As Mulheres dos Cabelos Prateados fazem temporada on-line

 


Fotos: Leticia Godoy

Com texto inédito de Ave Terrena – que também assina a direção junto com Georgette Fadel –, a peça traz à cena histórias de mulheres perseguidas durante a ditadura militar no Brasil, muitas delas sem nenhum tipo de envolvimento com a luta armada, o que demonstra a generalizada e gratuita violência de Estado do período

 

Após uma temporada presencial curta, mas muito concorrida, o espetáculo “As mulheres dos cabelos prateados” chega ao formato digital e ganha exibições no www.youtube.com/caboclas entre 16 e 23 de dezembro de 2021, às 21h. Nos dias 1718 e 19 de dezembro, haverá sessões extras, às 19h.

A peça, escrita por Ave Terrena, colocou as atrizes Camilla Flores, Carlota Joaquina, Gabrielle Araújo, Silmara Deon e Thais Dias nas escadas e escombros do Centro Cultural Vila Itororó, importante patrimônio histórico paulistano, para recuperar histórias de mulheres que não tinham envolvimento com a luta armada, mas que sofreram violência de Estado no período ditatorialA montagem tem direção de Georgette Fadel e Ave Terrena e trilha sonora de Evelyn Cristina (DJ).

Contada a partir de uma perspectiva feminina, a peça mostra que a repressão militar, geralmente associada à figura de homens, também foi direcionada às mulheres. O espetáculo aprofunda a humanidade dessas mulheres, sem ignorar o contexto de opressão, e traz à tona a força, a resistência e a potência de quem sobreviveu e conseguiu reconstruir a vida após a prisão, mas com um contorno muito particular, devido a questões de gênero. A premissa de "As mulheres dos cabelos prateados" é livremente inspirada no livro "As mulheres dos cabelos de metal", da escritora brasileira Cassandra Rios (a mais censurada durante a ditadura).

A construção em versos é a maior marca de linguagem do espetáculo, que parte do olhar de estranhamento causado pelo absurdo do terror de Estado, passa pela perplexidade diante da ideia de país construída sobre o Brasil na ditadura e chega ao compromisso de solidariedade e consumação do desejo através da luta. Os acontecimentos relatados são recriados com inspiração nas formas do chamado realismo fantástico, com referência no romance "O parque das irmãs magníficas", da escritora argentina Camila Sosa Villada, que, assim como Ave, também é travesti. Tudo sob o ponto de vista de uma alienígena: Zarka.

 


Sobre a dramaturgia de “As mulheres dos cabelos prateados”

Com a expansão espacial na década de 1970, os seres humanos aterrissam em lugares nunca antes alcançados no Universo. Temendo uma guerra, as mulheres Zurk – alienígenas de cabelos prateados, habitantes das crateras do planeta Vurk (Lua) – decidem fazer uma investigação. Encaminham relatoras para pesquisar a humanidade e decidir se ela deve ou não ser desintegrada. Entre elas, está Zarka, locutora da rádio Zurk Brasil, pela qual transmite notícias sobre a situação do país. Disfarçada de humana, vive como uma mulher comum, usando seu poder de ler a mente das pessoas para desvendar suas memórias e sentimentos.

Quando se depara com um ato de mulheres dançando em praça pública para reivindicar o direito de enterrar seus mortos, vítimas da ditadura, há anos desaparecidos, Zarka inicia uma busca incessante pelas histórias dessas mulheres, reveladas uma a uma: Nilze, Jacira, Dilinda e Márcie. Abismada com o terror incompreensível que rege as relações e dissemina a injustiça no Brasil, Zarka decide não retornar ao seu planeta para lutar ao lado das humanas, pedindo às suas irmãs Zurk que não desintegrem a humanidade. Ao reconhecer-se nas mulheres cujas histórias relatou, a alienígena percebe que elas também são mulheres de cabelos prateados.

 

Ficha Técnica

Dramaturgia: Ave Terrena | Direção: Ave Terrena e Georgette Fadel | Assistente de direção: Sarah Lessa | Elenco: Camilla Flores (Márcie), Carlota Joaquina (Dilinda), Gabrielle Araújo (Nilze), Silmara Deon (Zarka) e Thais Dias (Jacira) | Trilha sonora: DJ Evelyn Cristina | Direção de produção: Gabrielle Araújo | Produção executiva: Monica Vasconcellos | Figurinos: Helena Casal de Rey e Su MartinsCenografia: Cesar Rezende Cenotécnico: Fernando Baiano | Iluminação: Carol Autran | Visagismo: Paulette Pink | Fotos: Letícia Godoy | Arte: Viviane Lamana | Redes sociais: Vox Baccai | Assessoria de imprensa: Canal Aberto | Idealização: Carlota Joaquina, Gabrielle Araújo e Silmara Deon | Produção: Caboclas Produções

O espetáculo "As mulheres dos cabelos prateados" é realizado pela Caboclas Produções, contemplada no edital PROAC Expresso LAB nº 47/2020 – PRÊMIO POR HISTÓRICO DE REALIZAÇÃO EM TEATRO – Modalidade C – Produção – Pessoas Jurídicas, com recursos da Lei Aldir Blanc, através do Ministério do Turismo, Secretaria Especial da Cultura, Governo do Estado de São Paulo por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa.

 


SERVIÇO

Espetáculo “As mulheres dos cabelos prateados”

Temporada on-line

De 16 a 23 de dezembro, às 21h

Dias 17, 18 e 19 de dezembro: sessões extras, às 19h

Onde: www.youtube.com/caboclas

Gratuito | 60 minutos | 12 anos

 

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