Grupo Magiluth comemora 15 anos no
Sesc Avenida Paulista com estreia, oficinas e espetáculos do repertório
Dramaturgia e direção compartilhadas, temáticas
políticas, jogos teatrais épicos e parcerias com artistas de todo o Brasil
marcam o percurso do Grupo Magiluth, companhia recifense que monta em 2019 seu
10º espetáculo e traz para São Paulo oficinas, debates e trabalhos que já
fizeram temporadas paulistanas
Fundado em 2004, o Grupo Magiluth, uma das companhias de
teatro mais reconhecidas de Recife, ocupa o Sesc Avenida Paulista a
partir do dia 26 de março de 2019 com uma programação
composta por duas oficinas, um bate-papo aberto ao público e três espetáculos –
sendo dois do repertório e um inédito.
A vinda do grupo dá continuidade a pesquisas que
foram realizadas no ano passado no Sesc Avenida Paulista. A partir de uma
residência artística, os integrantes do Magiluth começaram o
processo de criação de uma peça site specific, ou seja, planejada a
partir das particularidades do local em que será apresentada. “Era impossível
pra gente deixar de usar tudo que havia no 13º andar do Sesc, em que a fachada
de vidro permite a entrada completa da luz, o que dá outra cara para o espaço.
Começamos o espetáculo no teatro e depois ocupamos todo o andar”, diz Giordano
Castro, um dos integrantes do grupo.
A peça inédita Apenas o Fim do Mundo, escrita em 1995
pelo dramaturgo francês Jean-Luc Lagarce, inaugura um marco na história do
grupo. “Nossas peças costumam ter um texto bastante fragmentado e criado em
conjunto. Dessa vez, optamos pelo texto de um autor que trabalha com uma
estrutura diferente da já trabalhada pelo grupo”, diz Giordano. O artista
complementa que o grupo vem em uma sucessão de peças explicitamente políticas,
e a inédita traz uma camada de delicadeza e comoção que o grupo não trabalhava
há algum tempo. “Pensamos que falar sobre o amor hoje talvez fosse tão
revolucionário quanto abordar diretamente a política”, completa.
Com uma estrutura de tempo não-lógica (as
personagens têm dificuldade, por exemplo, de entender se o tempo que passou
tratou-se de um dia ou de anos), a peça tem direção de Giovana Soar, que também
é a tradutora do texto, e Luiz Fernando Marques (Lubi), do grupo XIX de Teatro.
A participação dos dois diretores se justifica pelo modo colaborativo e
horizontal com que trabalham, características presentes em todos os trabalhos
do grupo Magiluth.
Aquilo que meu olhar guardou para você / Magiluth (PE)/ Foto: Mauricio Cuca |
Lubi e Giovana também trabalharam em outras
montagens do grupo que farão temporada paulistana. Aquilo Que Meu
Olhar Guardou Para Você, de 2012, conta com o olhar delicado e
propositivo trazido por Lubi, nas palavras de Giordano. “Ele tem uma postura
muito provocativa e sabe bagunçar a encenação para depois organizá-la”, conta.
Com texto fragmentado, a peça traz no enredo diversas situações em que o homem
se insere num local diferente do de origem, um olhar de fora para cidades que
muitas vezes são marcadas apenas pelo senso comum.
Dinamarca / Foto: Danilo Galvão |
Já Dinamarca, de 2017, é um espetáculo inspirado na
tragédia Hamlet, de William Shakespeare. O texto aposta em uma série de
abordagens, leituras e caminhos propostos pela obra. Para Giordano, a
assessoria de Giovana Soar auxiliou na fluidez e naturalidade do texto. Agora,
na direção simultânea de Apenas o Fim do Mundo, que contou com
encontros do grupo com os diretores em São Paulo, Recife e Curitiba, Giordano
destaca a potência dessa união de olhares. “Giovana traduziu o texto, então a
condução dela para a fala dos atores foi muito importante, enquanto o Lubi
apoiou bastante num pensamento amplo sobre a cena”.
O artista ressalta que uma característica da
companhia é a busca por parceiros em todos os lugares que passam. Em São Paulo,
além de Lubi, destaca também encontros e trocas a Cia de Mungunzá de Teatro,
criadora do Teatro de Contêiner. Na comemoração dos 15 anos, o grupo aproveita
o momento para celebrar as parcerias feitas ao longo do trajeto. Além de Lubi
(São Paulo) e Giovana Soar (Cia Brasileira de Teatro, de Curitiba), também
participam da ocupação o diretor Fernando Yamamoto, da Cia Clowns de
Shakespeare (Natal) e a pesquisadora de teatro Ivana Moura, ambos participantes
de um bate-papo gratuito e aberto ao público que será realizado no dia 17 de
abril, quarta-feira, às 20h30.
Uma das características mais
marcantes na trajetória da companhia é observar o evento teatral como um jogo,
onde o ator é o jogador e o público é o agente da obra - é quem permite que ela
aconteça.
Também é um registro do grupo a
fragmentação da dramaturgia, os textos e direções colaborativos - assinados por
todos integrantes e artistas convidados - e a condução do teatro junto com seus
fundamentos épicos e tradicionais
Completam a ocupação duas oficinas: o Construindo a
Cena, que propõe um desenvolvimento das experimentações usadas pelo grupo em
cena (26 de março a 10 de abril) e a oficina Jogo Total, que apresenta aos
participantes alguns dos procedimentos teatrais mais utilizados pela companhia
(dias 17, 18 e 20 de abril).
SINOPSES DOS ESPETÁCULOS
Aquilo que meu olhar guardou para você (2012)
Quinto espetáculo do grupo pernambucano
Magiluth, Aquilo que meu olhar guardou para você é fruto de
uma investigação a partir de imagens trocadas com a equipe do Teatro do
Concreto, do Distrito Federal, no Programa Rumos Itaú Cultural, abordando o
comportamento do homem contemporâneo na urbanidade. Lançando mão de diversos
recursos teatrais, destinos individuais, de transformações e desvios são postos
em cena sempre com um olhar afetuoso. Composto por cenas fragmentadas, a
montagem traz no elenco os atores Erivaldo Oliveira, Giordano Castro, Lucas
Torres, Mario Sérgio Cabral e Pedro Wagner.
Dinamarca (2017)
Dinamarca é uma peça inspirada num dos textos mais
conhecidos da dramaturgia ocidental, Hamlet. A tragédia escrita por William
Shakespeare entre 1599 e 1601 é notoriamente considerada um clássico, pois
apesar da época em que foi escrita, se mantém viva, atual e traz reflexões
sobre o nosso tempo. Dentro dessas possibilidades, a ideia de ficcionalizar uma
bolha social do reino dinamarquês serve como argumento para a construção
de Dinamarca. O Magiluth busca estar sempre em diálogo com o
momento presente, tentando fazer de seus trabalhos um recorte do seu tempo.
Para isso, busca como referências obras atemporais que não se esgotam em
possibilidades de interpretações. Essa é uma das maiores forças da tragédia
Shakespeariana: revelar quem somos através dos conflitos que atormentam a
cabeça do jovem príncipe. Quando esses conflitos são revelados, entende-se como
as pessoas agem sendo produto e produtor da sociedade em que vivem.
Apenas o fim do mundo (2019)
Nesse trabalho o Magiluth revive duas parcerias
bastante frutíferas na história do grupo que assinam juntos a direção do
espetáculo: Luiz Fernando Marques (Lubi), responsável pela direção do
espetáculo Aquilo que o meu olhar guardou para você, e Giovana
Soar, que trabalhou junto com o coletivo no processo de criação do
espetáculo Dinamarca. A peça, de autoria do francês Jean-Luc
Lagarce tem tradução da própria Giovana Soar e conta a história de um homem,
ausente há bastante tempo, que retorna à casa da família para dar a notícia de
sua morte próxima. O reencontro se dá em um domingo ou, ainda, ao longo de
quase um ano inteiro.
GRUPO MAGILUTH
Fundado em 2004, o Grupo Magiluth tem um trabalho
de pesquisa e experimentação constante na cena teatral recifense, sendo
apontado como um dos principais grupos teatrais do país. O Magiluth circula
com seu conjunto de atores por diversos estados brasileiros. Nos nove
espetáculos criados ao longo de quinze anos de existência o grupo busca um teatro independente, de
realização contínua e de extremo aprofundamento na busca pela qualidade
estética.
Os espetáculos realizados
foram: Corra (2007), Ato (2008), 1
Torto (2010), O canto de Gregório (2011), Aquilo que o meu
olhar guardou para você (2012), Viúva, Porém
Honesta (2012), Luiz Lua Gonzaga (2012), O Ano em que
Sonhamos Perigosamente(2015) e Dinamarca (2017). O Magiluth
participou de importantes projetos no cenário teatral brasileiro, tal como o
Programa Rumos Itaú Cultural — Teatro. Em 2012 foi escolhido pela revista
Contigo! pelo prêmio Talentos do Brasil e ainda apontado como a segunda melhor
estreia do teatro nacional pelo Guia da Folha de São Paulo. Mais informações
disponíveis no site www.grupomagiluth.com.br.
SERVIÇO
Espetáculos
Aquilo que meu olhar guardou para você
De 28 a 31 de março de 2019
Quinta a sábado, às 21h, e domingo, às 18h
Local: Arte II (13º Andar)
Classificação indicativa: 18 anos. Duração: 90
minutos
Ingressos: R$ 30 (inteira), R$ 15 (meia) e R$ 9
(Credencial Plena)
Dinamarca
4 a 7 de abril de 2019
Quinta a sábado, às 20h30 e domingo, às 17h30
Local: Praça (térreo)
Classificação indicativa: 18 anos. Duração: 80
minutos
Ingressos: R$ 30 (inteira), R$ 15 (meia) e R$ 9
(Credencial Plena)
Apenas o fim do mundo
11 de abril a 5 de maio de 2019, exceto dia 19 de
abril
Quinta a sábado, às 21h. Domingos e feriados, às
18h
Local: Arte II (13º Andar)
Classificação indicativa: 18 anos. Duração: 120
minutos
Ingressos: R$ 30 (inteira), R$ 15 (meia) e R$ 9
(Credencial Plena)
Oficinas
Desenvolvimento de experimentações Construindo a
Cena
26 de março a 10 de abril de 2019
Terça a sexta, das 14h às 17h
Local: Arte II (13º Andar)
Grátis
Oficina Jogo Total
17, 18 e 20 de abril de 2019
Quarta, quinta e sábado, das 14h às 18h
Local: Arte II (13º Andar)
Grátis
Bate-papo Os últimos 15 anos de teatro no Nordeste
Com Grupo Magiluth, Fernando Yamamoto (Cia Clowns
de Shakespeare) e Ivana Moura (pesquisadora de teatro).
Dia 17 de abril de 2019, quarta-feira, 20h30
Local: Arte II (13º Andar)
Grátis
Sesc Avenida Paulista
Avenida Paulista, 119
Transporte público: Estação Brigadeiro do Metrô –
350m
Informações: 3170.0800
Bilheteria: Terça a sábado, das 10h às 21h30.
Domingos e feriados, das 10h às 18h30
Site: sescsp.org.br/avenidapaulista/ Facebook: facebook.com/sescavpaulista Instagram: @sescavpaulista
Ingressos à venda pelo Portal sescsp.org.br e em toda rede Sesc SP
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