Teatro infantil: LADEIRA DAS CRIANÇAS - TEATROFUNK

Rosas Periféricas comemora 10 anos com
estreia de infantojuvenil cujo mote é teatro-funk




Fonte : Elaine Verbena / Fotos: Daniela Cordeiro 



Comemorando 10 anos de atividades, o Grupo Rosas Periféricas, atuante no Parque São Rafael, zona leste paulistana, estreia no dia 20 de abril o seu novo espetáculo, Ladeira das Crianças - TeatroFunk.

A montagem tem criação e direção coletiva do grupo com dramaturgia de Marcelo Romagnoli, a partir da adaptação dos livros O Pote Mágico e Amanhecer Esmeralda, do paulistano Ferréz (autor renomado de literatura marginal periférica).

Encenada ao ar livre, a peça reflete sobre a identidade das crianças da periferia e sobre os bens culturais do território, acessados na fase infantojuvenil. Histórias de vida dos atores e expectativas das crianças da região permeiam as histórias, que são costuradas por elementos do funk - como a dança, mais especificamente o passinho, a música, o ritmo e as rimas. O trabalho é inédito também quanto à abordagem lúdica do funk em uma produção para crianças e jovens.

Todas as sessões são grátis e acontecem no período de 20 de abril e 18 de maio, com sessões na Praça Osvaldo Luiz da Silveira (Parque São Rafael), na Casa de Cultura Municipal São Rafael e no Parque Santo Dias (Capão Redondo). Esta realização é uma parceria com o VAI II, Programa de Valorização de Iniciativas Culturais, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.

Em Ladeira das Crianças - TeatroFunk o universo das crianças periféricas ganha a cena. Seus desejos e sonhos são embalados pelo ritmo do funk. No bonde da ladeira tem de tudo: menino que sonha em ser DJ, garoto curioso para saber o que há dentro de um pote mágico, menina de cabelo de nuvem e garota que vive no mundo da lua. A peça retrata todas as pessoas que foram criança um dia e moraram na periferia.

Esta é mais uma investida do Rosas Periféricas na construção de uma narrativa ficcional documental, pesquisa e prática teatral desenvolvida pelo grupo, desde 2014. Além de memórias do grupo e objetos pessoais em cena, os atores foram ao encontro das crianças que moram na região em busca de material para as narrativas, promovendo encontros regados a músicas, cantigas e brincadeiras, além de improvisações cênicas. E Ladeira das Crianças usa o funk como linguagem para ressaltar uma identidade nascida para a simples diversão. Os atores explicam que, percebendo a força dessa manifestação no cotidiano do público infantojuvenil da periferia, a aposta foi aproximar o teatro (arte que não é muito popular na periferia) da popularidade do funk. Os elementos dessa cultura (dança, música e rimas) foram os artifícios usados para costurar as histórias e criar uma identidade com o público alvo da montagem. Para tanto, os atores fizeram diversas atividades preparatórias como aulas de passinho, workshop sobre a história do funk e oficinas de rima e beat.




“Nossa ideia foi trabalhar o ‘teatro-funk’ com toda a expressividade que a cultura funk tem na vida e no lazer dos jovens e crianças da periferia”, comentam. A inspiração veio também de trabalhos bem sucedidos de outros grupos que unem o teatro com uma vertente musical, como é o caso do ‘teatro hip-hop’, do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, e do ‘teatro-baile, da Cia. Teatro da Investigação. “Queremos explorar essa estética e acreditamos na aproximação entre o teatro e o funk. Teatro-funk parece brincadeira, mas é uma brincadeira necessária”, concluem os integrantes do Rosas Periféricas.

O enredo se passa em uma ladeira, que o grupo chama de “ladeira da alegria”, onde a garotada se encontra, brinca e se diverte; onde tudo acontece; onde sonhos e desejos são revelados. Além dos livros adaptados dramaturgicamente, a peça é recheada de memórias pessoais dos integrantes do grupo, recolhidas no processo criativo, que se entrelaçam com narrativas das crianças que vivem nas bordas da cidade.

A identidade do grupo está, inclusive, nos nomes das personagens. Rogério MC (Rogério Nascimento) adora dançar e soltar pipas; trabalha lavando carros, gasta o dinheiro nos bailes e sonha com o pote mágico. Paulo DJ (Paulo Reis, que confessa ter sido uma criança medrosa) só quer saber de brincar; é o melhor amigo de Rogério e embarca em todos os sonhos do colega. Michele Manhã (Michele Araújo) é garota negra que sofre preconceito na escola, tem pai alcóolatra e passa necessidades, mas encontra no afeto de um professor o agente transformador que a faz se reconhecer como menina negra, transformando sua realidade. Esta passagem da peça reforça a ‘representatividade negra’ do grupo. Gabriela - A Menina da Maleta (Gabriela Cerqueira) carrega uma maleta com livros e sonha em ser escritora, enquanto recolhe material reciclável junto com a família. A maleta é objeto real de sua infância. Monica Astronauta (Monica Soares) vive no mundo da lua e sonha em ser astronauta, mas seu sonho é barrado porque, ‘como mulher’, seria no máximo uma comissária de bordo; seu companheiro é o ursinho Tobias (brinquedo que a atriz ganhou na infância).

FICHA TÉCNICA - Texto: Grupo Rosas Periféricas - livremente inspirado nos livros Amanhecer Esmeralda e O Pote Mágico de FerrézDramaturgia: Marcelo Romagnoli. Direção: O Grupo. Elenco: Gabriela Cerqueira, Michele Araújo, Paulo Reis, Monica Soares e Rogério Nascimento. Coreografia: Michel Quebradeira Pura Oficina de construção de rimas: Preta Rara. Oficina de história do funk: Renatta Prado. Oficina de passinho: Michel Quebradeira Pura. Músicas: MC Kelvin Alves e Michele Araújo. Produção musical: Fez Santos e Leony Fabulloso Preparação musical: Rogério Nascimento. Figurinos: Isa Santos. Cenário: Patrícia Faria. Produção cenográfica: Paula Rosa e Camila Olivetti. Design gráfico e ilustração: Laís Oliveira. Fotografia: Daniela Cordeiro. Vídeo: Coral Alvarenga. Produção artística: O Grupo. Produção executiva: Michele Araújo e Paulo Reis. Assessoria de imprensa: Verbena Comunicação. Produção geral: Michele Araújo Realização: Grupo Rosas Periféricas.

Espetáculo: Ladeira das Crianças - TeatroFunk
50 minutos. Livre. Teatro de rua infantojuvenil
Entrada grátis.
Informações: (11) 97983 4902 e (11) 995159-5918

Apresentações / abril

Dias 20 e 27 de abril. Sábados, às 17h
Local: Praça Osvaldo Luiz da Silveira. Parque São Rafael, São Mateus/SP.

Dias 26 e 27 de abril. Sexta, às 16h30, e sábado, às 17h
Local: Casa de Cultura Municipal São Rafael
Rua Quaresma Delgado, 354 - Parque São Rafael, São Mateus/SP.

Apresentações / maio

Dias 2, 3 e 9 de maio. Quinta, sexta e quinta, às 16h30
Local: Casa de Cultura Municipal São Rafael
Rua Quaresma Delgado, 354 - Parque São Rafael, São Mateus/SP.

Dias 4, 10 e 11 de maio. Sábado, sextas e sábados, às 17h
Local: Praça Osvaldo Luiz da Silveira. Parque São Rafael, São Mateus/SP.

Dias 17 e 18 de maio. Sexta e Sábado, às 17h
Local: Parque Santo Dias
Rua Arroio das Caneleiras, 650 - Conj. Hab. Instituto Adventista - Capão Redondo/SP.


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