Encontro entre os Saberes Afro-brasileiros e Africanos 25 e 26 de outubro na Universidade Federal do Rio de Janeiro
Babalawo Prof. Ivanir dos Santos / Foto: Brunno Rodrigues |
Com a presença de diversos africanos.
Como temas e
subtemas do encontro inaugural, a conferência aborda o estudo das religiões
oriundas da África com ênfase no foco regional e diaspórico.
Discutirá
também os desafios específicos enfrentados por estudantes e acadêmicos no
estudo de religiões africanas e afrodiaspóricas em todo o mundo.
A
conferência também busca encorajar pesquisas acadêmicas e explorar vias de
documentação e preservação das religiões de origem africana.
O Brasil é a
maior população negra (diáspora africana) no mundo, depois da Nigéria. Dados
demográficos recentes do Brasil mostram os afro-brasileiros como maioria pela
primeira vez, com os resultados do censo de 2010 revelando que mais de 50,7% da
população agora se identificam como pretos ou pardos, em comparação com 47,7%
que se definem como brancos (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística-IBGE). Por fim, o Brasil é a terra do candomblé, uma das maiores
religiões de origem africana do mundo.
Encontro entre os Saberes Afro-brasileiros e
Africanos
25 e 26 de outubro na Universidade Federal do
Rio de Janeiro
O Grupo Pan Africano de Pesquisa Estratégica e Política (PANAFSTRAG) em
parceria com o Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP) - que
a frente o Prof. Dr. Babalawô Ivanir dos Santos, com a Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), através do Laboratório de Historia das
Experiências Religiosas – LHER e do Projeto em Africanidade na Dança Educação –
PADE/UFRJ estão organizando o Encontro entre os Saberes Afro-brasileiros e
Africanos.
Com
atividades e roda de conversa, buscando atender os anseios do grupo PANAFSTRAG.
Assim, o encontro tem por objetivo promover a colaboração e integração intelectual
e cultural entre os grupos em África e no Brasil. "Fruto das ações
das redes de intelectuais internacionais e nacionais, que se debruçam sobre o
tema, o evento reunirá mais de mil pesquisadores dos cinco continentes",
afirma Ivanir dos Santos.
Local:
Instituto de Filosofia Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (IFCS / UFRJ) - Localizado no Largo de São Francisco de Paula nº 1, RJ.
Programação
Dia 25 -
(sala 200 do IFCS/UFRJ)
15h - Coffee Break
16h Mesa de
Abertura: Intelectuais Negro: Conexões Africa-Brasil
Profº.Dr. Afe Adogame (Princeton Theological Seminary)
Profº.Dr. Raimundo Barreto (Princeton Theological Seminary)
Profº.Dr Ishola Williams- Pan African Strategic and Policy Research
Group (PANAFSTRAG- Nigéria)
Profº.Dr. Ullrich R. Kleinhempel (Bavaria College, Schweinfurt, Germany)
Profº.Dr. Jesudas Athyal (Fortress Press)
Profº. Dr.
Mubabinge Biolo (Centro de Pesquisas de Egiptologia do Instituto Africano-
Zâmbia)
Profº. Dr.
Nokuzola Mndende (Presidente Nacional: Conselho de Religião Africana- África do
Sul)
Drª. Lily
Rose Nomfundi Mlisa (África do Sul)
Profº. Drº.
Alpheus Mogomme Masoga (University de Venda- África do Sul)
Rev.Grace
Sintin Adasi (Ghana)
Dra. Ijeoma
Onyeator ( Nigéria)
Dra. Roemary
Amenga-Etego (Gana)
Dr. Paul
Onovo (Nigéria)
Dra. Ngozi
Emeka N de (Nigéria)
Dra.
Nomfudo Lily Rose Mlisa (África do Sul)
Matthew
Micheal (Nigéria)
Dra. Evelyn
Hauwa (Nigéria)
Dra. Mathew
Chioma (Nigéria)
Dia 26
(Salão Nobre)
Das 12h às
14h Almoço - Ilê Axé Ogum Anaeji Iebele Ni Onan Axe Pantanal
Das 14h30 às
17h - Roda de Conversa: Religiosidades e Espiritualidades Africanas e
Afro-Brasileiras
Local: Rua
Eça de Queiroz, Lt 17, Qq 69. Bairro Pantanal, Cidade Duque de Caxias (RJ)
Instituições
organizadoras: PANAFSTRAG, CEAP, UNIVERSIDADE DE PRINCETON, Programa de
Pós-graduação em História Comparada da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(PPGHC/PPGHC)
Em tempo: O
encontro se estende do II Conferência Global de Religiões Africanas e
Afrodiaspóricas.
Que começou
em 22 de outubro na Universidade Federal de Juiz de Fora Relevância do
tema e seus contexto
Release
abaixo
Entre os dias 22 a 25 de outubro a Universidade
Federal de Juiz de Fora irá sediar a II Conferência Global de Religiões
Africanas e Afrodiaspóricas.
O encontro histórico do continente africano com o
comércio de escravos, histórias e influências coloniais/imperiais árabes e
transatlânticos foi marcado principalmente por exploração e expropriação,
desumanização e violações de direitos humanos, mas também destruição das
religiões africanas autóctones, padrões culturais, bem como locais e objetos
sagrados. As marcas culturais europeias e árabes também são vistas no
crescimento e propagação do cristianismo e islamismo. Esse encontro de outras
formas religiosas e culturais, por um lado, acarretou a depreciação das
religiões africanas, resultando na proibição e rejeição de suas cosmovisões e
abandono de aspectos de suas cosmologias, simbolismos e práticas rituais. Por
outro lado, as religiões africanas responderam às mudanças sociais que
ocasionaram influência mútua e revitalização de aspectos das culturas religiosas
autóctones.
O encontro transformou o pensamento e a prática
religiosos autóctones, mas não os suplantou; as religiões africanas
autóctones preservaram algumas de suas crenças e práticas rituais, mas também
ajustadas ao novo ambiente sociocultural. O cristianismo e o islamismo também
foram transformados uma vez que se domesticaram. Essa interação revela um
quadro de compreensão das religiões africanas como parte integrante e
inerente aos processos de globalização.
O significado histórico e cultural das tradições e
espiritualidades religiosas africanas autóctones se manifesta parcialmente em
sua pluralidade tanto na África como na diáspora africana. As religiões
africanas autóctones influenciam os processos de globalização e respondem aos
desafios e oportunidades decorrentes. A dimensão global das religiões
autóctones na África transcende o continente para a diáspora africana. A
migração, o turismo e a apropriação de novas tecnologias de mídia facilitaram
a inserção das religiões autóctones em novos contextos.
A diáspora africana, resultante do comércio
transatlântico de escravos, influenciou profundamente as culturas do Brasil,
Cuba, Haiti e o resto do Novo Mundo, o que em parte produziu o
desenvolvimento de religiões derivadas da África, tais como o candomblé nagô
e a umbanda no Brasil, a santeria (lukumi, macumba) em Cuba, o vodun, as
tradições iorubá-orixá e outras tradições enraizadas na África Ocidental e
Central presentes nas Américas. Essas formas religiosas se proliferam no
contexto da diáspora, com o alcance de adeptos e clientela ampliado de
maneira multiétnica e multirracial. No Brasil, que possui a maior população
negra fora da África, e em outros contextos da diáspora africana, as
religiões afrodiaspóricas sobreviveram às várias décadas de criminalização de
suas crenças e práticas religiosas. Em geral, as religiões de origem africana
como o candomblé e a umbanda no Brasil ainda enfrentam o racismo
institucional e a demonização pública, do mesmo modo que a maioria dos
afro-brasileiros é afligida por injustiça racial e marginalização
sociopolítica.
Apesar dessas ameaças de sobrevivência e extinção,
os africanos e afrodescendentes lutam para preservar sua herança cultural e
identidade religiosa. As religiões africanas e afrodiaspóricas continuaram a
impactar outras religiões do mundo, assim como foram influenciadas por elas.
Por exemplo, o português brasileiro foi influenciado ricamente por pessoas de
ascendência africana e suas respectivas línguas, enquanto um novo vocabulário
afro-brasileiro eclodiu. Os rituais do candomblé foram incorporados ao tecido
da identidade nacional brasileira, desde as oferendas ao mar no Ano Novo
durante o Réveillon à capoeira, rodas de samba e preferências culinárias como
o acarajé. Na umbanda, há uma associação livre de santos católicos romanos
com divindades africanas e indígenas. As religiões africanas e
afrodiaspóricas também moldaram a arte mundial, a escultura, a pintura e
outros artefatos culturais que povoam os famosos museus, galerias,
bibliotecas e exposições de arte do mundo. A mercantilização da arte e dos
objetos religiosos africanos é crescente. Embora geralmente deslocada do seu
contexto “religioso”, o conhecimento hortícola, culinário e medicinal obtém
contribuições significativas dos povos africanos autóctones e de sua
epistemologia. O caráter das religiões africanas e afrodiaspóricas em
condições de globalidade continuará a ser determinado e moldado por como e em
que medida elas negociam continuidade, identidade e mudança.
A resiliência das tradições religiosas autóctones
na África e das religiões de origem africana na diáspora demanda atenção
acadêmica para explorar como e em que medida elas são fundamentais para a
vida cotidiana de africanos e afrodescendentes. A religião é crucial para a
compreensão dos povos africanos bem como das suas comunidades diaspóricas em
um contexto global. As religiões africanas abrangem fenômenos que são
definidos primordialmente no que diz respeito à sua oralidade, orientação
cosmológica e ritual em direção a paisagens geoculturais específicas. Uma
compreensão adequada de suas complexas cosmologias religiosas, tradições e
culturas aprofunda a compreensão dos povos africanos e afrodescendentes em
condições de globalidade. A religião é um motor para a formação da diáspora e
para a construção e manutenção de identidade cultural e sistemas de valores.
Em que medida as cosmovisões e religiões africanas
autóctones permanecem relevantes para os africanos no continente e seus
descendentes na diáspora, especialmente em uma era globalizante? Como
sintetizar os sistemas de crenças, cosmologias, rituais e práticas das
tradições religiosas africanas em uma referência coerente e um guia sagrado
para adeptos e não adeptos? O que faz as religiões africanas sinalizarem
contra o cenário de xenofobia e privação socioeconômica em contextos de
secularização acelerada? O que explica a resiliência das tradições religiosas
africanas apesar de uma percepção pública negativa? Como e em que medida as
religiões africanas e as religiões derivadas da África moldaram os contextos
locais, as culturas e as sociedades dentro dos quais elas são praticadas? Até
que ponto as religiões africanas autóctones e as religiões afrodiaspóricas
são influenciadas por outras tradições religiosas no âmbito global? Como e em
que medida as religiões africanas autóctones e as religiões derivadas da
África respondem a questões globais de pobreza, corrupção, conflitos, paz,
liberdade religiosa e mudanças climáticas? Essas pertinentes questões e
problemas motivaram a organização do primeiro Colóquio das Religiões
Africanas Autóctones Globais na Universidade Obafemi Awolowo, em Ile-Ife,
Nigéria, em agosto de 2016, um evento histórico com a participação de cerca
de 100 participantes (estudiosos, pesquisadores, religiosos e atores
políticos), oriundos de três continentes: África, Europa e Américas.
A 2ª Conferência Global de Religiões Africanas e
Afrodiaspóricas eclode no encalço desse bem-sucedido evento, programado para
ocorrer na Universidade Federal de Juiz de Fora, Brasil, em outubro de 2018.
A escolha do Brasil como próxima sede é estratégica. Em primeiro lugar, a
diáspora africana é basilar para a compreensão da globalização das religiões
africanas. Em segundo lugar, a diáspora africana foi declarada pela União
Africana (UA) como a 6ª região da África. Em terceiro lugar, o Brasil é o lar
da maior população negra (diáspora africana) no mundo, depois da Nigéria.
Dados demográficos recentes do Brasil mostram os afro-brasileiros como
maioria pela primeira vez, com os resultados do censo de 2010 revelando que
mais de 50,7% da população agora se identificam como pretos ou pardos, em
comparação com 47,7% que se definem como brancos (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística-IBGE). Por fim, o Brasil é a terra do candomblé, uma das
maiores religiões de origem africana do mundo. A 2ª Conferência Global de
Religiões Africanas e Afrodiaspóricas proporcionará outra plataforma
significativa para que estudiosos, praticantes de religiões africanas e
afrodiaspóricas, atores políticos, grupos comunitários da diáspora africana,
ONGs, organizações religiosas e públicos interessados possam avaliar
criticamente o status, a natureza e o papel das religiões africanas e
afodiaspóricas globais em paisagens religiosas locais e globais. Como temas e
subtemas do encontro inaugural, a conferência explorará abordagens variadas
para o estudo das religiões oriundas da África com ênfase no foco regional e
diaspórico. Discutirá também os desafios específicos enfrentados por
estudantes e acadêmicos no estudo de religiões africanas e afrodiaspóricas em
todo o mundo. A conferência também busca encorajar pesquisas acadêmicas e
explorar vias de documentação e preservação das religiões de origem africana.
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