Espetáculo “Marta, Rosa e João”, com Malu Galli, estreia no Sesc Pinheiros

Os 22 trunfos do tarô inspiram criação da primeira ‘peça-jogo’ escrita por Malu Galli, que também está em cena como a mãe, Marta. A cada sessão, 13 das 22 cartas do jogo são sorteadas e correspondem às cenas que serão apresentadas no dia - o que totaliza mais de 300 mil possibilidades de desenvolvimento da história.

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Figura 1 - Foto Mabel Feres

O público entra no teatro. A primeira cena vai determinar, toda noite, o restante do espetáculo. Cartas de tarô são tiradas e treze cenas são apresentadas aos espectadores, na sequência que o jogo determinou. Assim está estruturada a primeira dramaturgia de Malu Galli, autora, diretora e atriz de Marta, Rosa e João. A peça estreou no dia 17 de janeiro, quinta-feira, às 20h30, no Auditório do Sesc Pinheiros, em São Paulo. Ao lado de Malu, estão no elenco Manoela Aliperti no papel de Rosa, Rodrigo Scarpell como João e Katia Naiane, que dobra papeis conforme o sorteio do dia. Romulo Fróes e Kiko Dinucci criaram a trilha sonora.
O espetáculo conta a história de Rosa, mulher que descobre numa consulta com uma taróloga sua própria gravidez e a proximidade do dia de conhecer Marta, sua mãe, que a deixou ainda na infância. Não bastasse o peso deste encontro, as mulheres precisam ainda lidar com a presença de João, um passeador de cães que frequenta a casa de Marta e, por meio do seu comportamento livre e subversivo, provoca uma renovação no olhar entre mãe e filha, um tipo de confusão que move o que está estagnado nelas.
 “Os arquétipos dos 22 Arcanos Maiores sugerem muitas traduções e interpretações, das quais me inspirei para escrever as cenas livremente e associá-las em seguida a cada uma das cartas”, diz Malu, ressaltando que o espetáculo não é sobre o tarô, é apenas um dispositivo que torna Marta, Rosa e Joãouma espécie de ‘peça-jogo’, como nomeia a autora. “Assim como as narrativas de cena vão sendo montadas durante a encenação, os elementos cênicos, como luz, cenário, figurino e música também seguem essa estrutura”, conta.
No elenco, além de Malu, que interpreta Marta, estão em cena Manoela Aliperti, no papel de Rosa; Rodrigo Scarpell como João; e Katia Naiane, intérprete da taróloga do início do espetáculo e também atriz que dobra papeis, podendo interpretar uma vizinha ou uma entrevistadora de emprego, entre outras. Romulo Fróes, cantor e compositor convidado por Malu para assinar a direção musical, criou em parceria com Kiko Dinucci (dos gruposPasso Torto e Metá Metá, entre outros) uma trilha única que se desmonta para cumprir o desenrolar de cada cena.





No espetáculo, Malu renova parceria com a atriz Manoela Aliperti, com quem trabalhou – também nos papeis de mãe e filha – na 25ª temporada de Malhação: Viva a Diferença, escrita por Cao Hamburger e reconhecida por trazer à série questões sociais relevantes e por ter dividido o protagonismo entre cinco personagens femininas – uma delas Manoela Aliperti
Próxima dos 30 anos de carreira, Malu participou de dezenas de séries televisivas, filmes e peças de teatro. Como diretora, já assinou o espetáculo A Máquina de Abraçar, de autoria de José Sanchis Sinisterra, e de Oréstia, trilogia de peças do dramaturgo grego Ésquilo, com quem dividiu direção com Bel Garcia, da Cia dos Atores.
Sobre a empreitada do primeiro texto para o teatro, Malu ressalta que o recurso das cenas móveis exige suas próprias complexidades, como evitar curvas dramatúrgicas, dividir as informações das cenas de modo com que elas não se repitam e façam sentido para o público independente da ordem de exibição e também trazer frescor aos atores a cada sessão, já que a encenação só será desvelada após a exibição das cartas.
Cada cena será iniciada com um indicativo da carta que remete ao que será visto. Caso a carta-cena tenha sido, por exemplo, a do Imperador, esse título será revelado ao público no começo da cena. “Não se tratam de esquetes ou cenas isoladas. Mesmo embaralhadas, as cenas juntas contam uma só história de diferentes formas”, reforça Malu.
Para assumir essa escolha na hora de escrever o texto, a artista coloca-se em diálogo com movimentos presentes na história do teatro que já testavam elementos surpresa para composição de peças. “Desde o século XV que experimentos acerca do processo da escrita vêm sendo desenvolvidos, passando pelas vanguardas do século XX e por grupos de artistas nos anos 70, onde regras restritivas criadas por seus participantes eram impostas ao processo criativo”, conta.
Em Marta, Rosa e João também há o objetivo de que as atrizes e o ator experimentam outra forma de vivenciar suas personagens. “Não tem como o elenco se preparar antecipadamente, o que faz com que a cada sessão tenhamos que aprender a entrar no jogo que será definido ali mesmo”, finaliza Malu.



Sinopse
A jovem Rosa descobre em uma consulta de tarô que está grávida. Ela decide, então, ir ao encontro de sua mãe em outra cidade para conhecer, enfim, a mulher que nunca quis ter contato com ela. Marta está há tempos sem conseguir sair de casa e se relacionar com o mundo. Isolada, ela mantém contato apenas com João, um passeador de cães que frequenta a casa todos os dias. A convivência das duas mulheres, forçada pela visita inesperada de Rosa, traz à tona decisões e enfrentamentos inevitáveis para as personagens.
Marta, uma jornalista de sucesso, precisa ter coragem de retomar sua vida profissional interrompida por uma crise de pânico. Rosa, por sua vez, precisa entender seus sentimentos acerca da maternidade e decidir sobre seu futuro. O arquétipo do Louco, a carta número 0 do tarô, inspira livremente a criação do personagem João, o passeador de cães, que entra e sai da casa subvertendo a comunicação entre as duas, confundindo, provocando e colocando em movimento as peças estagnadas do jogo.
 
Os 22 Arcanos do Tarô são as principais cartas e expressam, a partir de cenas com uma ou várias pessoas, uma série de elementos simbólicos. Os Arcanos são, em ordem: 0 - O Louco,  1 - O Mágico, 2 - A Papisa,  3 - A Imperatriz, 4 - O Imperador, 5 - O Sumo Sacerdote, 6 - Os Enamorados, 7 - A Carruagem, 8 - A Força, 9 - O Heremita, 10 - Roda Da Fortuna, 11 - Justiça, 12 - O Enforcado, 13 – Morte, 14 - Temperança, 15 - O Diabo, 16 - A Torre, 17 - A Estrela, 18 - A Lua, 19 - O Sol, 20 - O Julgamento e  21 - O Mundo.

Sobre Malu Galli
Malu Galli iniciou sua trajetória teatral na escola O Tablado, em 1982. Mais tarde, formada profissional pelo curso da Faculdade da Cidade ministrado por Bia Lessa, começou a trabalhar como integrante da Cia. Teatro Autônomo, de Jefferson Miranda, onde participou de espetáculos como Mann na Praia,Minh'Alma é Imortal, e A Noite de Todas as Ceias. Com a Cia. Dos Atores, de Enrique Diaz, participou de espetáculos como O Rei da VelaMeu Destino é Pecar, ensaio. Hamlet, apresentado em festivais e temporadas pelo mundo todo e considerado o melhor espetáculo da década pela Revista Bravo, eGaivota - tema para um conto curto.
Em 2004, criou e produziu em parceria com a diretora Christiane Jatahy o monólogo Conjugado, considerado o melhor espetáculo estrangeiro do ano de 2006 em um festival de Havana, Cuba. Realizou o monólogo Diálogos com Molly Bloom, em que foi dirigida por cinco diretores (Andrea Beltrão, Cristina Moura, Christiane Jatahy, José Sanchis Sinisterra e Gilberto Gawronski). Junto com Andrea Beltrão e Mariana Lima, produziu e integrou o elenco deNômades, dirigida por Marcio Abreu.
Dirigiu e realizou o espetáculo A Máquina de Abraçar, de José Sanchis Sinisterra, com Mariana Lima e Marina Viana, inaugurando o galpão do Tom Jobim, RJ, 2009. O espetáculo foi considerado um dos dez melhores do ano pelo Jornal O Globo. Em São Paulo, foi realizado na área de convivência do Sesc Pompeia em uma instalação do artista plástico Raul Mourão. Em 2012 dirigiu Oréstia, trilogia de Ésquilo, onde apresentou uma tradução original do grego feita por Alexandre Costa e Patrick Pessoa, além dos versos do coro musicados por Romulo Fróes e Cacá Machado.
No cinema, participou de mais de 15 filmes, entre eles O Xangô de Backer Street, de Miguel Faria Jr; Achados e Perdidos, de José Joffily, Maré, nossa história de amor, de Lúcia Murat, 180 graus, de Eduardo Vaisman, Aos teus olhos, de Carolina Jabor e Paraíso Perdido, de Monique Gardenberg. Em 2018 filmou com Caetano Gotardo Seus Ossos e seus olhos (estreia em janeiro nos festivais de Tiradentes e Roterdam), Propriedade Privada, thriller de Daniel Bandeira e Dispersão, filme interativo de Bruno Vianna (ambos em fase de montagem e estreia prevista pra 2019). 
Na TV, Malu participou de séries e novelas de sucesso na TV Globo, entre elas Queridos Amigos, A Mulher do PrefeitoTapas e BeijosCheias de Charme,ImpérioSete VidasTotalmente Demais e Malhação: Viva a Diferença.






FICHA TÉCNICA
Texto e direção - Malu Galli
Elenco - Manoela Aliperti - Rosa | Malu Galli - Marta | Rodrigo Scarpelli - João |   Katia Naiane – Taróloga, vizinha, entrevistadora de emprego, entre outros
Direção de produção - Gabi Gonçalves
Cenário e figurino - Cassio Brasil
Direção musical - Romulo Fróes
Direção de movimento - Luaa Gabanini
Luz - Wagner Antônio
Trilha sonora original - Romulo Fróes e Kiko Dinucci
Assistência de direção - Zi Arrais
Produção executiva – Thais Vennit
Fotos - Mabel Feres
Ambientação das fotos - Rodrigo Bueno (Ateliê Mata Adentro)
Realização - Corpo Rastreado

SERVIÇO
Quando: 17 de janeiro a 23 de fevereiro.
Horário: Quinta a sábado, 20h30.
Local: Auditório (3º andar) | Capacidade: 100 lugares
Classificação: 14 anos
Duração: varia conforme as cenas escolhidas (em média 75 minutos)
Ingressos: R$ 25,00 (inteira). R$ 12,50 (estudantes, +60 anos e aposentados, pessoas com deficiência e servidores da escola pública). R$ 7,50 (Credencial Plena válida: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo credenciados no Sesc e dependentes).

SESC PINHEIROS
Endereço: Rua Paes Leme, 195.
Bilheteria: Terça a sábado das 10h às 21h. Domingos e feriados das 10 às 18h.
Tel.: 11 3095.9400.

Estacionamento com manobrista: Terça a sexta, das 7h às 21h30; Sábado, das 10h às 21h30; domingo e feriado, das 10h às 18h30. Taxas / veículos e motos: para atividades no Teatro Paulo Autran, preço único: R$ 12 (credencial plena do Sesc) e R$ 18 (não credenciados).
Transporte Público: Metrô Faria Lima – 500m / Estação Pinheiros – 800m


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