Reestreia - (IN)JUSTIÇA - Sesc Belenzinho


Fonte : Eliane Verbena / Fotos : Rick Bameschi

Sesc Belenzinho recebe temporada de
(In)justiça da Cia. de Teatro Heliópolis

A temporada vai de 15 de novembro a 8 de dezembro, com sessão extra no Dia da Consciência Negra.
Espetáculo está indicado aos prêmios Shell e Aplauso Brasil.

No dia 15 de novembro, sexta, a Companhia de Teatro Heliópolis reestreia o espetáculo (In)justiça, no Sesc Belenzinho, às 20 horas. A encenação é dirigida por Miguel Rocha, fundador e diretor do grupo. Evill Rebouças assina o texto que foi criado em processo colaborativo com o grupo.

(In)justiça é um ensaio cênico, norteado pela indagação ‘o que os veredictos não revelam?’, para refletir sobre aspectos do sistema jurídico brasileiro. Para tanto, conta a história do jovem Cerol que, involuntariamente, pratica um crime. A partir daí, surgem diversas concepções sobre o significado da justiça, seja a praticada pelo judiciário ou sentenciada pela sociedade.

O espetáculo, que estreou em janeiro de 2019, está indicado aos prêmios ao SHELL, na categoria de Melhor Música, e Aplauso Brasil, como Melhor Espetáculo de Grupo. No 4º FESTKAOS - Festival Nacional Teatro do Kaos, em Cubatão, SP -, conquistou os prêmios de Melhor Atriz (Dalma Régia), Melhor Ator (David Guimarães), Ator Coadjuvante (Danyel Freitas) e Melhor Figurino (Samara Costa), além das indicações à Melhor Trilha Sonora e Melhor Iluminação. Também participou do 34º Festivale - Festival Nacional de Teatro do Vale do Paraíba e da 12ª Mostra Cooperifa. Participa, em novembro, do 41º FESTE - Festival Nacional de Teatro Pindamonhangaba e 14º FENTEPIRA - Festival Nacional de Teatro de Piracicaba.

A encenação

Permeado por imagens-sínteses (estética característica da Companhia de Teatro Heliópolis) e explorando a performance corporal, o espetáculo coloca em cena a complexidade da justiça no país, deixando a plateia na posição de júri em um tribunal. O embate entre os dois lados da justiça – o da vítima e do o criminoso - se estabelece em um jogo contundente que expõe com originalidade a crua realidade dos jovens pobres e negros. A música ao vivo confere ainda mais densidade poética ao ‘relato’, que foge de qualquer abordagem clichê.



A história de Cerol é contada de forma não linear. Exímio empinador de pipas, o garoto vive com sua avó; a mãe morreu no parto e o pai, assassinado. Depois de uma briga por conta do alto volume da música na vizinhança, Cerol é perseguido e, durante a fuga, dispara um tiro involuntário atingindo uma mulher, que morre em seguida. Ele é preso e submetido ao julgamento da lei e da sociedade.

Com base nesse argumento, a Companhia discute os direitos humanos à luz da Constituição Nacional. A encenação recupera também a ancestralidade do brasileiro em frtes passagens ritualísticas. “Queremos pensar o homem negro e a justiça, desde a nossa origem até os dias de hoje”, afirma o diretor Miguel Rocha.

Cenas impactantes e desconcertantes surpreendem todo o tempo. A encenação de Miguel Rocha, alinhavada pela dramaturgia de Evill Rebouças, mostra como a democracia pode ser manipulada. O crime versus a vítima ou o criminoso versus a justiça aparecem de forma não superficial nem previsível. A abordagem de (In)justiça parte do ponto de vista mais íntimo e segue para o mais coletivo: da comunidade para a sociedade, da moral pessoal às convenções sociais. Isso permite, igualmente, as leituras de um mesmo caso jurídico, como no julgamento (defesa e promotoria), onde ambos os discursos são tão contundentes quanto convincentes. “Para falar de justiça, temos que falar das relações humanas contraditórias, pois a justiça se apresenta pelas contradições”, reflete o diretor.

Com emoções e sensações que fogem da obviedade, o espetáculo tem quadros coreografados que dão o respiro necessário à dinâmica da encenação: cidadãos urbanos, policiais, advogados com suas togas desfilam pela área cênica e hipnotizam o espectador. Os depoimentos inseridos nas cenas humanizam e tornam crível a proposta da montagem, sejam densos, desconcertantes ou lúdicos. Segundo o diretor, os três pontos de vista – o pessoal, o divino e o do homem – são considerados na concepção de (In)justiça, bem como a máxima que diz “só quem passou por uma injustiça sabe o que é justiça”.



O cenário (de Marcelo Denny) situa a força da ancestralidade, presente na terra e no terreiro, na estética religiosa que foge aos estereótipos. Traz também o símbolo da lentidão da justiça: a burocracia em pilhas e pilhas de papéis e processos. Elementos como areia, terra, projéteis de bala e pipas compõem a área cênica, onde predomina a cor cinza. A trilha (de Meno Del Picchia) e os efeitos sonoros são executados ao vivo em sincrona com as cenas. Os atores interpretam também cantos de tradição que reforçam a busca pela humanização e pela ancestralidade propostas pelo espetáculo.

(In)justiça integra o projeto Justiça - O que os Vereditos Não Revelam. Nasceu de um longo processo criativo, iniciado em fevereiro de 2018, disparado por encontros da Companhia de Teatro Heliópolis com pensadores ativistas que falaram sobre os vários aspectos da Justiça. Os convidados foram Viviane Mosé (filósofa), Gustavo Roberto Costa (promotor de justiça), Ana Lúcia Pastore (antropóloga) e Cristiano Burlan (cineasta), tendo Maria Fernanda Vomero (provocadora cênica, jornalista e pesquisadora teatral) como mediadora.

Ficha técnica

Encenação: Miguel Rocha, Texto: Evill Rebouças (criação em processo colaborativo com a Cia. de Teatro Heliópolis). Elenco: Alex Mendes, Cícero Junior, Dalma Régia, Danyel Freitas, David Guimarães, Gustavo Rocha, Maggie Abreu e Walmir Bess. Instalação Cenográfica: Marcelo Denny. Assistência de cenografia: Denise Fujimoto. Figurino: Samara Costa. Iluminação: Fagner Lourenço e Miguel Rocha. Provocação teórica/prática: Maria Fernanda Vomero. Provocação/teatro épico: Alexandre Mate. Provocação/teatro performático: Marcelo Denny. Direção de movimento: Lúcia Kakazu e Miguel Rocha. Preparação corporal: Lúcia Kakazu. Coreografia: Camila Bronizeski, Lucia Kakazu e Miguel Rocha. Oficina de dança: Camila Bronizeski. Oficina de mímica: Thiago Cuimar. Direção musical: Meno Del Picchia. Provocação vocal: Bel Borges e Luciano Mendes de Jesus. Músicos: Amanda Abá (violoncelo e violino), Bel Borges (violão e percussão) e Fernanda Broggi (percussão). Operação de luz: Fagner Lourenço. Operação de som/sonoplastia: Giovani Bressanin. Mesas de debates: Viviane Mosé, Gustavo Roberto Costa, Ana Lúcia Pastore e Cristiano Burlan. Mediação/debates: Maria Fernanda Vomero. Comentador convidado: Bruno Paes Manso. Direção de produção: Dalma Régia. Assessoria de imprensa: Verbena Comunicação. Idealização: Cia. de Teatro Heliópolis. Realização: Sesc São Paulo. Estreia: 25/01/2019.

Serviço

Com Companhia Teatro de Heliópolis
De 15 de novembro a 8 de dezembro de 2019, sextas e sábados às 20h, domingos às 17h*
**Estréia no dia 15/11 será as 17hs** devido ao feriado
*Haverá sessão extra na quarta-feira, 20/11, às 17h
Local: Sala de Espetáculos I (120 lugares)
R$ 30 (inteira); R$ 15 (meia-entrada); R$ 9 (Credencial Plena do Sesc).
Duração: 105 minutos. Recomendação etária: 14 anos. Gênero: Drama.
Limite de 4 ingressos por pessoa (Venda online a partir de 5/11, às 12h. Venda nas unidades a partir de 6/11, às 17h30)

Sesc Belenzinho
Endereço: Rua Padre Adelino, 1000.
Belenzinho – São Paulo (SP)Telefone: (11) 2076-9700

Estacionamento
Para espetáculos pagos, após as 17h: R$ 7,50 (Credencial Plena do Sesc) e R$ 15,00 (não credenciados).


INFORMAÇÕES À IMPRENSA

Cia. Teatro Heliópolis
VERBENA Comunicação
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Tel: (11) 2738-3209 / 99373-0181 - verbena@verbena.com.br

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