Por: Preta Jóia
Gostaria de saber, que critério o Ouvidoria
Nacional da Igualdade Racial, órgão da Presidência da República usou, para
julgar o clip Kong , do cantor Alexandre Pires como racista.
Nós negros não podemos ser hipócritas para
concordar com esse julgamento, se sabemos que em
sua maioria os homens negros citam que têm “pegada
de gorila” para descrever seu desempenho
sexual. Nunca foram processados ou
criticados por isso. E agora ?
Eu quase não assisto programas da Rede
Globo, mas devido à comentários, assisti ao quadro de
Rodrigo Sant`Anna, onde ele mendiga no
Metrô, caracterizado como uma negra, e
seria engraçado se não fosse trágico, humilhar-nos dessa forma. Afinal será que
nós negros concordamos que somos feios, desdentados e burros e que nos
contentamos em viver de esmolas?
Será que nas favelas não existem pessoas de
todas as raças, e essas pessoas, apesar de sua
situação financeira e falta de condições
para morar e estudar, não possuem
inteligência e dignidade?
Será que somos realmente "a cara da pobreza"? Será que por acaso nunca ouviram falar de Carolina
Maria de Jesus, Mãe Filhinha?
E por que será que a Ouvidoria Nacional da
Igualdade Racial não se manisfestou? Será por que Rodrigo Sant`Anna é artista
de um programa da Vênus platinada? Só queria entender.
Uma mulher negra, mãe solteira de três filhos, migrante, catadora de
papel que, há quarenta e cinco anos, quando ainda vivia numa das primeiras
favelas da cidade de São Paulo, viu a edição de trinta mil exemplares de seu
primeiro livro esgotar em três dias. Essa é a história da escritora Carolina
Maria de Jesus
Mãe Filhinha, irmã mais velha da
Irmandade
De Nossa Senhora da Boa Morte de
Cachoeira, Dona Filhinha mal sabe assinar o próprio nome.
Mas sua sabedoria é demais, com
108 anos reune conhecimento sobre todas as nações do
Candomblé, catolicismo, tradições
de origem européia, africana e nativa.
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