70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos: Sempre em luta pela equidade -Por Babalawo Ivanir dos Santos
Há exatos 70 anos, o mundo se perguntava como sobreviver e reavivar a
esperança, o respeito, a tolerância e a coexistência pacífica, após as
destruições monumentais causas pela II Guerra Mundial que marcou o século XX.
Seja nos país globais ou Sul Sul, a II Guerra colocou em questão o ódio, o
desafeto, o fascismo em evidencia e contras todas as construções pacificas que
até então pareciam inabaláveis.
Assim, após esse terrível episódio na história, nasce em 8 de dezembro
de 1948 Declaração Universal dos Direitos Humanos, com o intuito de promover e
assegurar a dignidade humana em todos os lugares e lutar contras todas as
formas de intolerância e opressão. Mas, 70 anos depois nossos desafios ainda se
apresentam maiores do que os nossos anseios por igualdade, justiça, equidade,
alteridade, diversidades, pluralidade e tolerância...principalmente no nosso
Brasil. Nossos jovens negros ainda são vistos como alvos fáceis no intenso
processo de eugenia social, que de tempos em tempos se recodifica sobre o seu
único fim...embranquecer o país que recebeu mais um milhão de mulheres e homens
negros na condição de escravos entre o século XV a XIX! Mulheres e homens negros,
que ainda hoje no século XX, ganham 60% menos do que mulheres e homens brancos
(dados do IBGE 2018) e, sofrem todas as adversidades e atrocidades provocadas
pelo racismo estrutural que impera nos meios político e econômico brasileiro.
Fazendo assim recair sobre nos a dúvida da nossa "humanidade".
Humanidade esta, que é condicionada pela benevolência paternalista da
cultura ocidental, que nos coloca na condição de sujeitos à margem da sociedade
e sem nenhum protagonismo histórico.
No cenário religioso, a liberdade de culto e de crença ainda não é uma
realidade para todas e todos cultuarem os seus sagrados. E no campo das
coexistências, a intolerância, a xenofobia, a homofobia o machismo e racismos
ainda são os dos nossos grandes desafios. Principiante diante dos próximo anos
em que a ideia de "diretos humanos para todos" corre o risco de ser
substituída pela falsa ideia " direitos humanos para humanos
direitos"...acarretando assim um intenso processo de desumanização,
colocando negros, indígenas, ciganos, religiosos e religioso
afro-brasileiro, homossexuais, transexuais, travestis e todas e todos que não
correspondentes, segundo a linguagem opressora, à um ser humano direito!
Precisamos hoje comemorar SIM, mas refletir profundamente sobre os nossos avanços
e retrocessos diante de tal conquista e jamais esquecer que todos nós somos
iguais em humanidades. Pois como bem nos lembra o saudoso Nelson Mandela,
ex-presidente da África do Sul "Liberdade parcial não é
Liberdade".
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