Última semana da exposição de Zanele Muholi, em cartaz no IMS Paulista, com obras que celebram a comunidade negra LGBTQIAPN+
A mostra segue em cartaz até sábado, 21/6, e exibe mais de 100 obras que traçam um panorama da produção de Muholi. Na quarta-feira, 18/6, às 19h, Malu Avelar, Patty Michelletti e Amara Moira participam de debate relacionado à exposição, que abordará a importância da criação de espaços seguros e acolhedores para a população LGBTQIAPN+.
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Em cartaz no IMS Paulista desde fevereiro, a exposição Zanele Muholi: Beleza valente, primeira mostra individual de Muholi no Brasil, encerra neste sábado, dia 21 de junho. Com curadoria de Daniele Queiroz, Thyago Nogueira e Ana Paula Vitorio, a retrospectiva traça um panorama da carreira de Zanele Muholi, um dos principais nomes da arte contemporânea, com obras que documentam e celebram a comunidade negra LGBTQIAPN+ na África do Sul, da qual faz parte, e no mundo.
A exposição contou com uma ampla programação de eventos. O último deles será uma conversa que acontece nesta quarta-feira (18/6), das 19h às 20h30. Intitulada Comunidade queer e espaços seguros, a ação contará com a participação da artista e pesquisadora Malu Avelar, do espaço colaborativo Sauna Lésbica, e da modelo e atriz Patty Micheletti, do coletivo Trans no Corre. A mediação será de Amara Moira, doutora em teoria e crítica literária. A conversa abordará a importância da criação de espaços seguros e acolhedores para a população LGBTQIAPN+, entendendo que inclusão deve ser uma prática ativa e contínua. Idealizada pela equipe de educação do IMS, a atividade integra um ciclo de encontros, com debates relacionados às identidades e à expressão de pessoas LGBTQIAPN+.
Mais sobre a exposição:
A exposição Zanele Muholi: Beleza valente reúne mais de 100 obras, produzidas entre 2002 e 2025. O conjunto inclui fotografias, vídeos e pinturas, além da escultura de bronze A portadora das águas (Mmotshola Metsi), de 2023. São apresentadas as principais séries de Muholi, como Faces e fases (Faces and Phases), Somnyama Ngonyama e Bravas belezas (Brave Beauties). A mostra traz também obras inéditas feitas no Brasil em 2024, quando Muholi esteve em São Paulo para participar do Festival ZUM e conheceu organizações e instituições LGBTQIAPN+, num diálogo entre a história da luta por direitos no seu país e no contexto brasileiro.
Exibida no 6º andar do IMS Paulista, a retrospectiva pode ser percorrida por diferentes caminhos. Na entrada, o público se depara com uma imagem ampliada de Somnyama Ngonyama, uma das principais séries de Muholi, iniciada em 2012 e ainda em construção. Em autorretratos criados em diversas cidades do mundo, Muholi aparece usando objetos rotineiros, como cobertores, almofadas e cinzeiros, que remetem a contextos sociais e políticos da história sul-africana e dos países por onde passa. A série traz ainda fotos feitas por Muholi durante sua residência artística em São Paulo e sua estadia em Salvador, exibidas pela primeira vez nesta exposição.
Outros trabalhos consagrados, as séries Bravas belezas (Brave Beauties) e Faces e fases (Faces and Fases) também incluem fotografias feitas no Brasil. Em Bravas belezas, iniciada em 2013, Muholi criou um contraponto aos concursos tradicionais de beleza feminina, fotografando participantes do concurso Miss Gay RSA. A série se expandiu e inclui dezenas de retratos posados, muitos deles em preto e branco. Exibindo o corpo inteiro, ou meio corpo, as pessoas participantes são convidadas a posar da maneira como se veem mais bonitas. O mesmo processo de convidar cada participante a escolher a forma como deseja aparecer nas fotografias orienta a série Faces e fases (Faces and Fases), a mais conhecida de Muholi, iniciada em 2006 e também em construção. O projeto reúne centenas de retratos de pessoas negras lésbicas, não binárias e transgêneros masculinos, construindo um recorte específico dentro da própria comunidade. Muholi iniciou Faces e fases para construir um arquivo da comunidade LGBTQIAPN+ sul-africana, registrando também suas próprias fases.
Na retrospectiva, o público encontra também trabalhos do início da carreira de Muholi, como Apenas meio quadro (Only Half the Picture), série realizada de 2002 a 2006, que documenta pessoas que sofreram violência de gênero ou racial, como agressões e estupros “corretivos”. Nos registros, Muholi fotografa as vítimas com afeto e delicadeza; o enquadramento expõe as cicatrizes, mas protege as identidades. Também produzida no começo da carreira, a série Ser (Being), registra casais de mulheres lésbicas negras sul-africanas em espaços privados, compartilhando momentos de intimidade.
A exposição traz ainda trabalhos como Miss Lésbica (Miss Lesbian), em que Muholi encena sua participação em um concurso de beleza, e Beulahs (Bonitas), com retratos coloridos, que contrastam com o rigor compositivo e o preto e branco de parte de suas séries. Também é exibida uma entrevista inédita com Muholi, uma cronologia biográfica e da luta por direitos na África do Sul, da história do movimento LGBTQIAPN+ no Brasil, produzida pelo Museu da Diversidade Sexual, além de um documentário dirigido por Muholi, entrevistas e livros.
Serviço:
Exposição Zanele Muholi: Beleza valente
Visitação: até 21 de junho
Entrada gratuita
6º andar do IMS Paulista
A exposição conta com recursos de acessibilidade, como pranchas táteis, audiodescrição e legendas
Encontro Comunidade queer e espaços seguros, com Malu Avelar (espaço colaborativo Sauna Lésbica) e Patty Michelletti (coleitvo de corrida Trans no Corre). Mediação de Amara Moira.
18 de junho (quarta-feira), das 19h às 20h30.
Entrada gratuita, com lugares limitados e distribuição de senhas 1 hora antes.
Eventos com interpretação em Libras (Língua Brasileira de Sinais).
9ª andar | IMS Paulista
Classificação indicativa: 18 anos.
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