Cineasta Negro da Baixada pro Mundo






Crucificação, trazendo um elenco misto com atores e não atores, interpretando personagens que são uma caricatura da sociedade brasileira. Este filme conta a a história de uma mulher  branca que vivia em sua bolha e nunca se importou com as minorias, até que começa sentir na "pele" o que negros, gays e pessoas de religião de matriz africana sofrem. O desenrolar da história se dá dias depois em que políticos ultra conservadores se unem a religiosos fundamentalistas e tomam o poder de um país, com o apoio da sociedade alienado. A criação de novas leis trarão um controle abusivo da vida de mulheres, negros, gays e pessoas de religião com matriz africana. O filme que mescla cenas ficcionais com títulos de manchetes reais de sites e jornais, teve sua estréia mundial no 10º Festival Internacional de Santo Domingo dia 4 de março deste ano e participou na mostra competitiva, sendo indicado na categoria Hombres en Corto.





Sobre o cineasta:
É idealizador do Coletivo Independente de Cinema Experimental Filmes onde os temas são causas sociais com foco na negritude. Alek Lean é pedagogo, ator, roteirista e cineasta de guerrilha como prefere se classificar. Negro, nascido e criado em São João de Meriti na Baixada Fluminense, faz filmes com recurso zero que já foram para mais de 50 festivais de cinema no Brasil e em quatro continentes. Tudo começou com sua Trilogia da Obsessão (Tormenta, Rewind e Nota Mi), que abordavam a questão do padrão de beleza imposto pela mídia e o medo da solidão. Os curtas estrearam em Portugal e depois correram o Brasil. Selecionado duas vezes consecutivas para o Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul 2017/2018, o maior da América Latina, o diretor sempre aborda temas relacionados as causas sociais, problemas urbanos e questões raciais e misoginia. Em 2017, ganhou Menção Honrosa pela Temática Social em São Paulo e  Prêmio de Melhor Curta Metragem Internacional no Caribe no 8º FEMUJER, por "2 desabafos, 1 consutório" um filme onde duas mulheres relatam a um psicólogo como sofreram nas mãos de seus maridos. Este ano bombou em 10 festivais com o filme LGBTQI "Eu não nasci pra ser discreta" um documentário ficcional onde quatro jovens de diferentes etnias relatam como é difícil ser afeminado numa sociedade machista. Este, foi indicado a melhor curta metragem no Prêmio Fiesp SESI SP de Cinema e TV e foi selecionado para a mostra competitiva do LIFT-OFF Global Network Film Festival da Inglaterra. Quanto a seu filme Lar Doce Celular (Sweet Cell), vencedor da Menção Honrosa no Festival Internacional de Cinema de Curtas Metragem Lapa - RJ, também foi selecionado para o In Short Film Festival em Lagos, na Nigéria em dezembro de 2018 sendo semi-finalista. Alek se diz orgulhoso em poder mostrar seu filme feito com equipe 100% negra, na África novamente. A primeira vez no continente africano foi no Festival Internacional de Cinema Plateau em Cabo Verde, em seguida foi destaque no Out Fest Santo Domingo no Caribe.




Apesar de achar que fazer cinema independente no Brasil é uma luta constante, principalmente para os negros da Baixada e periferias, ele não pensar em parar de produzir tão cedo. "Sim, fazer cinema é como uma luta de ringue mesmo e pra vencer você tem que treinar muito. No caso do audiovisual, você treina produzindo novos filmes a qualquer custo. A minha questão central quando idealizei a Experimental Filmes é com a resistência e representatividade das minorias e especial os negros, apesar de sua filmografia ter grande destaque em defesa da luta das mulheres, maioria em número, porém ainda com extrema desigualdades de direitos e reprimidas socialmente. Enquanto nós negros precisamos ver nossas histórias contadas nas telas a partir do nosso ponto de vista e ilustrados com os cenários que fazem parte da nossa identidade", diz o cineasta.
"O ringue de luta a qual me referi é ainda mais tenso quando se trata de artistas negros querendo produzir, precisamos levar o dobro de provas que um branco usaria para conseguir um destaque na mídia ou parceria. Até mesmo para gravar em determinados lugares, ao chegar com uma mochila, boné e colete, você percebe o olhar desconfiado dos funcionários do local para você. Isso é nítido e vergonhoso para um país de maioria negra. E são por esses motivos que considero o audiovisual em geral um arma para mostrar que negros talentosos existem sim e produzem tem suas histórias e são importantes culturalmente para nossa sociedade e seu desenvolvimento." continua a refletir o cineasta.







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