Por essa razão, pontuamos que o 13 de maio é para nós, homens negros e mulheres negras uma "falsa abolição", pois continuamos presos e associados à escravidão sem nenhum respaldo do Estado brasileiro, que não vê e que não nos coloca na condição de cidadãos. Em “Memórias da Plantação”, afirma que “Só quando se reconfiguram as estruturas de poder é que as muitas identidades marginalizadas podem também, finalmente, reconfigurar a noção de conhecimento” (KILOMBA, 2020:13), tomando essa ideia como um ponto focal para a compreensão do racismo e da intolerância religiosa no Brasil. Endosso-a destacando que, além de ajustar as estruturas sociais, políticas e econômicas, também precisamos reeducar as pessoas que as gerem, pois são nesses e através desse meios que o racismo se fortalece.
E não podemos perder de vista que falar e escrever sobre a falsa abolição ou abolição inconclusa no Brasil é, em certa medida, ir contra os processos de glorificação de um passado escravista e a negação das realidades de violência cotidiana sobre as populações negras e os adeptos das religiões de matrizes africanas e sobrevivem em situações adversas e de vulnerabilidades. E cá entre os estudos e escritas, nós bem sabemos que a sociedade brasileira vive sobre a exaltação de um passado e de uma história colonial e, ainda hoje, usa todos os artifícios possíveis para marginalizar, invisibilizar e estigmatizar os corpos, culturas e tradições negras.
Declara o Prof. Dr. Babalawô Ivanir dos Santos (PPGHC/ UFRJ/CCIR e CEAP).
O religioso, é militante do movimento negro brasileiro há 40 anos, vem promovendo ações acadêmicas nacionais e internacionais, coordenando e organizando grupos de estudos, publicações acadêmicas, ou seja, construindo um notório caminho. Caminhos com um olhar especial voltados para as pesquisas sobre Liberdade Religiosa, Racismo, Estado Laico e História da África.
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