O Centro de Pesquisa Teatral do Sesc disponibiliza a partir de 8 de fevereiro de 2021, segunda-feira, a coleção digital Medéia (
Será possível conferir imagens do figurino restaurado das duas montagens, além de fotos de cena, documentos gráfico-textuais e fichas técnicas do restauro, que explanam todo o processo realizado para trazer a público esses itens. Antes de serem fotografados por Bob Sousa, os trajes foram restaurados e higienizados pela figurinista Rosângela Ribeiro, sob supervisão do Sesc Memórias, Centro de Memórias do Sesc, dando evidência a toda a riqueza de confecção.
As fotos dos trajes e de cenas indicam a preocupação da direção de Antunes em criar uma ambientação que favorecesse a atenção ao trabalho vocal e corporal dos atores, buscando o minimalismo dos elementos cênicos.
Junto com Fragmentos Troianos, Medéia e Medéia 2 fazem parte de um ciclo de interpretações de tragédias gregas e compartilham entre si alguns dos elementos comuns, como o mergulho do universo feminino. Também são peças que usam o texto clássico para falar de questões contemporâneas.
A base do enredo é a peça de Eurípides sobre o mito grego de Medéia, de 431 a.C. Nela, a personagem-título é neta de Hélio-Sol, vive em Cólquida, na ilha de Ea, sob o reino de seu pai, Aetes. Ela se apaixona por Jasão, em uma armadilha tramada pelos deuses Afrodite e Eros. Depois de ajudar o amado a conquistar o Velocino de Ouro, Medéia foge com Jasão para Grécia, contrariando sua família. Depois de anos de casamento, Jasão a troca pela filha de Creonte. Tomada pela ira, ela mata seus filhos com Jasão, a nova esposa dele e ele próprio. Ou seja, através da versão de Eurípides, Medéia acaba reduzida a uma mulher vingativa, ciumenta e assassina.
As tragédias de Eurípides foram, para Antunes Filho, pretextos para tratar de acontecimentos de seu tempo presente. Para isso, ele desenvolveu novas técnicas e métodos de voz e de interpretação, para além de uma concepção realista, trabalhar o corpo todo a serviço da voz. A intenção do diretor era ‘apagar’ a divisão entre corpo e alma dos atores, em exercícios corporais.
Em Medéia, abandonou-se o palco italiano, optando por algo próximo ao de teatro Nô (forma de teatro japonês), com a plateia mais próxima dos atores, dando mais compreensão da voz, e colocando os espectadores dentro da cena, como cúmplices da ação. A cenografia do espetáculo é de Hideki Matsuda e os figurinos são de Jacqueline Castro Ozelo e Christina Guimarães.
Medéia 2 continuou o trabalho do método da voz e um aprofundamento na releitura do mito grego, valorizando ainda mais o texto, com mais influência do Butô (dança contemporânea japonesa) e do minimalismo, representado inclusive nos figurinos de Anne Cerutti e Jacqueline Castro Ozelo. Anne também é responsável pela cenografia da peça.
As coleções A coleção digital de Medéia e Medéia 2 junta-se à Fragmentos Troianos e a outras três, que permanecem on-line para serem visitadas a qualquer instante no Sesc Digital.
A primeira, lançada em setembro de 2020, é A Pedra do Reino (2006), sobre a encenação de Antunes e do grupo Macunaíma, com base na obra de Ariano Suassuna.
Em outubro, foi disponibilizada a mostra sobre A Hora e vez de Augusto Matraga (1986),
Xica da Silva (1988) ganhou coleção em novembro. Protagonizada pela atriz Dirce Thomaz, a peça foi fundamental na trajetória e evolução do grupo com o uso da cenografia como elemento narrativo, mais do que simples recriação realista de um espaço, era parte efetiva na criação de significados no relacionamento com atores e texto.
Em dezembro entrou no ar a coleção de Fragmentos Troianos (1999), que é a primeira de um ciclo de adaptações de tragédias gregas realizada pelo CPT_SESC, em um mergulho no universo feminino e no processo de criação focado na busca do que Antunes chamou de a “sonoridade trágica”, uma forma de interpretar tragédias no palco.
Sobre as Coleções e Acervos Históricos CPT_SESC
As Coleções e Acervos Históricos CPT_SESC trazem ao público seleções dos figurinos e outros itens de peças encenadas pelo CPT em seus 38 anos de trajetória. Um minucioso trabalho de pesquisa possibilitou a recomposição e restauro de 150 trajes cênicos compostos por 470 itens, de 13 espetáculos. Em seguida, os figurinos foram registrados pelo fotógrafo Bob Sousa, fotos essas que hoje são o fio condutor das Coleções que estão disponíveis no Sesc Digital.
A guarda do acervo de figurinos e demais documentos do CPT_SESC integra as ações do Sesc Memórias - programa do Sesc São Paulo dedicado a preservar a memória da instituição.
Sobre o Sesc Memórias
Implantado e coordenado pela Gerência de Estudos e Desenvolvimento (GEDES) do Sesc São Paulo, o Sesc Memórias foi criado, em 2006, para reunir, sistematizar e disponibilizar a documentação produzida e/ou acumulada pelo Sesc, com o propósito de preservar o seu patrimônio histórico e disseminar sua memória institucional. Assim, o processo de salvaguarda dos materiais – tanto os de conteúdo programático quanto os vinculados à própria existência das Unidades e órgãos da Administração Central – busca contribuir para a reflexão acerca do trabalho desenvolvido pelo Sesc, nos programas Educação, Saúde, Cultura, Lazer e Assistência. Volta-se, também, à promoção de pesquisas e de produção de conhecimentos, na medida em que oferece ao público interno e externo informações qualificadas, reforçando a memória como um valor a ser cultivado.
Caracterizado como um centro de documentação, o acervo do Sesc Memórias reúne informações que dizem respeito às ações do Sesc desde a sua criação, em 13 de setembro de 1946. Em diferentes gêneros, suportes, formatos, tipos e dimensões, a relação documental compreende materiais de divulgação, imagens, produtos institucionais, projetos e relatórios de avaliação.
Serviço
08/fevereiro/2021
MEDEIAS - Coleções e Acervos Históricos do CPT_SESC [disponíveis na plataforma Sesc Digital]
Figurinos, objetos de cena, materiais gráficos em coleção digital que apresenta os acervos dos espetáculos “Medéia” e “Medéia 2”, montados em 2000 e 2001 pelo CPT, com direção de Antunes Filho.
Sobre o CPT_SESC
O Centro de Pesquisa Teatral foi criado em 1982 como laboratório permanente de criações teatrais, formação de atrizes, atores, dramaturgas e dramaturgos. Ao longo das décadas, ganhou reconhecimento da crítica e de seus pares no Brasil e em outras partes do mundo como referência no fazer teatral. Foi coordenado por Antunes Filho por 37 anos. Agora, passados quase dois anos da morte do diretor, o CPT_SESC propõe expandir suas ações em busca do constante desenvolvimento que o teatro contemporâneo exige, mantendo o diálogo com o seu legado.
Em tempos de distanciamento social, a programação do CPT acontece on-line, ampliando o acesso ao Centro que é referência da área teatral, formou mais de mil profissionais das artes cênicas e criou dezenas de espetáculos.
A programação, disposta em cinco eixos temáticos - Formação de Atores; Criação e Experimentação; Dramaturgia; Cenografia; e Memória, Acervo e Pesquisa - apresenta ciclos de debates, mostras digitais, cursos, podcasts, oficinas, entre outras atividades, com artistas e técnicos de diversas formações e instâncias da produção teatral, a fim de buscar a realização de um trabalho interdisciplinar a que sempre se propôs o CPT_SESC.
Confira a programação completa em www.sescsp.org.br/cpt e nas redes sociais:
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