“Barreiras
sigilosas, obstáculos invisíveis, além do gênero” é o tema
da palestra que a consulesa da França vai proferir na
Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina
Fonte: Carlos Romero
Alexandra Baldeh Loras – consulesa da França no Brasil,
estará no dia 18/07/2016, a partir
das 10:30hs, visitando 26 familias
residentes no Quilombo Vidal Martins, localizado
no Rio Vermelho, Ilha de Santa Catarina.
A ativista pela Igualdade Racial passará o dia no quilombo conversando
com os moradores, conhecendo um pouco da cultura quilombola, alimentação e
levantamentos sobre a dificuldade dos moradores principalmente da mulher
quilombola em enfrentar a invisibilidade que ainda existe para com elas.
Na mesma noite Alexandra
Baldeh Loras, vai proferir uma palestra na
Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, com o tema “Barreiras argilosas, obstáculos
invisíveis, além do gênero” a
partir das 20hs, para público, autoridades,
movimentos negros e imprensa. Quando
deixar o Brasil em setembro, Loras assumirá a missão francesa na ONU em Nova
York.
Sobre a
consulesa:
Alexandra Loras é uma das
principais vozes internacionais de combate ao racismo
A francesa
Alexandra Loras é uma dessas pessoas que tem um propósito de vida bastante claro:
acabar com o preconceito racial no mundo por meio da conscientização da
sociedade sobre o eurocentrismo da cultura ocidental. Esse é o grande desafio
pelo qual Alexandra acredita que vale a pena lutar. Alexandra já é reconhecida
como uma referência contra o racismo em todo mundo.
Mestrada em
Gestão da Mídia pela Science Po, fala cinco idiomas e já visitou mais de 50 países.
Só neste ano participou de 52 eventos sobre diversidade, foi uma das
palestrantes convidadas para o TEDx em Cannes, durante os eventos do mês da
consciência negra em Harvard e é a idealizadora do primeiro TEDx São Paulo,
focado em mulheres negras, que acontecerá dia 23 de julho no Hotel Unique.
Em 2015
falou no TEDx São Paulo, foi uma das painelistas
do Fórum de Davos e foi entrevistas por diversos veículos da mídia nacional e internacional.
O que mais
chama atenção no discurso de Alexandra é sua fala conciliadora. Como filha de mãe
branca de uma família francesa e um pai imigrante da Gâmbia, ela acredita que o
racismo será vencido pelos esforços conjuntos entre negros e brancos. “Costumo
dizer que não é à toa que me casei com Damien (cônsul geral da França em São
Paulo), que é branco e tive um filho branco. Acredito na conciliação entre
brancos e negros por meio da conscientização. O branco de hoje não tem culpa
pelas atrocidades que foram feitas no passado, mas somos todos responsáveis por
solucionar as consequências traumáticas do passado”.
Como consulesa da França em São Paulo, ela
teve a oportunidade de levar esse debate à elite paulistana e para a imprensa
brasileira como um todo. Apesar de falar em todo o mundo sobre a importância do
fim do preconceito contra afrodescendentes, Alexandra acredita que o Brasil é
um dos países mais importantes a serem alcançados por essa mensagem: “O Brasil
é o país com o maior número de afrodescendentes do mundo depois da Nigéria. 57%
da população brasileira é negra, por isso, a transformação da sociedade brasileira
no combate ao racismo pode mudar o mundo”.
Com esse objetivo
em mente, além de seu trabalho contínuo de palestras sobre diversidade,
Alexandra é coautora de um livro que será lançado em julho 2016 com a
bibliografia
de grandes inventores negros, em parceria do historiador Carlos Machado da Universidade
de São Paulo. A ideia surgiu da própria tese de mestrado de Alexandra, que foi
sobre a invisibilidade do negro na televisão francesa, da qual era
presentadora.
E foi aí que
ela começou a pesquisar e descobriu que Paris teve um prefeito negro em 1879
além de outras 30 pessoas negras na história da França entre Ministros,
Senadores e Deputados. Descobriu também que os inventores do marcapasso, da
geladeira, da antena parabólica, entre outras grandes invenções, eram todos
negros.
Outra grande
preocupação de Alexandra é empoderar as mulheres negras. Boa parte de seu
trabalho voluntário é focado em fazer coaching para mulheres negras de baixa
renda. “Essas guerreiras são as chefes de milhares de famílias pobres do
Brasil.”. “Elas precisam saber que, apesar da pouca representatividade de
mulheres negras na mídia e todas asdificuldades que elas encontram em seu
dia-adia elas são cidadãs que podem e devem sonhar em ser o que quiserem”.
Quilombo
Vidal Martins:
A
extensa pesquisa feita a partir de documentos de cartórios, igrejas e arquivos
públicos revelou diversos dados históricos importantes sobre a história da
escravidão em Florianópolis.
Hoje, as famílias remanescentes do Quilombo Vidal Martins estão
lutando por seus direitos, que foram reconhecidos pelo Decreto Nº 4.887/2003,
assinado pelo então Presidente Lula.
O Quilombo Vidal Martins, reconhecido pela Fundação Cultural
Palmares em outubro de 2013, é a primeira comunidade quilombola regularizada de
Florianópolis, capital do estado de Santa Catarina.
O
quilombo é composto por 26 famílias descendentes de escravos trazidos para o
distrito do Rio Vermelho, Ilha de Santa Catarina, em meados do século XVIII.
Em
2012, Helena e Shirlen Vidal, integrantes da família Vidal Martins começaram a
busca pelo resgate histórico cultural e familiar.
A extensa pesquisa feita a
partir de documentos de cartórios, igrejas e arquivos públicos revelou diversos
dados históricos importantes sobre a história da escravidão em Florianópolis.
Hoje, as famílias remanescentes do Quilombo Vidal Martins estão
lutando por seus direitos, que foram reconhecidos pelo Decreto Nº 4.887/2003,
assinado pelo então Presidente Lula. Em breve será lançado o livro que
conta a história da luta e resistencia com o titulo: “Luta de Vidal Martins Escravo”.
Programação:
O dia de quilombola de uma consulesa da
França
Onde: Visita ao Quilombo Vidal Martins.
Dia 18/07/2016
Local: Rod. João Gualberto Soares, 9543 Rio Vermelho Florianópolis Santa
Catarina- Brasil
Horário: A partir das 10:30hs
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