por meio da Comissão de Direitos Humanos.


RODRIGO FRANÇA - Articulador cultural, ator, diretor, dramaturgo, cineasta, escritor e artista plástico. É ativista pelos direitos civis, sociais e políticos da população negra no Brasil. Filósofo político e jurídico, atua como pesquisador, consultor e professor de direitos humanos fundamentais. Já expôs suas pinturas no Brasil, nos Estados Unidos e em Portugal. Ganhou o Prêmio Shell de Teatro 2019, na categoria Inovação, pelo Coletivo Segunda Black, do qual é cocriador e curador. A iniciativa também foi contemplada com o 18º Prêmio Questão de Crítica. Já trabalhou em 42 espetáculos como ator e em oito como diretor. Escreveu sete espetáculos teatrais, entre eles: O Pequeno Príncipe Preto, Capiroto e Inimigo Oculto. Entre os espetáculos que dirigiu estão: Oboró: Masculinidades Negras, O amor como revolução e Enlaçador de mundos. No cinema, dirigiu o documentário De volta para casa e os curtas Manual: como esquecer um grande amor e Escuta e o longa-metragem Beleza pura. Escreveu os livros O pequeno príncipe preto, O pequeno príncipe preto para pequenos e Confinamentos e afins (junto com Adalberto Neto).


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