Com um enredo ousado, a Rosas de Ouro tem no carnavalesco André Machado um entusiasta das novas tecnologias


O FUTURO JÁ CHEGOU

Com um enredo ousado, a Rosas de Ouro tem no carnavalesco André Machado um entusiasta das novas tecnologias


Por Gislaine Vicente
Fotos : Igor Catanhede  / rede social de André Machado 

Existem algumas pessoas que parecem se eternizar no tempo:  a Terra do Nunca  (da história de Peter Pan) é perfeita para elas. Não envelhecem, continuam jovens por mais tempo com suas idéias criativas. Desse time faz parte o carnavalesco André Machado, que segue rumo ao quarto carnaval pela Sociedade Rosas de Ouro.
Aos 45 anos, Andrezinho, como muitos o chamam por ser miúdo, mantém a grandiosidade de seu trabalho, sempre apurado e com enorme bom gosto. Carioca, que desde os 13 anos de idade está envolvido com a festa de Momo, e que trabalha há 22 anos no carnaval paulistano. Apesar de sua origem, começou a trabalhar na escola de samba Barroca Zona Sul, passou pela Imperador do Ipiranga, Nenê de Vila Matilde, Império de Casa Verde, Pérola Negra e X-9 Paulistana até chegar à Rosas de Ouro.



“Os desafios são sempre muitos, mas a Rosas de Ouro tem me dado uma estrutura e um suporte excelentes”, diz Machado.  No primeiro carnaval, o tema era mostrar o convívio entre as pessoas em determinadas situações, principalmente, quando há a reunião em torno da mesa para as refeições. “Mostrávamos como é importante fazer uma refeição com a família e com os amigos.”, explica o carnavalesco.




No ano seguinte, o fio condutor do enredo foi a história dos caminhoneiros. Já em 2019, a Roseira contou a história da Armênia. Para 2020, o mote é Tempos Modernos. A revolução tecnológica que vivemos é destrinchada em todos os seus termos: a inteligência artificial será protagonista de várias mudanças. O enredo percorre os primórdios da Revolução Industrial, passa pelo desenho  Os Jetsons (que traz uma visão do futuro, a partir do olhar dos anos 1960), entre outros pontos até chegar à internet 4.0.



Atento aos novos tempos, André Machado alerta para que as pessoas percebam que as mudanças vêm para melhorar o que já existe, porém, ninguém deve se acomodar porque a Era do Conhecimento exige uma eterna atualização dos saberes, em todos os sentidos.     




Sobre os ciclos que o Carnaval tem vivenciado, como os enredos patrocinados e os blocos de rua que têm ocupado os noticiários, André vê com ‘bons olhos’. Para ele, as escolas estão equiparadas: o que preocupa mesmo é a questão do público. “Percebi um esvaziamento das arquibancadas; talvez isso aconteça por causa da descida para o grupo de acesso de grandes agremiações, tradicionais. Não existe mais escola pequena”, afirma. Ele concorda que as escolas de torcida conseguiram se ‘descolar’ dessa imagem, havendo um crescimento perceptível, o que acirrou a disputa pelo campeonato.   

Novas formas de gestão também têm possibilitado um novo momento crescente para as agremiações. “Precisamos sempre estar renovando as formas de trabalhar, devemos aliar a tecnologia ao nosso jeito de fazer as coisas, o trabalho deve ser coeso”, analisa André Machado.   


A respeito da ajuda do Poder Público, André Machado concorda que sempre foi muito importante, porém, cada vez mais as escolas procuram sobreviver de outras maneiras, com o propósito de depender menos da verba municipal destinada anualmente às escolas de samba. E cresce a cada ano a reutilização de materiais, reciclagens e reúsos, não só como forma de economia, mas também como um jeito de aplicar políticas públicas de sustentabilidade junto à comunidade do samba.

Segundo o carnavalesco, as agremiações ocupam  lugar de destaque na Cultura nacional. “Muita coisa que eu sei de História, seja da Arte, Geral ou da Moda, devo ao Carnaval. O trabalho do artista faz pensar e isso pode ser perigoso, quando há cerceamento. Em São Paulo, felizmente, temos obtido apoio.”, diz ele. Machado diz que a busca na iniciativa privada por apoio financeiro já é uma realidade. Segundo ele, os desfiles de carnaval preciso de um planejamento a longo prazo, como acontece com as Olimpíadas e com a Copa do Mundo.



Uma novidade introduzida no seu método de trabalho foi a terceirização de boa parte da produção de fantasias, uma vez que a escola é conhecida por manter uma estrutura forte dentro da própria quadra: um ateliê bem equipado é mantido na agremiação. Agora, a tendência é contar com ateliês parceiros para que a produção seja mais rápida. “Estamos a todo vapor, em todos os setores”, finaliza.

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