Nova temporada de Águas Queimam na Encruzilhada abre programação
que vai reverenciar Fauzi Arap nos 28 anos do Teatro do Incêndio
Em comemoração aos 28 anos da companhia, extensa programação faz reverência a Fauzi Arap, cujo trabalho reverbera na estética do Teatro do Incêndio. Montagens inéditas e leituras dramáticas de textos do autor estão na programação, entre outras ações.
Entre os dias 02 e 25 de março, a Cia. Teatro do Incêndio realiza nova temporada do espetáculo Águas Queimam na Encruzilhada, cujo texto e direção são assinados por Marcelo Marcus Fonseca. As sessões ocorrem aos sábados, aos domingos e às segundas, às 19 horas.
A breve temporada da montagem integra a programação do projeto Mare Nostrum - Retratos do Invisível que comemora 28 anos do Teatro do Incêndio (12 de janeiro) e reverencia a dramaturgia de Fauzi Arap (1938-2013) e celebra sua influência na formação estética da companhia.
Contemplado pela 41ª Edição do Programa de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, o projeto traz, ainda em 2024, uma nova temporada de Pano de Boca (encenado em 2015 e 2023) e duas montagens inéditas de textos de Arap - Às Margens da Ipiranga e Risco e Paixão. Em 2025, ocorrem leituras dramáticas de quatro textos do autor, dirigidas por nomes importantes da cena paulistana, lançamento de dois documentários: o primeiro, sobre a vida e obra Fauzi, contendo depoimentos de Denise Fraga, Maria Alice Vergueiro, Elias Andreato e outros, ilustrados por imagens de peças suas montadas pelo grupo; o segundo é um registro sobre a trajetória do Teatro do Incêndio. Como contrapartida social, completam as ações o projeto permanente Sol.te (teatro para crianças e adolescentes) e uma Residência Artística para grupo de teatro a ser selecionado, ambos em andamento.
O enredo de Águas Queimam na Encruzilhada, traz histórias de vidas entrelaçadas por um bairro que se despedaça e resiste ao tempo, preservando sua paixão por uma escola de samba. Sob o olhar delirante e atento de Seu Luiz (Gabriela Morato), uma catadora de “lixo”, e a presença amistosa de Wanderley (Marcelo Marcus Fonseca), um compositor da velha guarda do samba, alcoólatra, as dores e pequenas alegrias de moradoras e moradores de um bairro são apresentadas em um desfile de sonhos e perdas.
A peça é uma ode à vida, tendo como pano de fundo a escola de samba que é o ponto de convergência das personagens que trabalham de forma “invisível” para o carnaval. “Esta criação do Teatro do Incêndio é um desafio de linguagem que busca, entre a dramaturgia realista e o surrealismo, um mergulho no lugar mais fundo do cotidiano, traduzindo vidas simples como poesias inconscientes”, argumenta o diretor Marcelo Marcus Fonseca.
No enredo, 10 personagens têm suas trajetórias contadas em uma espécie de novela dostoievskiana em dois atos de movimentos distintos: o interior de suas casas e a rua/quadra da escola. As histórias se cruzam no cotidiano, entre elas: a cartomante enfrenta a doença do filho recém-nascido; um jovem poeta do sul do País transita pelos bares, sem perspectivas; desempregados, o casal Zé e Nina carregam suas dores; a manicure esconde um grave problema de saúde e mantém-se presente na vida da comunidade; uma ex-passista vive as consequências do trauma que a afastou da escola de samba.
“O discurso de Águas Queimam na Encruzilhada é a vida diária. Não há espaço para palavras de ordem. Aqui as opiniões do autor e as denúncias foram eliminadas, cedendo lugar ao enfrentamento das dificuldades por quem está nesse lugar, sem olhar de piedade, indignação ou protesto, mas visando a grandeza do viver”, afirma o diretor e dramaturgo. Segundo ele, a companhia apresenta com uma nova estética, uma nova forma de abordar a vida. “Aqui deixamos a trajetória falar pelas personagens, a realidade da vida ser traduzida pela poesia”. Marcelo explica que a direção buscou “equalizar a voz conjunta do teatro para a excelência da interpretação, para o encantamento”. E diz: “Águas Queimam na Encruzilhada é uma peça sobre a passagem da vida e o nascimento de outras expectativas. Elucida a precariedade de nossa existência, mas também a beleza que habita cada respiração sagrada”.
A cenografia é composta por pequenos cenários em ‘carrinhos’ que se movem pelo espaço cênico, bem próximos do chão, numa referência aos rios que correm sob a cidade com seus cursos irregulares, como o destino das personagens que habitam esse espaço, que pode ser o Bixiga ou qualquer outro lugar. “É quase o chão que se movimenta, o que muda é ao ponto de vista. Os lugares são identificados pela interpretação: casa, rua, escola de samba ou carros alegóricos”, comenta o diretor. A direção musical assinada por Renato Pereira traz nuances de uma ópera popular. A trilha sonora é executada ao vivo, com músicas compostas por Marcelo Marcus Fonseca, algumas em parcerias com Paulinho Pontes, e sambas (da velha guarda) cantados em quadras de escola.
FICHA TÉCNICA - Texto e direção geral: Marcelo Marcus Fonseca. Elenco: Gabriela Morato, Elena Vago, Bia Sabiá, Francisco Silva, Rafael Américo, Marcelo Marcus Fonseca, André Souza, Cintia Chen, Vic Bense, Laura Nobrega, Jhenifer Delphino, Amanda Marcondes, Isabela Heloisa, Moiisés, Rafael Mariposa e Valcrez Siqueira. Direção de produção: Gabriela Morato. Direção musical e trilha original: Renato Pereira. Música ao vivo: Lucas Brogiollo, Giovani Di Ganzá, Marcos Vinícius Assunção, Rafael Mariposa e Ricardo Perito. Adaptação de trilha original: Lucas Brogiollo, Giovani Di Ganzá e Ricardo Perito. Músicas: “Minha Tese”, “Deus É Maior” e “Pra Quem Viu Subir Poeira” (Marcelo M. Fonseca e Paulinho Pontes); “Zé da Nina” e “A Máscara da Escola” (Marcelo M. Fonseca); “Carnaval da Agonia” (Cezinha Oliveira e Eliane Verbena). Orientação musical - bateria de escola de samba: Alysson Bruno. Iluminação: Rodrigo Alves “Salsicha”. Orientação de movimento: Vera Passos. Orientação vocal: Edi Montecchi. Assistência de iluminação e operação de luz: Valcrez Siqueira. Figurinos: Gabriela Morato. Espaço cênico e cenografia: Gabriela Morato e Isabela Heloisa. Adereços: André Souza, Rafael Mariposa e Gabriela Morato. Confecção de figurinos, adereços e cenografia: Cia. Teatro do Incêndio. Técnico de som: Thiago Juremeira. Fotos/divulgação: Alécio Cezar e Leonardo Tumonis. Assessoria de imprensa: Eliane Verbena. Design gráfico: Gus Oliveira. Idealização e produção: Cia. Teatro do Incêndio. Projeto: Mare Nostrum - Retratos do Invisível. Realização: Secretaria Municipal de Cultura - 41ª Edição da Lei de Fomento ao Teatro Para a Cidade de São Paulo.
Serviço
Espetáculo: Águas Queimam na Encruzilhada
Temporada: 02 a 25 de março de 2024
Dias/horário: sábado, domingo e segunda, às 19h
Ingressos: R$ 10,00 (inteira), R$ 5,00 (meia) e Grátis (moradores da Bela Vista com comprovante de residência) - Vendas online www.sympla.com.br.
Duração: 180 min (dois atos com intervalo).
Classificação: 14 anos. Gênero: Drama. Capacidade: 60 lugares.
Teatro do Incêndio
Rua Treze de Maio, 48 - Bela Vista / Bixiga. SP/SP.
Espaço com acessibilidade para PCD. Banheiro adaptado para cadeirante.
www.teatrodoincendio.com | @teatrodoincendio. Tel.: (11) 2609-3730
Estacionamento pago em frente: Rua Treze de Maio, 47.
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