Fé no futebol - A combinação social entre religião e futebol

 

Jogador Paulinho do Bayer Leverkusen /MB Media/Getty Images



Essa semana, o jogador Paulo Henrique em reportagem no "The Player´s Tribune", declarou sua devoção aos cultos afros: "Que Exu Ilumine o Brasil. A matéria vem repercutindo pelo mundo todo, depois que o atacante refletiu sobre está às vésperas de disputar uma olimpíada com a camisa da Seleção Brasileira. 

Em carta publicada no "The Player's Tribune", o jogador de 21 anos recordou seus primeiros passos no futebol, sua evolução no Vasco até chegar à Seleção Olímpica. Paulinho pede o fim das desigualdades no país e fala sobre o sonho olímpico da Seleção e destacou que o bicampeonato olímpico pode ser um alento para um país que lida com a pandemia de Covid-19. 

"Rezo todos os dias para que Exu ilumine o Brasil e os nossos caminhos. Que os orixás nos dêem forças pra buscar essa medalha de ouro. O brilho dela seria um alento para o povo brasileiro após tantos meses de caos no país", declarou.

Sua declaração ecoou, devidamente valorizada pelo Prof. Dr. Babalawô Ivanir dos Santos, que fez uma avaliação sobre a combinação social entre religião e futebol. O artigo foi publicado na coluna da Jornalista Lu Lacerda - IG, sobre a importantíssima manifestação de fé do jogador

https://lulacerda.ig.com.br/opiniao-por-ivanir-dos-santos-babalao-fe-no-futebol-que-as-palavras-do-jogador-paulinho-continuem-ecoando/

“A iniciativa ajuda a garantir o direito de proferir nossa fé, não é de hoje que sofremos abusos de todos os lados. Sua declaração ajuda no combate de práticas preconceituosas”, atestou o Babalawô Ivanir dos Santos, que é interlocutor da CCIR - Comissão de Combate à Intolerância Religiosa.


Por Pai Denisson D'Angiles, do Instituto CÉU ESTRELA GUIA - SP

 

Deus te abençoe

Vá com Deus

Minha Nossa Senhora

Ave Maria

Jesus lhe guarde e olhe por nós....

 

Em um país laico a bênção é livre desde que siga uma seita pré-determinada, preferencialmente cristã, branca e eurocêntrica. Será?  No último dia 20 de julho, às vésperas da Olimpíada, o atacante Paulinho postou um clamor em suas redes sociais que deu luz a muitas discussões: “Exu ilumine o Brasil”era o pedido de Paulinho.

 

“Deus acima de todos”, diria nosso atual presidente, o que não deixa de ser uma verdade, uma vez que, de acordo com o ONDH, as denúncias de casos relacionados à intolerância religiosa aumentaram 41,2% no primeiro semestre de 2020 em relação ao mesmo período de 2019.

 

E o que isso tem a ver com a declaração de Paulinho? TUDO.

 

Foi-se o tempo em que os cultos às religiões afro se limitavam às senzalas, que as mulheres conhecedoras de ervas eram queimadas, santa inquisição impunha o medo e morte a defesa e divulgação de qualquer religião "não crista". A crença popular no Brasil, ainda hoje, atribui a determinadas pessoas o poder de causar o mal, doenças ou até mesmo a morte a outras, e isto, da mesma forma que trouxe fama para os sacerdotes, mas também impulsiona atos de intolerância religiosa, ataques a templos religiosos, violência, discriminação entre outras ações que dia após dia tentam calar e calam nossa voz.

 

O posicionamento de Paulinho não só expõe sua fé e seu desejo de dias melhores a nossa nação, como também ilumina o fato de que não queremos ser tolerados, a Umbanda, o Candomblé, o Tambor de Mina ou qualquer outra religião, seja ela de matriz afro ou não, não deve ser TOLERADA, deve ser RESPEITADA. Professar sua fé, seja ela qual for, deve ser tão normal quanto é uma procissão de Nossa Sra. Aparecida em 12 de outubro, data essa católica e de feriado nacional.

 

Como sacerdote de Umbanda reitero que a liberdade de culto é apenas mais um exemplo de livre arbítrio tão importante na vida humana, de modo que aqueles que são firmes em suas crenças não devem ser desqualificados por aqueles que não as compartilham. Pelo contrário, esta pluralidade de pensamentos e convicções deve ser aplaudida, pois das diferenças nascem as condições ideais para abrir o caminho para um país melhor.

 

Que a força de Exu que corre pelos quatro elementos nos permita sempre movimentar, transformando as nossas vidas. Que não nos falte o verbo, coragem, mesmo diante das perseguições, mesmo que tentem apagar nossa crença

 

“Que Exu lhe abra os caminhos. Laroyê Exu. Exu é Mojubá”


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