Selo Anjo Negro da UFRB lança 05 livros ligados à cultura baiana

 Selo Anjo Negro da UFRB lança 05 livros ligados à cultura baiana

Plataforma propõe difusão intelectual, estética e política de temas ligados às matrizes afro-brasileiras

Fabiano Piuba, Secretário de Formação Cultural, Livro e Leitura do MinC; Zara Figueiredo, Secretária de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão do MEC; e Danillo Barata, curador do Festival e Pró-reitor de Extensão e Cultura da UFRB | Foto: Evandro Pitta

 

O Selo Anjo Negro, vinculado à Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e ao projeto de ações formativas “Organizações da Resistência – Música e Educação”, lançou 05 livros ligados à cultura baiana. O selo é uma plataforma de difusão intelectual, estética e política de temas ligados às matrizes afro-brasileiras.

Dentre as obras lançadas estão: “Alberto Pitta: FúnFún DúDú”, de Danillo Barata; “Nações do Candomblé: Jejé”, de Mateus Aleluia; “Bembé do Mercado: Dossiê de Registro como Patrimônio Cultural do Brasil”, de Thais Salves de Brito; Danillo Silva Barata; Francesca Maria Nicoletta Bassi, Arcand; Jorge Luiz Ribeiro de Vasconcelos assistentes de pesquisa: Fiama, Tarrão; Lorena Lima; Lorena Penna; Manuela Pereira; Marcus Vinicius Dias. ; “Ilê Axé Opô Afonjá”, de Danillo Barata, e um box com os 21 “Cadernos de Educação do Ilê Aiyê”. Esta última obra já pode ser baixada diretamente no site do Festival: Link. Os demais livros estarão disponíveis em breve para download.
 

“Essa é uma execução que está presente toda edição do Festival com uma entrega para a sociedade. Nós criamos o Selo Anjo Negro porque era uma forma de dar uma resposta de forma curatorial para as Organizações da Resistência Negra. Uma entrega aos artistas, aos movimentos, aos mestres e mestras. Então, o Selo abraça isso, é o braço editorial do Festival e da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da UFRB. Tem uma caracterização muito grande, porque está focado nesses artistas, nessas pessoas e nesses fazeres. Acho que esse ano botamos quase que um bloco na rua do que a gente está pensando como selo editorial, como editora para apresentar à sociedade”, explica Danillo Barata, curador do Festival e Pró-Reitor de Extensão e Cultura da UFRB.
 

Os livros tem diagramação e designer gráfico da Casa Grida. Durante o processo criativo para criação do design gráfico do livro sobre a vida e obra do homenageado desta edição, “Alberto Pitta: FúnFún DúDú”, a designer Iansã Negrão encarou alguns desafios. “Além da importância e honra de criar um projeto para abraçar a obra e trajetória de Alberto Pitta, estavam dois desafios lançados a nós pelo próprio artista: um tratar a imagem e fotografia dos panos com a preocupação de que o papel não os torna-se desenhos e não-têxteis o suficiente e, segundo, a ideia de que a história dos blocos de índio deveria vir numa embalagem de caixa de fósforo. Para a primeira parte, usamos o espaço de mata do Instituto Oyá como coadjuvante para as fotografias de Roberto Abreu dos tecidos, aproveitando as luzes e sombras das árvores e também a presença ativa do vento para captar a beleza de um pano estendido ao sol. Já para a segunda parte, adquirimos um lote de caixinhas de suvenir de fósforos de hóteis e restaurantes antigos, que serviram de base para a criação da pasta-caixa onde está a brochura. A ilustração de Morgana Miranda completa a fantasia, baseada na estampa de Pitta para o bloco Commanche do Pelô — 40 anos, de 2014.”


Foto: Evandro Pitta


A produção e difusão dos livros são uma iniciativa da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da UFRB, com apoio da SECADI/MEC, Fundação Cultural Palmares e Ministério da Cultura. “Você ver esses cadernos na rua, esses cadernos impressos, a contribuição que isso vai dar para o debate, que é o debate da educação para as relações étnico-raciais no Brasil, na educação básica, não tem precedente. Estou muito feliz de ver que o recurso público do Ministério da Educação está investindo em ações concretas e que conversam com a ponta, conversam com as origens”, destaca Zara Figueiredo, Secretária de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (SECADI / MEC).


 

Saiba mais sobre cada livro:

Alberto Pitta – FúnFún DúDú

A publicação costura imagens, tecidos e décadas para contar e refletir sobre trajetória de Alberto Pitta, Artista visual, designer de estamparia e carnavalesco, que é homenageado por esta edição do Festival. Seu percurso criativo transformou pano em escrita ancestral, desfile em rito político e ruas em palcos pedagógicos. Ao reunir os 45 anos de trabalho, a obra desvela os sentidos de símbolos, padrões e narrativas, resgatando histórias e afetos. O título FúnFún DúDú (branco e preto em Yorubá ) reflete técnica e sentimento que atravessam a pesquisa visual e espiritual de Pitta.


Nações do Candomblé: Jeje

Obra de natureza ensaística e poética, apresenta o Candomblé como espaço simbólico e sagrado onde ancestralidade e espiritualidade se entrelaçam, numa jornada que aproximou artistas e pesquisadores em torno do cantor, compositor e pesquisador Mateus Aleluia. Numa viagem de muitos encontros, da Bahia ao Benim, Mateus esteve acompanhado pela cineasta Tenille Bezerra, pelo fotógrafo Tadeu Mascarenhas e pelo e pelo antropólogo Hippolyte Brice Sogbossi. Dividido em quatro atos, o livro é marcado fortemente pelas entrevistas realizadas com sacerdotes dos cultos africanos e afro-brasileiros. São textos repletos de memória, fé e reflexão.

 

Bembé do Mercado

A publicação apresenta dossiê elaborado para subsidiar o pedido de registro da Bembé do Mercado celebração afro-religiosa centenária de Santo Amaro, no Recôncavo baiano, como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. O documento resultou na aprovação unânime pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do IPHAN, em 13 de junho de 2019 e este reconhecimento se tornou marco histórico para a salvaguarda das expressões culturais afro-brasileiras. Sob relatoria da arquiteta e professora Márcia Sant’Anna, o processo de patrimonialização fortalece políticas de valorização dos saberes, ritos e práticas das comunidades de terreiro daquela região.

 

Ilê Axé Opo Afonjá

O livro sobre o Ilê Axé Opô Afonjá foi construído não como registro distante, mas como convivência. Por isso o texto nasce da partilha com o povo do terreiro e ganha forma na experiência com Mãe Ana de Xangô, atual Yalorixá desta casa, que atualiza no presente um legado de fé, memória e educação ancestral. Sua presença atravessa as páginas como guia e testemunha de um saber que não se limita ao discurso: ele se move, canta, cozinha, dança, cura e ensina. A força de Mãe Ana se inscreve num fio longo, tecido por aquelas que lhe antecederam — Mãe Aninha, Mãe Bada, Mãe Senhora, Mãe Ondina, Mãe Stella. Esse é um livro que as convoca reativar para reativar sua continuidade. Cada geração atualiza caminhos e Mãe Ana é o ponto vivo dessa atualização.

 

Box com os 21 Cadernos Pedagógicos do Ilê Aiyê

Esta reedição comemorativa reúne todos os Cadernos Pedagógicos do Ilê Aiyê, destaca o papel do Ilê Aiyê como agente formador, articulando práticas educativas desenvolvidas desde a criação da Escola Mãe Hilda e do Projeto de Extensão Pedagógica, iniciado em 1995. O projeto pioneiro de pedagogia antirracista produziu até 2005 conteúdos sobre ancestralidade e identidade negra para escolas da comunidade e para a formação de educadores.



Mãe Ana de Xangô | Foto: Evandro Pitta

 

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