Bernadete comemora 49 anos no carnaval, e é homenageada durante ensaio técnico da escola de samba Estrela do Terceiro Milênio

 


No último sábado (19/03), quem esteve no sambódromo do Anhembi viu uma linda e  inédita imagem: a cantora Bernadete, da ala musical da coirmã Unidos do Peruche, na alegoria que abriu o desfile da agremiação. A cantora, que subiu pela primeira vez em uma alegoria em 49 anos cantando na passarela do samba, é homenageada do enredo “Ô abre alas que elas vão passar”, idealizado pelo carnavalesco Murilo Lobo. 

“Bernadete traz com ela uma história de luta, força, superação e muita garra. As vidas das nossas homenageadas se cruzam em alguns momentos, quando elas decidem acreditar em seus próprios sonhos. Ninguém melhor do que ela, a personificação da resistência  das mulheres no nosso Carnaval, para abrilhantar essa reestreia memorável no Anhembi depois de dois anos. Foi muito emocionante”, declara Murilo. 

Uma das estrelas do carnaval paulistano, a “Tulipa Negra do Samba”, como Bernadete é carinhosamente chamada pelo público foi a primeira mulher intérprete de samba-enredo, um ato de força e ousadia para a década de 1991. Por tradição, as alas musicais das escolas normalmente são formadas por músicos homens, algo que permanece até os dias de hoje. Grazzi Brasil, cantora da Milênio e Paraíso do Tuiuti é a única voz oficial no eixo da folia do Rio de Janeiro e São Paulo. 

“Substituí Eliana de Lima que foi ganhar bebê,  na ocasião previsto para depois do Carnaval, porém veio antes. E assim eu inaugurei o Anhembi e estreei como voz oficial cantando o samba “Quem Arrisca, Não Petisca”, dos meus amigos Ideval Anselmo, Carlinhos e Zelão”, relembra Bernadete. Na época, a escola conquistou o 4° lugar do grupo Especial e a cantora se manteve no cargo até 1993, saiu e retornou em 2005 onde permanece até hoje. 

“Esse enredo nos proporciona momentos mágicos como esse que apresentamos sábado. É uma honra poder homenagear toda obra e luta da Bernadete em vida”, conta Gilberto Rodrigues, o Giba, presidente da Milênio. 

Maria Bernadete Raimundo – “Tulipa Negra do Samba”

Criada na Lapa, filha de violonista, se apaixonou pela música  ainda criança quando seu pai promovia encontros musicais com muito choro e samba. “Meu pai foi um dos maiores motivos para eu cantar”, diz. Fez parte do grupo “Sexta-feira”, ao lado do irmão mais velho. Fez parte dos encontros do bloco Voz do Morro, que se fundiu à escola de samba Império Lapeano, fundada por Bernadete, José Cruz Gonçalves e seu Divino, em 1974.



Comentários