Projeto Tropicália – Marginália III, de 14/11 a 01/12 no Teatro Oficina

Projeto Tropicália – Marginália III traz para o Teatro Oficina uma
mostra de filmes e a estreia da peça Brazyl: Poema Anarco-Tropicalista, escrita e dirigida por José Walter Lima

Figura 1 - Brazyl: Poema Anarco-Tropicalista Fotos: Eduardo Petrini

 
O espetáculo discute o Brasil contemporâneo e as raízes históricas de problemas frequentes até hoje, como a desigualdade social, o racismo e a misoginia

Do dia 14 de novembro a 1º de dezembro de 2019, o Teatro Oficina será ocupado com o Projeto Tropicália – Marginália III, composto pela estreia do espetáculo Brazyl: Poema Anarco-Trocipalista, primeira peça de teatro escrita e dirigida por José Walter Lima, cineasta e artista plástico soteropolitano e por uma seleção de dez filmes que serão exibidos antes dos espetáculos.
A mostra de filmes que antecedem a peça tem curadoria da cineasta Tamy Marraccini e incluem obras como Cabeças Cortadas, de Glauber Rocha; Rogério Duarte, O Tropikaolista, do próprio José Walter Lima, e O Homem do Pau Brasil, de Joaquim Pedro Andrade. Ao todo, serão exibidas dez longas-metragens ao longo das sessões que acontecem entre quinta e sábado, com entrada gratuita - A relação completa segue abaixo.
O elenco divide-se em dezenas de personagens ao longo de 28 esquetes. Segundo o diretor, a proposta cênica segue a tradição da linha evolutiva do teatro brasileiro. “É um teatro de revista anárquico-épico-barroco”, brinca Walter, sugerindo que Brazyl: Poema Anarco-Tropicalista tem como um dos princípios o flerte com a antropofagia, conceito da arte moderna que propunha um modo de criação artística genuinamente nacional, desprendendo-se assim da influência única das vanguardas europeias.
O texto escrito por Walter com colaboração de Júlio Góes procura, segundo os artistas, inventar um novo sentimento de brasilidade. “A abordagem tenta dar conta dessa nação espoliada por uma classe dominante e um capital estrangeiro. Mas ainda assim, nosso objetivo é refletir a partir do delírio, uma forma de se expressar que não é geométrica, mas fragmentada, não-linear”, diz o diretor. Ao longo da peça, os atores também interpretam trechos de obras de Oswald de Andrade (1890 – 1954), autor do Manifesto Antropofágico, de 1928.

 
A peça propõe um diálogo entre o movimento tropicalista, iniciado em 1967, com o conceito da antropofagia na Arte Moderna, defendido no Século XX.

Júlio Góes conta que a experiência de Walter no cinema se evidencia também neste trabalho. “Ele tem uma ligação forte com a vanguarda e isso gera uma série de experimentações interpretativas com o elenco. Para isso, foram escolhidos atores de formações muito diferentes entre si, alguns com trabalhos mais físicos e outros mais voltados à música. Isso gera uma série de símbolos que auxiliam no avanço da narrativa”.
A transição de uma cena para outra acontece a partir de breves números musicais e coreografias de Luciana Bortoletto. A sonoridade do espetáculo se pauta pela diversidade: há marchinhas de carnaval, músicas compostas por Heitor Villa Lobos, canções de Caetano Veloso e funks como Atoladinha Relaxe na Bica.
Os figurinos e a cenografia assumem uma estética alegórica que possibilita ao público acompanhar as transições dos papeis. Fardas, faixas, capas e mantos caracterizam as personagens e dão dinâmica ao espetáculo. “A programação visual proposta pelo Walter acompanha essa carga conceitual do texto e a rapidez com que os assuntos são mudados”, diz Júlio.

Mostra de Filmes
14/11, quinta-feira, 19h
Cabeças Cortadas
Gênero: Drama | 1979 | Brasil, Espanha | 1h 35min
Direção: Glauber Rocha Elenco: Francisco Rabal, Pierre Clémenti, Rosa Maria Penna
Sinopse: Sua família esteve no comando do país por gerações, mas as tentativas de derrubada do poder são constantes. Os delírios que Diaz II normalmente têm começam a crescer quando ele percebe que já não consegue exercer nenhum poder, o que fará com que haja de forma insana.
 
15/11, sexta-feira, 19h
Os Herdeiros
Gênero: Drama | 1970 | Brasil | 1h 50min
Direção: Carlos Diegues Elenco: Sérgio Cardoso, Odete Lara, Paulo Porto
Sinopse: Para ganhar um neto, o decadente Barão do Café Joaquim resolve casar a filha com Jorge, um repórter da capital. Anos depois, Jorge trai o sogro, foge com a mulher e deixa o filho na fazenda.
 
16/11, sábado, 19h
Rogério Duarte, O Tropikaoslista
Gênero: Documentário, Biografia | 2018 | Brasil | 1h 29min
Direção: José Walter Lima Elenco: Rogério Duarte, Gilberto Gil e Caetano Veloso
Sinopse: Conheça a vida e a obra de Rogério Duarte e do indivíduo que existe por trás da personagem. Acompanhe a trajetória de uma das figuras seminais das artes e do pensamento brasileiro dos últimos 50 anos. Músico, compositor, artista gráfico, um dos criadores do Tropicalismo, Rogério sempre esteve por trás de tudo que havia de mais moderno e contemporâneo na cultura brasileira nos vitais anos das décadas de 1960 e 1970.
 
21/11, quinta-feira, 20h
O Rito Do Amor Selvagem
Gênero: Documentário | 2019 | Brasil | 42 minutos
Direção: Lucila Meirelles Elenco: Participam do documentário pessoas que trabalharam no espetáculo Rito do amor selvagem, e amigos de do Zé Agrippino e Maria Esther Stockler que viram o espetáculo como Stênio Garcia (ator), Jorge Bodanzky (cineasta), José Roberto Aguilar (artista plástico), Norton e Bogô (músicos do Rito), Hermano Pena (cineasta), Claudia Alencar (atriz), Sergio Mamberti (ator), Antonio Peticov (artista plástico), Celso Favaretto (professor de Filosofia da USP) Sergio Pinto de Almeida (jornalista), Gerald Thomas (diretor, autor), Jotabê Medeiros (jornalista), Glauco Arbix (professor de Sociologia da USP) e Miriam Chnaiderman (psicóloga).
Sinopse: Com um acervo inédito e falas originais do romancista, cineasta e dramaturgo José Agrippino de Paula, o documentário traz lembranças, impressões e recordações que ficaram na cabeça das pessoas sobre o espetáculo Rito do Amor Selvagem, um dos primeiros eventos performáticos e multimídia do Brasil. Ele foi montado em 1969, por Agrippino, com sua mulher, a coreógrafa Maria Esther Stockler, com a participação de Stênio Garcia e do grupo Sonda, no Theatro São Pedro.
 
22/11, sexta-feira, 19h
Tropicália
Gênero: Documentário | 2012 | Brasil | 1h 27min
Direção: Marcelo Machado Elenco: Caetano Veloso, Gilberto Gil, Rita Lee
Sinopse: O documentário mostra um olhar contemporâneo deste importante movimento cultural que explodiu no Brasil na década de 1960. Mistura um valioso material de arquivo recuperado especialmente para a produção, com os ícones do movimento.
 
23/11, sábado, 19h
Hélio Oiticica
Gênero: Documentário | 2014 | Brasil | 1h 34min
Direção: Cesar Oiticica Filho Elenco: Hélio Oiticica

Sinopse: Este documentário conta a história do artista plástico Hélio Oiticica através de fitas que o próprio gravou durante os anos de 1960 e 1970. As Heliotapes foram encontradas por seu sobrinho Cesar Oiticica Filho quando preparava uma exposição sobre a vida e obra do tio. O filme aborda diversos aspectos da biografia de Oiticica, como suas aspirações anarquistas, sua temporada em Nova York e seu contato com as drogas.
 
28/11, quinta-feira, 19h
Futuro do Pretérito, Tropicalismo Now
Gênero: Documentário | 2012 | Brasil | 1h 16min
Direção: Ninho Moraes, Francisco Cesar Filho Elenco: Alice Braga, Gero Camilo, Helena Albergaria
Sinopse: Este documentário traz um olhar direcionado para um dos movimentos culturais mais efervescentes da história do Brasil, a Tropicália. O filme reúne entrevistas e intervenções artísticas de eventos ocorridos no final da década de 60 até o presente.
 
29/11, sexta-feira, 19h
Torquato Neto, Todas as horas do Fim
Gênero: Documentário | 2018 | Brasil | 1h 28min
Direção: Eduardo Ades, Marcus Fernando Elenco: Torquato Neto, Caetano Veloso, Gilberto Gil
Sinopse: O documentário explora a vida e as múltiplas frentes do poeta, que atuou ainda no cinema, na música e no jornalismo. O piauiense também se engajou ativamente na revolução que mudou os rumos da cultura brasileira nos anos 1960 e 1970, sendo um dos pensadores e letristas mais ativos da Tropicália, parceiro de Gilberto Gil, Caetano Veloso e Jards Macalé.
 
30/11, sábado, 19h
O Homem do Pau Brasil
Gênero: Comédia, Aventura, Biografia | 1982 | Brasil | 1h52min
Direção: Joaquim Pedro de Andrade
Elenco: Itala Nandi, Flavio Galvão, Regina Duarte
Sinopse: A trajetória do escritor Oswald de Andrade, ícone do modernismo brasileiro. Lançando-se à busca de mulheres e ideias, está sempre dividido entre diversas figuras femininas.

01/12, domingo, 19h
O Rei Da Vela
Gênero: Comédia dramática | 1982 | Brasil | 2h40min
Direção: José Celso Martinez Correa, Noilton Nunes
Elenco: Renato Borghi, José Wilker, Esther Góes

Sinopse: Filmagem da montagem histórica da peça de Oswald de Andrade, onde milionários decadentes, filhos depravados, capitalistas corruptos e implacáveis são os personagens interpretados pelo Grupo Oficina, em uma célebre apresentação teatral realizada no ano de 1967, gravada fundamentalmente em 71 e lançada mais de dez anos depois.

Sobre José Walter Lima
José Walter Lima é um artista plástico e cineasta nascido em Salvador. Seus principais trabalhos em cinema como diretor são Um Vento Sagrado, Antônio Conselheiro – O Taumaturgo dos Sertões, Brasilienses, O Alquimista do Som e Rogério Duarte, o Tropikaoslista. Como artista plástico, expôs no Brasil e no exterior. Suas principais individuais aconteceram na Galeria Marcello Rumma (Roma), Casa do Brasil (Madri), GalerieForum Berlin am Meer e Embaixada do Brasil (Alemanha), Galeria Prova do Artista (Salvador), Ana Cláudia Roso, Galeria Eliane Benchimol e SPARTE (São Paulo), Instituto Goethe (Salvador), Museu de Arte de Brasília (DF).

SINOPSE
A peça é um painel-manifesto sobre o Brasil Contemporâneo e as suas raízes históricas. Um espetáculo de vanguarda, seguindo a tradição da linha do evolutivo do Teatro Brasileiro, inspirado no movimento tropicália e em Oswald de Andrade.

FICHA TÉCNICA
Texto e Direção: Walter Lima
Colaboração de texto e Co-direção: Júlio Góes
Elenco: Gabi Costa, Lucas Valadares, Rosana Judkowitch, Vanessa Carvalho, Wagner Vaz e Willian Maciel
Coordenação geral: Yael Steiner
Curadoria de filmes: Tamy Marraccini
Assessoria de imprensa: Márcia Marques (Canal Aberto)
Produção: Loukos por Cultura (Márcia Costa e Sidney Werdesheim)
Assistentes de produção: Neusa Barbosa, Daniela Floquet e Lucas Valadares
Preparação corporal e Coreografia: Luciana Bortoletto
Figurino: Silvana Gorab
Cenografia: Walter Lima
Trilha sonora: Ordep Lemos
Fotografia: Eduardo Petrini
Iluminação: Décio Filho
Operação de luz: Elizeu Kouyatè
Operação de som: Otávio Cavariani
Operação de maquinário: Maurilio Domiciano
 
SERVIÇO
Brazyl: Poema Anarco-Tropicalista
14 de novembro a 1º de dezembro de 2019. Quintas a sábados, 21h; e domingos, 20h
Local: Teatro Oficina (Rua Jaceguai, 520 – Bela Vista, São Paulo, SP).
Ingressos: R$ 40 (inteira), R$ 20 (meia) e R$ 15 (moradores do Bairro)
Duração: 120 minutos | Recomendação: 16 anos
* No dia 15 de novembro, sexta-feira, a peça integra a programação do festival Satyrianas e o custo do ingresso será no modelo pague quanto puder.

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