“Ninhos e Revides – Mirando o Haiti”, intervenção de rua da Cia. Os Crespos, investiga relações do indivíduo com a liberdade
Fonte: Lau Francisco
Novo
trabalho integra a pesquisa cênica-audiovisual
"De Brasa e Pólvora - Zonas Incendiárias, panfletos
poéticos", que aborda esferas das relações entre insurreição racial,
repressão histórica e racismo contemporâneo
‘NINHOS E REVIDES – MIRANDO O
HAITI’, novo trabalho da Cia. Os Crespos estreia nas ruas de São Paulo nos dias
06 e 07 de Junho de 2016. A intervenção itinerante será
realizada no bairro da Luz (centro de SP) e no Campo Limpo (região sul). O espetáculo integra a
pesquisa cênica-audiovisual "De Brasa e Pólvora -
Zonas Incendiárias, panfletos poéticos", que aborda esferas das
relações entre insurreição racial, repressão histórica e racismo
contemporâneo. Trata-se de uma investigação das evoluções sociais e revoluções
políticas latino americanas a partir dos levantes negros no Haiti, Brasil e
Caribe, tendo em vista a construção imaginária de uma revolução poética a favor
da abolição do racismo. As intervenções partem de um processo
investigativo para uma nova montagem dos Crespos com estréia prevista para setembro
deste ano com Dramaturgia de Grace Passô (MG) e a direção de Ângelo Flávio (Ba),
tanto para o espetáculo quanto para as intervenções.
Depois de quatro anos
investigando a relação entre negritude e afetividade, debruçados sobre o
impacto da escravidão na maneira de amar dos brasileiros, entendendo o afeto
como instrumento político de sobrevivência e luta, Os Crespos, agora, abordam o
impacto da escravidão na forma de pensar e movimentar-se dentro da nossa
sociedade, compreendendo as lutas por liberdades diversas como tochas acesas
para o estopim das transformações sociais antirracistas.
A
partir de notícias de outros tempos do Brasil e do Haiti, revoltosos seguem
remando numa Calunga mítica que os transportam para uma missão, num tempo em
que se faz necessário garantir a liberdade e já é impossível conter a evolução.
Por intermédio desta alegoria, “Ninhos e
Revides” parte de uma pesquisa sobre a influência da revolução haitiana nas
revoluções e revoltas e levantes negros e não negros no continente americano. “Investigamos a importância da revolta do
Haiti e a resposta violenta dos senhores depois que eles tomam conhecimento de
que um país conseguiu se libertar do julgo da coroa francesa. A intervenção tem
isso como mote disparador e brinca com o tempo. São homens contemporâneos que
se confundem com homens do tempo da escravidão. Ambos procuram e tramam para se
libertar para garantir sua liberdade”, explica Lucélia Sergio, atriz e uma
das fundadoras dos Crespos. Já o diretor
Angelo Jorge diz que nesta primeira intervenção , a missão
é falar sobre o terror, as revoltas e levantes, de antes e da atualidade numa
perspectiva de amor a liberdade. “Fazer com que os espectadores e transeuntes
da cidade em algum momento reflitam sobre os muros e grades que nos
distanciam e que impedem o diálogo, o abraço", pontua
Angelo.
Segundo
a atriz Lucélia Sergio, há uma distorção em relação do negro com a escravidão e sua própria liberdade.
Primeiro como se ela fosse dada por uma princesa e não por intermédio de uma
conquista permanente de pressão social que os negros e africanos no Brasil
foram construindo ao longo de vários séculos. E depois a ideia de que o negro
era passivo à escravidão, até a tentativa de convencer homens e mulheres de que
isso já acontecia na África da mesma forma que aqui no Brasil e que os negros
já eram acostumados com o cativeiro e que existia o negro revoltado e que ele
era uma exceção e o negro bondoso que aceitava a escravidão. “Há vários estereótipos sobre a escravidão
que precisam ser quebrados e desmontados, principalmente a dicotomia do herói e
do conformado. Existiram várias revoltas, levantes e isso precisa ter um novo olhar sobre isso para valorização da nossa liberdade”,
conclui a atriz.
Após
“Ninhos e Revides” projeto continua
Depois
das apresentações de “Ninhos e Revides” Os Crespos dão sequência ao projeto "De Brasa e Pólvora -
Zonas Incendiárias, panfletos poéticos" com mais uma intervenção urbana: “Revolta das Vassouras – Garis, Domesticas,
Coveiros e Outros Fodidos” – obra que tentará dar conta dos levantes e
movimentos rebeldes dentro do período da república e dos movimentos de
contrarrevolução das elites. Buscando compreender as relações com a liberdade
nos movimentos de luta contemporâneos e as engrenagens político/sociais de
estagnação.
Quem
são os Crespos
Os Crespos é um coletivo teatral de pesquisa cênica e
audiovisual, debates e intervenções públicas, composto por atores negros.
Formo-se na Escola de Arte Dramática EAD/ECA/USP
e está em atividade desde 2005. A
Cia. trabalha, há nove anos, a construção de um discurso poético que debata a
sociabilidade do indivíduo negro na sociedade contemporânea
e seus desdobramentos históricos,
aliado a um projeto de formação de público. Seu percurso parte da experiência
disseminada do TEN – Teatro Experimental do Negro, idealizado e gerido por
Abdias do Nascimento, que de 1948 ao fim dos anos de 1960, construiu um projeto
teatral popular revolucionário, que teve como objetivo central o combate ao
racismo e às desigualdades raciais, aliado a uma formação intelectual, lírica e
dramática para seus artistas.
FICHA
TÉCNICA

Atores
– Dani Nega, Dani Rocha, Joyce Barbosa, Lucelia Sergio, Sidney Santiago Kuanza,
William Simplício Direção – Angelo
Flavio Músicos – Giovani Di Ganzá e
Kanêga Santos Assistente de Direção
– Lena Roque Direção de arte –
Mayara Mascarenhas Adereços –
Cleydson Catarina Roteiro da Intervenção
“Ninhos e Revides – Mirando o Haiti” – Os Crespos, Allan da Rosa e Angelo
Flávio Dramaturgia do espetáculo– Grace Passô Assistente de Dramaturgia do espetáculo
– Christian Moura Direção de vídeo –
Edu Luz e Cibele Appes Iluminador – Edu
Luz Orientação Teórica – Allan da
Rosa e Marc Pierre Técnico Luz, Som e
Vídeo – Edu Luz Cenotécnico –
Wanderley Wagner da Silva Designer
Gráfico – Rodrigo Kenan Produção –
Adriano José Produção Executiva – Ivy Souza Secretário
– Ramon Zago Assessoria de Imprensa:
7 Fronteiras Comunicação
Serviço
Intervenção “Ninhos e Revides – Mirando o Haiti”
Dia
06 de junho de 2016, segunda-feira às 17:30h – Concentração em frente a Estação
da Luz , na Av Cásper Líbero com a Rua Mauá (região central de SP)
07 de
junho de 2016, terça-feira, às 18:00h – Na Praça do Campo Limpo
R.
Dr. Joviano Pacheco de Aguirre, 30, Jd Bom Refúgio, Zona Sul de SP
Valor
do ingresso: gratuito
Comentários
Postar um comentário