RECLUSA, espetáculo
do Coletivo Zona Agbara, discute o encarceramento institucional e sociológico
das mulheres negras
A filósofa, ativista e professora norte-americana
Angela Davis dizia: “Não aceito mais as coisas que não posso mudar, estou
mudando as coisas que não posso aceitar”. Tem-se a certeza de que essa frase
ecoa até os dias de hoje e ganha novos contornos com “RECLUSA”, espetáculo de dança da Zona Agbara, coletivo feminino formado por
mulheres negras e gordas, que
estréia dia 17 de junho de 2019 no Teatro de Contêiner Mugunzá (R. dos
Gusmões, 43 - Santa Ifigênia). A entrada é franca.
“RECLUSA” discute o
encarceramento feminino tanto no viés institucional quanto sociológico. Duro acreditar
que as mulheres negras e as mulheres negras e gordas sofram com uma série de
estereótipos raciais e sexuais. E que estes mesmos estereótipos possam criar
uma variedade cruel de encarceramentos – psicológicos e físicos – lentos
genocídios silenciosos que atacam a saúde mental dessas mulheres, fazendo-as
adoecer emocionalmente. “RECLUSA”,
vai além desse adoecimento.
O espetáculo evidencia a
conexão entre a imagem construída dessas mulheres negras e
explica que o mito da maternidade voluntária (desde as senzalas elas
''amamentaram de leite e de ternura'') tem como tentativa camuflar uma
realidade escravista, sexista e racista. Uma imagem que se atualiza em nossas
realidades, de forma facilmente perceptível, com as ''mães pretas'', típicas
representações dadas às empregadas domésticas exploradas por décadas nas mais
variadas casas de classe média e rica. Não muito se difere do sistema
escravagista.
“RECLUSA” abrange desde o aprisionamento institucional, às mulheres
que são presas a casamentos, ou a casamentos com homens que estão na cadeia. O
texto também discute o próprio casamento como destinação: o velho estereótipo
de que se a mulher passou dos 40 anos sem casar transforma-se em problema para
a família e um alvo para a sociedade.
“Queremos fazer um alerta e dizer que estamos aqui vivendo
situações como esta. Mas queremos ter nossa voz, queremos ter nossa libertação
desses processos”, explica Gal Martins, responsável pela concepção e direção
artística. Martins revela que o texto do espetáculo enaltece a presença do
Orixá Xangô, símbolo máximo da justiça.
AGBARA
significa “potência e
força” em yorubá. O significado
apontado declara a emergência deste projeto, que é colocar na cena da dança
paulistana uma potência poética de um corpo que é marginalizado e
excluído dos processos de criação coreográfica, por possuírem características
físicas diferentes do padrão eurocêntrico estabelecido no cenário da dança no
mundo. E quando a discussão se volta para a questão racial, esse cenário só se
concretiza.
Ficha
Técnica
Concepção e Direção Artística:
Gal Martins Direção Coreográfica e
Preparação Corporal: Rosângela Alves Intérpretes
Criadoras: Fabiana Pimenta, Dandara Kuntê, Luciane Barros, Dina Alves,
Rosângela Alves e Gal Martins Musicista:
Analu Barbosa Trilha Sonora:
Danilova Cenário: Rodrigo Selva Figurino e Visagismo: Gil Oliveira Texto: Dina Maia Composição Musical: Fabiana Pimenta Projeto de Luz: Camila Andrade Fotografia:
Sheila Signário Direção de Produção:
Danilova Assistente de Produção: Lua
Santana Agradecimento: Tiago
Boogaloo Begins e Flip Couto
Programação
17, 18 e 19 de junho no
Teatro de Contêiner Mugunzá
R. dos Gusmões, 43 - Santa Ifigênia – Informações: (11) 97632-7852
21 e 22 de junho no Centro
de Referência da Dança
Galeria Formosa Baixos do Viaduto do Chá s/n - Centro Histórico de São
Paulo - Informações: (11) 3214-3249
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Dia 28 de junho na Fábrica de Cultura Capão Redondo, às 20h
Rua Bacia de São Francisco - Conj. Hab. Jardim São Bento, São Paulo –
SP
Informações: (11) 5822-5240
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Dia 29 de junho na Fábrica de Cultura Brasilândia às
17h30
Rua Bacia de São Francisco - Conj.
Hab. Jardim São Bento, São Paulo - SP,
Informações: (11) 5822-5240
Dia 12 de julho na Fábrica
de Cultura São Luis, às 20h
R. Antônio Ramos Rosa, 651 - Jardim
São Luís, São Paulo – SP
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