O ator Marcos Damigo em cena de Memórias Póstumas de Brás Cubas - Foto: Alex Silva Jr. |
Personagem de Machado de Assis serve como metáfora de um Brasil sem projeto
Após três temporadas de sucesso de crítica e público em São Paulo, o ator Marcos Damigo faz uma temporada relâmpago do solo cômico-musical Memórias Póstumas de Brás Cubas, numa transmissão ao vivo, gratuita no dia 28 de agosto, sexta, às 19h, no Facebook @memoriaspostumasmusical e dias 29, sábado, às 20h e 30 de agosto, domingo, às 19h, com ingresso popular no SYMPLA www.sympla.com.br/ memoriaspostumasmusical. Transmissão a partir do Espaço iNBOx.
O espetáculo teve indicação dos Prêmios APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) e Aplauso Brasil, como Melhor Ator, em 2017, para Marcos Damigo. O texto, adaptado pela diretora Regina Galdino e interpretado por Damigo, destaca a trajetória do anti-herói Brás Cubas, símbolo do homem burguês, sem escrúpulos e sem ética, um comportamento oportunista que persiste no Brasil atual.
O MUSICAL
Brás Cubas, o "defunto autor", é um aristocrata medíocre, mas mesmo assim consegue, através do riso e da sedução, conquistar a empatia do público. Ele pertence a uma elite aventureira, dividida entre o desejo liberal e a prática escravocrata. A montagem traz uma visão moderna do romance baseada na carnavalização, salientando seu aspecto cômico-fantástico. A encenação realiza uma “conversa” entre quatro artes: o teatro, a literatura, a dança e a música, estas duas últimas especialmente ligadas à alma e à cultura brasileira.
Marcos Damigo vive um Brás Cubas bem-humorado, irreverente, egoísta e amoral. Com uma narrativa não linear e fiel à obra original, o personagem dialoga com a plateia, canta, dança, discorre sobre seus envolvimentos amorosos e episódios de sua vida enquanto passeia pelas agruras da sociedade de seu tempo.
“A recepção do público em todas as temporadas foi ótima: uma plateia muito jovem, evidentemente interessada pela obra por causa do vestibular, misturou-se a espectadores maduros, admiradores de Machado de Assis, e foi unânime o impacto causado pelo trabalho de Damigo, ator que está na plenitude do uso de seus recursos vocais e corporais para interpretar o imprevisível Brás Cubas, em cenas ora sérias, ora cômicas, ora fantásticas, ora musicais. Tanto na adaptação quanto na direção, minha concepção brechtiana – com destaque para os aspectos filosóficos da obra – exige do ator experiência, inteligência, despojamento e versatilidade, e Marcos Damigo está impressionante no papel do irônico defunto”, afirma a diretora Regina Galdino.
O monólogo traz à tona toda a atualidade do livro de Machado de Assis, oferecendo ao público um olhar agudo sobre a sociedade brasileira do século XIX. A equipe conta com profissionais já conhecidos da cena paulistana: Damigo, que protagonizou Dom Casmurro em outra peça adaptada de Machado de Assis; o diretor musical e arranjador Pedro Paulo Bogossian; Mário Manga, que assina a música original; e Fábio Namatame na criação do figurino. Regina Galdino assinou e dirigiu, em 1998, uma montagem desta mesma adaptação da obra do célebre escritor carioca que repete a parceria de sucesso com Manga, Bogossian e Namatame. Interpretado por Cassio Scapin, o espetáculo recebeu vários prêmios e elogios da crítica.
“O espetáculo respeita e valoriza ao extremo as palavras de Machado, e Marcos Damigo reafirma talento. Surpreende como um bom interlocutor para a mensagem da obra-prima, publicada em 1881, e a confirma como assustadoramente atual. (...) O desafio superado por Damigo só se tornou ainda maior e, em uma composição que apresenta Brás Cubas como misto de clown e fantasma, o intérprete valoriza o trabalho corporal em uma linha cínica que conversa plenamente com os tipos da sociedade dos nossos tempos. ” Dirceu Alves Jr., jornalista e crítico de teatro da Veja São Paulo.
Minibios
Marcos Damigo (ator) – Estudou na Escola de Arte Dramática (ECA/USP), protagonizou clássicos como Hamlet (Francisco Medeiros) e O Retrato de Dorian Gray (Débora Dubois), onde também assinou a adaptação do romance de Oscar Wilde, ambos no Teatro Popular do SESI SP. Escreveu e dirigiu Leopoldina, Independência e Morte, que estreou em 2018 no CCBB São Paulo. Idealizou e protagonizou o espetáculo Deus é um DJ (Marcelo Rubens Paiva), do alemão Falk Richter, e atuou em outras obras, como Dueto Para Um (Mika Lins) e Lampião e Lancelote (Débora Dubois), prêmio Bibi Ferreira de Melhor Musical Brasileiro. Na televisão, estreou no SBT como protagonista da novela Fascinação (Walcyr Carrasco). Na Rede Globo, atuou em Joia Rara (Thelma Guedes e Duca Rachid), ganhadora do prêmio Emmy Internacional de melhor novela, e Insensato Coração (Gilberto Braga e Ricardo Linhares). Recentemente, atuou no espetáculo Caros Ouvintes (Otávio Martins) e atuou no elogiado monólogo As Sombras de Dom Casmurro, baseado no romance de Machado de Assis (Débora Dubois), onde iniciou sua pesquisa com o universo deste autor.
Regina Galdino (direção e adaptação do texto) – Formada pela EAD, dirigiu: Chá e Catástrofe, de Caryl Churchill, com Selma Egrey, Clarisse Abujamra, Chris Couto e Agnes Zuliani, Casa de Bonecas - Parte 2, com Marília Gabriela, Luciano Chirolli, Fabiana Gugli/Clarissa Kiste e Eliana Guttman, Intimidade Indecente, com Irene Ravache e Marcos Caruso; As Pontes de Madison, com Denise Del Vecchio e Marcos Caruso; As Turca, com Cláudia Melo e Andréa Bassitt. Em 1998, dirigiu e adaptou o premiado musical Memórias Póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis), com Cassio Scapin. Dirigiu e é co-autora de As Favoritas do Rádio, premiado na Jornada SESC/1994 – O Teatro Musical. É diretora dos musicais infantis: Operilda na Orquestra Amazônica, de Andréa Bassitt, ganhador dos prêmios APCA de Melhor Musical para Crianças e FEMSA na Categoria Especial pela divulgação da música erudita e folclórica; e O Jovem Príncipe e a Verdade, de Jean-Claude Carrière. Dirigiu a ópera Idomeneo, Re di Creta, de Mozart, no Theatro Municipal de São Paulo, sob a regência de Rodolpho Fisher. É uma das criadoras, junto com o Maestro João Maurício Galindo e Cassio Scapin, da série Aprendiz de Maestro, onde dirigiu espetáculos de autoria de Andréa Bassitt para a série erudita infantil TUCCA, na Sala São Paulo.
Pedro Paulo Bogossian (arranjos e direção musical) – Formado em piano erudito pelo Instituto Musical Isaías Sávio (São Paulo), é compositor, arranjador e pianista. Reconhecido diretor musical do teatro paulista, é um dos fundadores do Grupo Circo Grafitti: Alô, Alô, Terezinha; Você Vai Ver o Que Você Vai Ver; Almanaque Brasil; e Ifigônia. Recebeu os prêmios: APCA 2013 - Melhor Espetáculo de Rua para Crianças, por Mário e as Marias; Prêmio Contigo 2010 – Melhor Musical, por Nara; SHELL/SP 2000 - Melhor Música, por Filhos do Brasil; APCA 1993 - Direção Musical por Almanaque Brasil; APETESP 1993 – Composição, por Ifigônia e Almanaque Brasil; APETESP 1989 – Composição, por Você Vai Ver o Que Você Vai Ver.
Fábio Namatame (figurino) – Formado em Comunicação e Artes pela FAAP (São Paulo), é figurinista, cenógrafo, visagista e diretor teatral. Criou, entre outros, os figurinos para os espetáculos, como My Fair Lady e Evita, dirigidos por Jorge Takla; Cabaret, Evangelho Segundo Jesus Cristo e Romeu e Julieta, dirigidos por José Possi Neto; Trilogia O Paraíso Perdido e Apocalipse 1.11, dirigidos por Antonio Araújo; Além da Linha d’Água e Mãe Gentil, dirigidos por Ivaldo Bertazzo, entre outros. Recebeu diversos prêmios Shell, APETESP, APCA, SESC de Teatro SP, Cultura Inglesa de Teatro, Carlos Gomes de Ópera, Festival de Cinema de Paulínia e SESC de Dança de Belo Horizonte.
Mário Manga (música original) – Guitarrista de grupos como Música Ligeira e Premeditando o Breque. Este último, mais conhecido como Premê, destacou-se tanto pelas letras irreverentes e divertidas quanto pela qualidade musical, baseada em arranjos sofisticados, fundindo MPB, choro, rock e até mesmo música erudita. Mário Manga é produtor musical paulistano com mais de 25 anos de carreira, além de estudioso da célebre banda de rock britânica The Beatles.
FICHA TÉCNICA
Elenco: Marcos Damigo Direção e Adaptação de Texto: Regina Galdino Música Original: Mário Manga Direção Musical, Arranjos e Trilha Sonora: Pedro Paulo Bogossian Figurino: Fábio Namatame Coreografia: Marcos Damigo Consultoria de Movimento: Roberto Alencar Iluminação e Cenografia: Regina Galdino Execução Cenográfica: Luis Rossi Fotos: Alex Silva Jr Realização: Oasis Empreendimentos Artísticos
SERVIÇO
Memórias Póstumas de Brás Cubas
Duração: 85 min Classificação etária: 14 anos Gênero: Comédia musical
Dia 28/08/2020, sexta, às 19h, gratuita, no Facebook @memoriaspostumasmusical
Transmissões ao vivo
Dias 29, sábado, às 20h e 30/08, domingo, às 19h, no www.sympla.com.br/ memoriaspostumasmusical
Ingressos por R$ 20,00 e promoção para vendas antecipadas, até 28/08, por R$ 10,00:
Transmissão a partir do Espaço iNBOx
Lotação da sala: 300 internautas
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