Santos ( SP), Projeto de Inovação Cidadã forma agentes populares de Saúde para atuarem contra a pandemia em seus territórios
Iniciativa do Instituto
Procomum, em parceria com a Unifesp e Instituto Elos Brasil, capacitou lideranças comunitárias e
territoriais , com foco na saúde e na informação para promoção do bem-estar.
O Instituto Procomum, em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e o Instituto Elos Brasil, finalizou no último mês de julho o curso Agentes Populares de Saúde - APopS, capacitando 18 pessoas a atuarem voluntariamente em seus respectivos territórios para promover o cuidado comunitário e formas de protenção da vida em relação à COVID-19.
Além de atender às demandas urgentes e os complexos desafios impostos pela atual crise sanitária em três polos da cidade de Santos (Centro Histórico, Zona Noroeste e Morros), a iniciativa aponta para o fomento de redes de inovação cidadã, uma das premissas da organização.
Os encontros ocorreram durante cinco semanas, com grupos reduzidos, divididos em três espaços, observando as medidas de prevenção à Covid-19: o LAB Procomum, a Associação de Melhoramentos do Morro da Nova Cintra e o Instituto Arte no Dique.
Proteção às comunidades
periféricas
A ideia para o projeto surgiu durante a campanha Frente Baixada Pela Vida, em 2020, que somou esforços de organizações da sociedade civil da região – e, posteriormente, da Diocese de Santos –, tão logo a crise sanitária se instalou.
A ação reforçou o entendimento da importância da criação de processos de proteção às comunidades periféricas para além das questões emergenciais.
A articulação do curso de
extensão para formação dos ApopS resultou em uma proposta pedagógica plural,
elaborada em conjunto por profissionais da UNIFESP, trabalhadores da rede de
saúde, da assistência social, do Instituto Procomum, do Instituto Elos e do Fórum da Cidadania e lideranças
comunitárias.
Durante o curso, os participantes
discutiram e aprenderam mais sobre a pandemia e seus impactos em populações
mais vulneráveis, além da importância de fontes de informação confiáveis, da
defesa dos direitos sociais e do papel das mobilizações populares contra
retrocessos, entre outros temas.
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"As
lideranças já têm uma importante atuação em suas
comunidades e queremos, além de compartilhar informações sobre
a Covid-19, estimular a formação de vínculos e trocas de tecnologias
para acessar os territórios e superar
as dificuldades”
Marília Guarita, Diretora de Recursos do Instituto Procomum.
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Iniciativas semelhantes estão em andamento
pelo país e também inspiraram a existência do grupo na Baixada Santista. Entre
elas o projeto de formação de APopS no Recife (PE), proposto pela Fundação
Oswaldo Cruz (FioCruz) em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE),
que também envolve movimentos sociais como Mãos Solidárias, Periferia Viva e o MST.
Objetivos comuns e potencial replicável
A união de forças entre diferentes setores da sociedade, com suas respectivas potências, plataformas, recursos e saberes foi um dos diferenciais propostos pelo curso para propor o enfrentamento de problemas reais. Com isso, fortalece-se a mobilização das redes e a presença dos APopS não só em seus territórios, como coletivamente.
Para a assistente social Mariana Torres
Behr, 40 anos, moradora do Monte Serrat, participar da formação ao lado de
profissionais de saúde valorizou sua experiência também como cidadã.
“Espero que
outras formações possam ser criadas, para ampliar as nossas redes. Sinto-me
realizada e pertencente ao lugar, não só por conhecer mais pessoas, mas, principalmente, por
partilhar objetivos comuns”, comenta.
Uma das ações idealizadas pelos novos agentes da região do Centro, por exemplo, é um trabalho de conscientização sobre a importância da lavagem adequada das mãos. Da mesma forma, as demais turmas planejam ações de acordo com suas próprias demandas, já que cada local apresenta suas especificidades.
“Aqui
no Centro existem muitas pessoas em situação de rua e habitações precárias, com
acesso escasso à água, a produtos de higiene e também à informação. Hoje
percebo o quanto isso é de vital importância para o bem-estar comum”, comenta
Helena Aparecida Ferreira, 52 anos, também
formada pelo curso.
Relatos de
participantes, colhidos durante o curso:
“Precisamos encorajar os outros a cuidar da comunidade.
Mudar a realidade através da informação
e da consciência”
“Essas pessoas (governo) não sentem?
Pensar na gente
já sabemos que não pensam. Mas não
sentem”?
“É muita casa sem gente e muita gente sem
casa”
“A gente usa máscara emprestada, não
temos onde lavar.
R$ 5 uma máscara? Como comprar”?
“Comecei o curso não querendo tomar a vacina....
Agora estou ansiosa para minha vez”!
.
Sobre o Instituto Procomum
O Instituto Procomum é uma organização
sem fins lucrativos que trabalha para ativar e participar de redes cujo foco é
promover a transformação social e inventar um mundo comum entre diferentes. +
Info: www.procomum.org | IG: @procomum
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