LAURA, SOLO AUTOBIOGRÁFICO DE FABRÍCIO MOSER QUESTIONA: O QUE DAS AVÓS HÁ EM NÓS?

 
Figura 1 No vídeo, a vizinha de Laura, que viu, de sua casa, o assassinato da amiga  - Foto Sergio Riopravocê

“O enredo de sua morte lembra o poema ‘Tragédia Brasileira’, de Manuel Bandeira. (...) O silenciamento do legado de Laura suscitou no artista o desejo de ‘um mergulho no meu passado, uma busca por ela e um encontro comigo’. É um movimento físico diante da morte, em busca daquilo que permanece vivo”. Cassiana Lima Cardoso para Revista Questão de Crítica.
Depoimentos, fotos, vídeos, documentos e objetos sustentam a dramaturgia de “Laura”, personagem título da peça e avó do ator Fabricio Moser; ela foi assassinada quando o neto tinha nove meses


Partindo de um inventário de objetos, lembranças e fotografias familiares, entrevistas e registros em vídeo, arquivos e objetos reais, o solo Laura, que entra em cartaz dia 08 de abril de 2017, na SP Escola de Teatro (Praça Roosevelt, 210, São Paulo, SP), às 21h, propõe uma experiência coletiva para a reelaboração de vivências pessoais, através de uma dramaturgia que é partilhada com o público por dispositivos dramáticos, performáticos, coreográficos, narrativos e visuais.

Laura, personagem título da peça, foi morta em 1982, na rua, em Cruz Alta, interior do Rio Grande do Sul, por um desafeto amoroso de apelido ‘Candoca’, que em seguida, se suicidou. Fabricio, seu neto, nasceu em 1981, em Dourados, interior de Mato Grosso do Sul, tinha nove meses na época da tragédia e não pode conviver com a avó. O trauma ocasionado pela forma como Laura morreu provocou o afastamento da sua figura do convívio familiar e sobre a sua história de vida se estabeleceu um vazio e raras lembranças.

Partindo dessa experiência e de uma pergunta ancestral: o que das avós há em nós?, a peça propõe um viés coletivo para reelaboração dessas vivências pessoais.  A dramaturgia da encenação nasce do jogo afetivo do solista, de seus familiares e de outros seis artistas, em meio aos diversos rastros levantados desse passado comum. Por meio de jogos criativos e combinações poéticas, os elementos que sustentam a dramaturgia híbrida de Laura são partilhados com o público com dispositivos dramáticos, performáticos, coreográficos, narrativos e visuais.

Com a encenação de condutas e situações relacionadas a Laura, como o ofício de cartomante e benzedeira, a montagem ilumina uma história silenciada, para descobrir quem foi essa mulher, filha, mãe e avó, quais circunstâncias marcaram sua vida e morte e como elas se relacionam com a família e o neto que não a conheceu, Fabricio. Se a forma como Laura morreu silenciou a sua trajetória de vida, na montagem esse evento trágico se inverte, gerando o encontro teatral e evocando a presença e a fala da personagem.

Fabricio Moser
O sul-mato-grossense Fabricio Moser é bacharel (UFSM/2006) e mestre em Artes Cênicas (UNIRIO/2011), e está radicado no Rio de Janeiro desde 2009. Trabalhou no Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, lecionando e produzindo projetos e eventos artísticos, atuando ou dirigindo peças e grupos, como o Hendy e o Teatro de Maquinaria. Os trabalhos realizados por Fabricio nessa vertente biográfica, que inclui duo SOBRE DESVIOS, criado com Cadu Cinelli e que circulou por cidades do Brasil, Portugal e Espanha, são tema de críticas especializadas e artigos de revistas como Questão de Crítica (RJ), Sala Preta (USP) e Pós (UFMG). 

FICHA TECNICA
Criação e Atuação: Fabricio Moser
Colaboração Artística: Ana Paula Brasil, Cadu Cinelli, Francisco Taunay, Gabriela Lírio, Nathália Mello e Rafael Cal
Assistência de Produção e de Palco: Felipe Leo Pardo
Programação Visual: Bruno Morais

SERVIÇO
LAURA
De 08 de abril a 01 de maio de 2017
Sábados, às 21h, domingos e segundas, às 20h
SP Escola de Teatro - Sala R8
Praça Roosevelt, 210, Consolação, São Paulo, SP
Duração: 80 min | 16 anos | Ingressos: $20 (inteira) $10 (meia/lista amiga)
Lotação: 80 lugares

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