Série digital traz relatos sobre os processos de criação de artistas envolvidos na elaboração de espetáculos produzidos no Centro de Pesquisa Teatral do SESC; novo episódio apresenta cenas escolhidas pelo ator Leonardo Ventura, pela figurinista Camila Nuñez e pelo cenógrafo San Pestana.
Cena de Nossa Cidade em encenação no Sesc Jundiaí - Crédito: Roberto Assem
A peça Nossa Cidade, encenada em 2013, é a escolhida para estrear a temporada 2021 da série Decupando Espetáculos. O lançamento acontece em 19 de março de 2021 no sesc.digital. No vídeo, o ator Leonardo Ventura, a figurinista Camila Nuñez e o cenógrafo San Pestana selecionam cenas e dão depoimentos inéditos sobre a criação do espetáculo. A peça está gravada na íntegra, no https://sesc.digital/conteudo/
Depois de contar detalhes sobre os espetáculos Blanche, Lamartine Babo e Eu estava em Minha Casa e Esperava que a Chuva Chegasse - também disponíveis no sesc.digital - Decupando Espetáculos revela um pouco do processo de construção da peça Nossa Cidade, encenada em 2013. Já estão programados novos episódios sobre Toda Nudez será Castigada em abril, e Policarpo Quaresma em maio.
Em Nossa Cidade, o diretor Antunes Filho reconstrói o original do norte-americano Thornton Wilder, escrito em 1938, que retrata o dia a dia da pequena cidade Grover’s Corners, a partir do cotidiano de duas famílias locais (os Gibbs e os Webb). No novo episódio é possível conferir, na voz dos próprios envolvidos, como foi a criação do espetáculo.
Leonardo Ventura - que interpretou um veterano de guerra - relembra a composição do seu personagem, um diretor em cena conversando com o público, costurando e narrando fatos que aconteciam no palco. Camila Nuñez destaca duas cenas que, do seu ponto de vista, destacam os figurinos e San Pestana mostra uma maquete (e outras experimentações e elementos) do cenário.
Sobre Nossa Cidade
Nossa Cidade foi escrita pelo norte-americano Thornton Wilder estreando em 1938 nos EUA e nos anos 1950 no Brasil. Valeu ao dramaturgo seu segundo prêmio Pulitzer e foi uma das peças teatrais mais montadas no séc. XX e no início do séc. XXI.
Esta encenação traz à tona certas questões históricas que foram deixadas de lado e, de maneira bem contemporânea, Antunes aproveitou para desconstruir e reconstruir a visão que podemos ter hoje das relações sociais e políticas a partir do texto de Thornton Wilder.
O drama se passa numa pequena cidade norte-americana, no início do século XX, onde as famílias Gibbs e Webb vivem um cotidiano cheio de pequenas descobertas e George e Emily se encontram e se separam. Transposto para o Brasil (e para o próprio CPT), Antunes propôs uma reflexão sobre o mundo através dos EUA, na qual procura identificar as contradições desse país e como isso se reflete no mundo, e discutir as matrizes originais da cultura americana que se irradiaram pelo mundo no séc. XX e início do séc. XXI.
A peça é articulada na cadência de um diretor de cena que apresenta à cidade os seus personagens e narra as pequenas experiências que se vive, se viveu e se viverá em Grover’s Corners.
A cenografia é uma reprodução da sala de ensaios do CPT_SESC, como forma de atender a rubrica do autor que pede que não exista cenário, mas também uma tomada de posição perante a tecnologia que inunda os palcos nos dias de hoje. É uma volta ao teatro simples, em que prevalece integralmente o jogo dos atores que é o que Antunes buscava em suas obras.
Serviço
19 /março, sexta-feira
Decupando Espetáculos - Nossa Cidade, com Camila Nuñez, Leonardo Ventura e San Pestana. [Disponível na plataforma Sesc Digital]
Artistas cocriadores nos espetáculos do CPT_SESC selecionaram trechos das obras disponíveis na plataforma do Sesc Digital para tecer comentários sobre suas participações nas montagens.
Sobre o CPT_SESC
O Centro de Pesquisa Teatral foi criado em 1982 como laboratório permanente de criações teatrais, formação de atrizes, atores, dramaturgas e dramaturgos. Ao longo das décadas, ganhou reconhecimento da crítica e de seus pares no Brasil e em outras partes do mundo como referência no fazer teatral. Foi coordenado por Antunes Filho por 37 anos. Em 2020, passado um ano da morte do diretor, o CPT expandiu suas ações em busca do constante desenvolvimento que o teatro contemporâneo exige, mantendo o diálogo com o seu legado.
Em tempos de distanciamento social, a programação do CPT_SESC acontece online, ampliando o acesso ao Centro que é referência da área teatral, formou mais de mil profissionais das artes cênicas e criou dezenas de espetáculos.
A programação, disposta em cinco eixos temáticos - Formação de Atores; Criação e Experimentação; Dramaturgia; Cenografia; e Memória, Acervo e Pesquisa - apresenta ciclos de debates, mostras virtuais, cursos, podcasts, oficinas, entre outras atividades, com artistas e técnicos de diversas formações e instâncias da produção teatral, a fim de buscar a realização de um trabalho interdisciplinar a que sempre se propôs o CPT_SESC.
Confira a programação completa em www.sescsp.org.br/cpt e nas redes sociais:
instagram.com/cptsesc
Minibios
Camila Nuñez é designer, estilista, figurinista, atriz, produtora executiva e de moda e escreve por diversão. Formada em Moda pela FMU em 2006 e em Artes Cênicas em 2000. Atua como produtora e figurinista freelancer em filmes publicitários e em revistas de moda e comportamento.
Leonardo Ventura é formado em Artes Cênicas pela Unicamp, integrou a Casa Laboratório para as Artes do Teatro, grupo fundado no Brasil por Cacá Carvalho e pelo diretor italiano Roberto Bacci. Atou em espetáculos dirigidos por João das Neves, Georgette Fadel, Marcio Aurélio, Gabriel Villela, Sérgio de Carvalho, entre outros. De 2011 a 2015 foi ator e professor no CPT - Centro de Pesquisa Teatral do SESC São Paulo, onde atuou como protagonista nos espetáculos Nossa Cidade e Toda Nudez Será Castigada, dirigidos por Antunes Filho. No CPT ministrou aulas no curso Introdução ao Método de Ator. Indicado ao prêmio APCA de melhor ator em 2014 pelo espetáculo Nossa Cidade. Em janeiro de 2020 estreia Elizabeth Costello, cuja adaptação e direção do livro homônimo do prêmio Nobel J.M. Coetzee. Indicação ao prêmio APCA de melhor espetáculo.
San Pestana, performer e artista-educador das visualidades da cena. Doutor e Mestre pela ECA/USP, bacharel em Artes Cênicas pela Unicamp. Docente de visualidades na Universidade Anhembi Morumbi e arte-educador da Fábrica de Cultura Jd. São Luís, São Paulo, Zona Sul. Entre a sala de aula, a de ensaio, a rua e o ateliê, fundou a agrupação Resiste Corazón Invenções Artística, que reúne artistas que colaboram em criações que fundem performance e arte vestível com outras linguagens.
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