Teatro : Misanthrofreak se apropria do fracasso como mote



Fonte: Márcia Marques



Estreado em Nova Iorque, apresentado em cinco países e premiado como melhor espetáculo de teatro de 2014 em Brasília (DF) pelo Prêmio Sesc de Teatro Candango, Misanthrofreaké um espetáculo teatral do Grupo Desvio que aborda o fracasso, o erro e a dificuldade de tomar decisões de forma poética e lúdica. O solo “performático-pop-clown-multimídia” de Rodrigo Fischer faz curtíssima temporada de 11 a 14 de outubro de 2016, no Viga Espaço Cênico, em Pinheiros, São Paulo.

O espetáculo transita entre o cênico e o cinematográfico a partir da interação com tecnologias que permitem a manipulação da cena em diversas instâncias pelo próprio ator que maneja luz, som, projeção, sensores e câmeras por meio de um controle de Wii nas mãos.

O ator, diretor e acadêmico Rodrigo Fischer é um artista múltiplo, assim como seu trabalho. Com 20 anos de carreira, é um dos principais e mais inventivos artistas de Brasília. Nas produções mais recentes, como Misanthrofreak, ele analisa relações de cinema, de teatro e de tecnologia. “A tecnologia é muito sedutora. Por isso, é importante pensar até que ponto ela pode contribuir para o seu discurso”, destaca. 

Misanthrofreak é o mais recente espetáculo teatral do Grupo Desvio que aborda o fracasso, o erro e a dificuldade de tomar decisões de forma poética e lúdica, no qual um personagem tenta, a partir da tensão entre suas memórias e suas ideias, contar uma história para seu público. O estado de risco e vulnerabilidade da atuação, gerado a partir da tensão entre realidade e ficção, compõe uma dramaturgia que prioriza o instante e a experiência compartilhada com o espectador.



A tentativa da personagem de controlar sua vida se confunde com a tentativa do ator de controlar a performance. Assim a linguagem audiovisual vem trazer reforço, complementaridade e oposição ao discurso teatral, permitindo que o espectador tenha uma experiência sensorial ampliada.  As novas tecnologias agem, desse modo, de maneira dialógica e ampliadora de sentidos, compondo uma obra de arte múltipla na qual as novas tecnologias interagem de maneira orgânica e complementar com a atuação teatral.

O espetáculo praticamente não possui diálogos ou falas. Tudo se concentra no que está sendo visto. Nesse sentido buscou-se potencializar a percepção que o espectador tem do espaço cênico, bem como do próprio ator em cena. Por meio da utilização de projeções dispostas em diferentes níveis de profundidade do palco, é possível integrar de maneira orgânicamise en scene e vídeos projetados, que por sua disposição tornam-se parte do cenário e em alguns casos até objetos de cena.

Apesar da complexidade existente na concepção do espetáculo, sua montagem é extremamente simples. Toda logística de instalação e execução é feita com projeções pré-programadas; iluminação, som e imagens controlados pelo próprio ator em cena por meio da utilização de dispositivos eletrônicos como controles de wii e sensores de movimento; com cenário resumido a pequenos objetos e pouco mobiliário.



O GRUPO DESVIO

O Grupo Desvio foi criado em Brasília no ano de 2001, pelo diretor Rodrigo Fischer, com o intuito de pesquisar e produzir teatro, priorizando em seu processo a experimentação cênica com foco no trabalho do ator.

Ao longo de sua trajetória, o Desvio conta com seis espetáculos: Pequena Existência, Uma Disputa na Merda (2002), Beckett às Avessas (2004), Eutro – Tequila à Luz de Velas (2007) e EUTRO (2009), Freak Rehearsal (2013) e Misanthrofreak (2014), além do filme No Lugar Errado (2011) em parceria com o coletivo de cinema Alumbramento dos diretores Guto Parente, Luiz Pretti, Pedro Diógenes e Ricardo Pretti. Os trabalhos tiveram repercussões que alcançaram grandes capitais brasileiras, tais como Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Goiânia e Curitiba, assim como participações internacionais em Lima, Buenos Aires, Nova Iorque, Espanha, Alemanha, Geórgia, Grécia, Bielorrússia e Estônia.

Uma das características do grupo é a de aprimorar técnicas e estéticas teatrais tanto por meio de sua realização prática quanto de sua investigação teórica e acadêmica. Atualmente a realização e investigação do grupo tem se concentrado nas apropriações da linguagem cinematográfica para o palco.

Atualmente o grupo está em processo de criação com dois novos espetáculos:  Os Fracassados, com César Lignelli, Fernando Gutiérrez, Gil Roberto e Márcio Minervinno,  dirigido por Rodrigo Fischer; e o novo solo do diretor/ator Rodrigo Fischer com o título provisório de Carnavalização de um homem só ou Memórias do subsolo.

FICHA TÉCNICA

Rodrigo Fischer - Direção, atuação, texto, som e desenho de luz
Brent Felker e Fernando Gutiérrez - Desenho de vídeo e animação
Diana Diniz - Produção e Figurino
Peter Azen e Juliano Chiquetto – Cineastas

SERVIÇO

De 11 a 14 de outubro de 2016, às 21h.
Viga Espaço Cênico
Rua Capote Valente, 1.323, Pinheiros, São Paulo, SP.
Tel: 11 3801.1843
Ingressos: R$ 20,00 (inteira)/ R$ 10,00 (meia)
Duração: 60 min
Capacidade: 73 lugares
Recomendação: 14 anos

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