O graffiti encheu HELIÓPOLIS de cores

Cerca de mil latas de spray deram forma aos mais de 40 painéis feitos por mais de 500 jovens da região, de 12 a 29 anos, que estão espalhados em áreas públicas da região, formando uma galeria a céu aberto; as oficinas foram ministradas por artistas brasileiros e colombianos, que ensinaram mais sobre esta expressão urbana e espalharam arte pelo bairro.


Figura 1 - Graffiti do colombiano Johan Andres (Kano Delix) e sua turma de alunos em Heliópolis. Foto Vini Soares

Uma Virada de Cores - O graffiti como transformador social, estético, político e turístico, a exemplo do Comuna 13, em Medellín, uma das mais populosas e importantes cidades colombianas

De abril a junho deste ano o projeto Uma Virada de Cores ofereceu oficinas gratuitas de graffiti a jovens de Heliópolis, região da zona sul da capital paulistana. O legado foram os 40 painéis grafitados, que encheram de cores as ruas, esquinas e avenidas. Esse foi o resultado do primeiro projeto da AISCE - Associação de Intercâmbio Sociocultural e Empresarial Brasil - Colômbia, em co-realização com a produtora carioca Burburinho Cultural. Uma Virada de Cores é apresentado pelo Ministério da Cidadania e pela empresa de energia ISA CTEEP, viabilizado pela Lei de Incentivo à Cultura, com patrocínio da ISA CTEEP.
Além dos muros, paredes e espaços coloridos, os organizadores lançam no dia 22 de agosto, no CEU Heliópolis, um documentário sobre o processo e os personagens envolvidos. Um catálogo com as obras realizadas por essa parceria Brasil-Colômbia está em produção para ser lançado até o final do ano. Ainda, como uma iniciativa de reaproveitamento dos resíduos e de engajamento ambiental, Daniel Bazco, um dos arte-educadores, fez ainda uma escultura com grande parte das latas de sprays utilizadas durante o projeto, reciclando parte do material que seria descartado.
A equipe de artistas e arte-educadores contou com dezenas de profissionais, entre elas os grafiteiros colombianos Johan Andres (Kano Delix), Johan Alberto (Sony) e Robert Sled (Fuan Nexio), que vieram ao Brasil especialmente para a atividade.
Os murais estão espalhados por Heliópolis, refletindo os sentimentos, as vivências e os sonhos dos jovens artistas, que coloriram com suas próprias mãos o espaço urbano onde vivem.
Foram cerca de 1000 latas de tinta spray, utilizadas por mais de 500 jovens, entre 12 e 29 anos, que passaram por oficinas de abril a junho deste ano. As aulas foram ministradas por uma equipe formada por arte-educadores e grafiteiros, escolhidos por chamada pública seguida por um processo de seleção.
Cada uma das criações foi pensada coletivamente, desde o assunto que seria tema do desenho, até as escolhas das técnicas e das cores. Os grafiteiros convidados e o os arte-educadores entraram em ação para ensinar as maneiras de manusear a lata de spray, mexer com a tinta látex, o estêncil e para transmitir e ensinar mais sobre a arte e as técnicas do graffiti.

De Heliópolis
Considerada a maior comunidade da cidade de São Paulo, Heliópolis localiza-se na zona sul da capital e possui mais de 100 mil habitantes, em uma área de quase um milhão de metros quadrados.
Com a ação de Uma Virada de Cores, o espaço público foi esteticamente transformado pelos mais de 40 murais grafitados espalhados pela região. De quebra, os participantes ainda ganharam a oportunidade de aprender uma nova forma de se expressar e que pode se tornar uma profissão.
Essas ações provocaram a expansão do repertório artístico, cultural e social dos participantes, o desenvolvimento e aprimoramento da criatividade, o fortalecimento da identidade do aluno e pertencimento à comunidade. Com isso, a produção do graffiti trouxe também a reflexão sobre o mercado de trabalho.
Por serem feitos com a colaboração de moradores da própria região, os desenhos proporcionam, além do prazer estético, a melhoria positiva do espaço público e a possibilidade do morador se reconhecer nos murais.

Para o mundo
O projeto já nasceu com a intenção do intercâmbio com a Colômbia, já que o realizador é a AISCE (Associação de Intercâmbio Sociocultural e Empresarial Brasil - Colômbia).
Os idealizadores queriam aproveitar a ideia bem-sucedida do graffiti como transformador social, estético, político e turístico principalmente em comunidades que estão em situação de vulnerabilidade social, a exemplo do Comuna 13, em Medellín, uma das mais populosas e importantes cidades colombianas. Uma região semelhante a muitas áreas de favelas brasileiras, principalmente no que diz respeito à criminalidade, e que no início dos anos 2000 - com a ajuda de projetos que incentivaram a mudança estética a partir da arte de rua – está atualmente inserida na cartografia mundial do graffiti.
Os três artistas colombianos que vieram para ministrar as oficinas - Kano Delix, Sony e Fuan Nexio, os dois primeiros de Bogotá e o terceiro de Barranquilla - são nomes reconhecidos em suas cidades e vieram ao Brasil compartilhar suas experiências e conhecimento sobre o graffiti da Colômbia. Junto aos arte-educadores brasileiros, os artistas colombianos criaram pontes com os paulistas e mostraram técnicas e ensinaram uma historiografia de arte urbana de grande importância para América Latina.

Um pouco mais sobre as Oficinas
As 40 oficinas deram forma a 41 painéis de graffiti em Heliópolis e arredores. Os encontros foram divididos em dois ciclos - o primeiro deles no CEU Heliópolis e o segundo nas escolas estaduais Tancredo Neves e Gualter da Silva e na CCA Heliópolis UNAS (Centro para Crianças e Adolescentes).
Os alunos aprenderam sobre a História do graffiti no Brasil e também na Colômbia - já que três artistas vieram do país vizinho, e se juntaram a outros 17 grafiteiros brasileiros -, escutaram sobre a vivência dos artistas e sua experiência profissional, sobre como viver de e com o graffiti e como funciona o mercado de trabalho da arte urbana, e claro, aprenderem técnicas para desenvolverem suas próprias peças artísticas. Ao final do período de aulas e com o painel realizado, os alunos receberam uma certificação de participação no projeto.
Cada uma das oficinas foi ministrada por um arte-educador, que conduzia as atividades e aplicava o plano de aula previamente estabelecido, e um grafiteiro convidado, que mostrava as técnicas, delineava o graffiti a ser feito, contava sua própria história e trajetória. Assim, cada turma criou seu próprio mural - uma obra coletiva assinada pelo artista e seus alunos. 
Como resultado, as oficinas apresentaram aos jovens a forma de lidar com o graffiti, uma arte já presente em seus cotidianos, mas agora de uma forma ativa, como realizadores de novas paisagens urbanas.

Sobre o documentário
Durante as oficinas, Giuliano Gerbasi, Wendel Yokoyama, David Kennedy e Iara Ataíde filmaram um documentário média-metragem a partir de toda a experiência proporcionada pelo projetoUma Virada de Cores. Com uma equipe composta por profissionais e jovens iniciantes residentes em Heliópolis e região, a proposta foi a de incluir moradores locais no processo de realização do filme, nas funções de assistente de produção audiovisual, câmera, edição e montagem.
Registrando as vivências proporcionadas pelas oficinas, entrevistas com grafiteiros, arte-educadores, alunos e equipe, o filme se desenvolveu de forma colaborativa, retratando o impacto de todo o trabalho tanto na experiência dos envolvidos, quanto no espaço urbano.
As imagens conduzem para o processo de transformação do bairro a partir das cores deixadas pelos jovens participantes do projeto Uma Virada de Cores, mas também mostra a relação destes jovens com Heliópolis.

Sobre a AISCE
A AISCE se atribui a missão de ser a maior plataforma de relacionamento bilateral entre Brasil e Colômbia, fomentando os investimentos sociais, na cultura, no comércio e na educação. A instituição tem como objetivo potencializar a economia dos dois países e construir uma rede por meio do fortalecimento de projetos socioculturais.  O projeto Virada de Cores é o primeiro projeto da AISCE, idealizado com o objetivo promover o intercâmbio cultural de gerar impacto social positivo nas comunidades com o resgate de sua identidade e com abertura para formação da renda.

A AISCE foi constituída em 2018 e possui a ISA CTEEP, a Ecopetrol, o Grupo Sura e a GEBBRAS, empresas colombianas como mantenedores e idealizadores e conta com a participação do Consulado da Colômbia.


Sobre a Burburinho Cultural
Produtora de arte, cultura e entretenimento. Gestora de projetos com expertise em leis de incentivo e editais, a Burburinho produz e compartilha experiências criativas para o mercado cultural. Fundada em 2006, especializou-se em criação, gestão e realização de projetos culturais de vários formatos e dimensões. Atualmente é gerenciada por Priscila Seixas e Thiago Ramires e conta com parceiros em diversos segmentos da área, em grande parte do país.


Uma Virada de Cores
Ficha técnica
Direção: Priscila Seixas | Burburinho Cultural
Direção de produção: Thiago Ramires | Burburinho Cultural
Co-idealização: AISCE - Associação de Intercâmbio Sociocultural e Empresarial Brasil – Colômbia
Gestão de impacto Social: INK Inspira
Produção Executiva: Luna Borges e Otávio Bontempo
Pedagogo convidado: Rafael Outtone
Mobilizadores locais de alunos e staff de oficinas: André Luís, Cindyh e Leticia Avelino
Consultor: Thiago oito80
Arte-educadores: Daniel Bazco, Carol AFolego, Tales Jaloretto, Sylvio Solano, Guilherme Akbo e Bruno Perê
Grafiteiros brasileiros: Thiago oito80, Wend, Alexandre Hideki (Hideki Nomies), Thiago Spazziano (Monster Ectoplasma), Osmar Dantas (Odê), Tuwilê, Ricardo Fernandes (AKENI), Adriano da Silva (Bizonho), Felipe Arantes (Iskor), Eduardo Vinicius (Credo), Victor Monteiro (VCT), Yuri Lima (Oxil), Otávio Fabro (Ota), Carol AFolego, Bruno Byl, Caroline Dias (Dias), Ítalo Raphael 
Grafiteiros colombianos:  Johan Andres (Kano Delix), Robert Sled (Fuan Nexio) e Johan Alberto (Sony)
Realização documentário: David Kennedy, Iara Ataide, Giuliano Gerbasi e Wendel Yokoyama
Mídias digitais: Pantufa
Fotos: Vini Soares e David Kennedy
Assessoria de imprensa: Canal Aberto

Lei de Incentivo à Cultura
Patrocínio: Isa CTEEP
Apoio: Unas, Consulado Geral da Colômbia, CEU Heliópolis, Escola Estadual Tancredo Neves, Escola Estadual Gualter da Silva e CCA Heliópolis
Agradecimento: Olivério Torres
Realização: Associação de Intercâmbio Sóciocultural e Empresarial Brasil – Colômbia (AISCE), Burburinho Cultural, Secretaria Especial de Cultura, Ministério da Cidadania e Pátria Amada Brasil Governo Federal


Serviço
Lançamento do documentário Uma Virada de Cores + caminhada por Heliópolis com tour pelos graffitis do projeto
CEU Heliópolis (Rua Luigi Alamanni, 221-369 - São João Climaco)
Atividades gratuitas.
Local: Cinema e Saguão da FabLab

Dia: 22/08
Sessões: 10h; 16h; 19h30 - distribuição de senhas 1 hora antes da sessão.
Sujeito à lotação do espaço (130 lugares)


Tour:
17h30 às 18h30 - Tour com o grafiteiro Daniel Bazco pelos graffitis do projeto Uma Virada de Cores na região

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